Está
aí a ditadura da era moderna. Aquela que é comandada pelas forças invisíveis
dos novos valores sociais, organizacionais, da nova maneira de se dispor no
mundo. E para aquele que tem um blog, um site, ou qualquer outra forma de
exposição ao mundo virtual, lá está ele como um link demoníaco que faz sofrer,
oprimir, questionar, medir, avaliar, enfim, deixar exposto, ou como um troféu
social, ou como um maldito declarante de inutilidade.
Esse
é o papel dos comentários. Quem se expõe à rede sabe do que estou falando. Uma
das formas mais fáceis de medir a qualidade do que demonstra é através deles.
Os comentários estão aí como uma forma de medição, de percepção, como um ibope
velado e maldito do que você coloca por aí. E é horrível ficar à expectativa de
que algum apareça, de que lá embaixo o que está em Zero, chegue a pelo menos
Um, Dois, ou quem sabe, Doze. Para blogs comuns, sem grandes apelos e com
público restrito como este em que escrevo, chegar a sete comentários já é a
glória, passar de uma dezena é o sucesso inimaginável. Impensável é um dia
chegar a trinta, quarenta, ou até uma centena como acontece com os sites de
grande popularidade. Mas se medir pela quantidade de acesso e dividir pela
quantidade de comentários, verá que quanto maior o sucesso, menor é o retorno,
em porcentuais.
Durante
muito tempo eu me mentia. Dizia que o que publicava apenas não era digno de
comentário, que poucos ou até mesmo nenhum iria se dispor às vezes a comentar,
ficaria no anonimato da opinião, não esganiçaria uma possibilidade de
conversação, de conselho, não só de retorno, mas de um bom bate papo. Esse é o
papel dos comentários que vejo acontecer nesse blog. Além de virem de pessoas
próximas, não vêm só pra elogiar ou criticar, mas sim para ampliar, aumentar o
que está exposto. Em sites de grande retorno, os comentários – ou melhor, o seu
espaço – são destinados a elogios ou autopromoções, gente que faz propaganda de
si mesma ou de seus preconceitos. Graças a Deus, essas pessoas aqui não vêm. Mas
não vou mais mentir, é tão bom quando se vê apenas um só, um que seja, ali
embaixo, como um troféu de consolo ou como o troféu, campeonato entre Eu, Eu
Mesmo e Irene, e mais ninguém, aquela rusga de si contra si, esperando
resultado positivo.
No intuito de medir, uma vez, usei do discurso do professor desmotivado e criei um
poema extremamente violento em homenagem ao dia dos professores. Joguei-o aqui
no site, na minha coluna do Trema e no Recanto das Letras. Aliás, como é fácil
encontrar egocentrismos em pedestal de gesso neste site. Não nego que o poema não traduz a minha
constância com o universo da sala de aula, não me ponho como um frustrado que
se vê incapacitado de dar aula, por causa do marasmo e da inanição intelectual
dos meus alunos. Não nego, também, que dar aula no município me requer um
esforço dobrado, primeiro para contê-los – algo que nunca imaginei passar em
sala de aula – e segundo para conseguir dar a aula, mostrar que o conhecimento
é válido, tal tal tal. Aqui, por ter um público de origem religiosa, sei que
choquei. No Trema, os comentários foram para lá de efusivos; no Recanto, alguns
até se dispuseram a ler, outros a rezar por mim, ou seja, a fonte do público
leu da maneira que bem entendesse, Mas em nenhum em cheguei ao resultado que
esperava.
Porém,
dizer-me que não me ponho atrás de que um comentário venha, é pura mentira
minha. Seria até leviano, mesquinho, me colocar num pedestal qualquer dizendo
que não me contorço quando não vem e fico à espreita da espera. Acho que todos
são assim. Estou, por fim, à espera do que vocês pensam. Está aberta a
temporada de observação da quantidade de comentários que esse texto vai surtir.
Vamos ver! Beijos a todos.