quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Epopéia Insignificante - letra de música

(Para alguns amigos, antes de ser conto, Epopéia era uma letra de música, que eu tocava com Os Congruentes. Estou colocando aqui como forma de catálogo da letra e mostrar ao grupo a soma de algumas idéias que estão chegando ao conto. Espero que gostem. Um abraço)


Epopéia insignificante

Enquanto Portas e janelas se fecham
O som das palavras incomodam mais quando ignoramos
Homens e mulheres se prendem a conceitos, feitos preceitos, preconceitos de uma nova forma de se unir

se não fizermos, quem fará por nós
Paredes se pintam com cores que agradam e nos dizem o que deve ser feito
Pois somos aquilo que podemos absorver
Fatos e formas nos confundem
surgem em nossas mentes cores feitas no escuro
Puro é o ser que deve conceber e se não for o que podemos fazer
Rejeitar é uma forma de destruir unir o nada ao acabado e incompleto
Rejeitar é uma forma de destruir unir o nada ao acabado e incompleto
Crianças correm por um campo virtual,mas que legal
Nem preciso me preocupar se ele vai se machucar
mas será que no final ele vai saber se levantar?
A imagem que te passo não é uma imagem real
mas quem liga? Nada mais é natural!

À base de remédios eu fico feliz
enquanto homens e mulheres peguntam se há um jeito
Outro jeito de ser mais perfeito
Mas mesmo assim portas e janelas não se abrem
se conformam, e não há nada mais pra se aceitar
Aceitem, aceitem, aceitem se quiserem
Aceitem, aceitem, aceitem se puderem
Mas o que vale é a imagem
O que somos em frente ao espelho
Somos aquilo por um desejo
Ou por que devemos ser assim
enquanto meninas e meninos correm pela vida
sentados em frente à tela viva
eu continuo a me preocupar:Onde vamos parar?
Mas mesmo assim minhas portas e minhas janelas
Nunca estarão abertas
Talvez coloridas com aquela cor sofrida

Para quem acha que o Natal não acabou...


Aí está a confirmação!


Epopéia Insignificante


(mensagem - este é apenas um conto experimental, que já estou escrevendo há certo tempo. Vou compartilhá-lo com vocês apenas a primeira parte, assim que eu terminar a segunda parte, eu a passo. Para isso, vou criar um marcador novo, específico, para facilitar leitura posterior. Espero que gostem, e por favor, críticas das mais lúcidas sempre)


1ª. parte - Aurora

I


Com o tempo, não lhe havia mais a agilidade dos passos. Nem muito menos o brilho incessante da corrida e da brincadeira, mesmo que o suor em seu rosto dissesse o contrário. Jazia parado, arfando, no canto do rio, ia sentando de cócoras, observando a casquinha de peixe que lhe chamou a atenção. Esquecera completamente a brincadeira de esconder que fazia com outros dois amigos da vila e que a essa hora estava sendo procurado e que iria perder. A casquinha passou a ser seu maior interesse naquele momento.

Conseguia escutar os passos nas folhas secas, alguém se aproximava com tanta vontade que até alguns poucos galhos eram vencidos e estalavam com gosto. Mas ali, apenas pensava na casquinha daquele peixe, fora da água, indissociável, em um luto eterno contrário ao fluxo do rio. Via aquele olho grande, esquerdo, seco, mas ainda negro, olhando para o alto como se mirasse o céu. Parecia pedir algo. Parecia era pedir ajuda.

Perdera. Sentiu o toque forte em seu ombro, por trás, quase o arremessando dentro do rio que corria rápido e incólume, indiferente ao peixe ou a ele. O rio, que sempre mantinha seu curso, nem mesmo lhe preocupava as pedras. Com toque, o menino retornou à brincadeira de esconder, agora, percebido, precisava mudar a situação. Viu o outro menino correndo para dentro da mata e não podia deixar barato. Pegou a casquinha de peixe, meteu-a no bolso, antes espanou um pouco da terra espessa e correu para tirar o atraso.

À noite, apenas observava-a. A luz da vela de seu quarto podia ser pouca, dançarina ao breve vento que se fazia, mas era capaz de fazer brilhar tudo que ele necessitava ver. O peixe não tinha nada dentro, podia sentir. Tocava com muita calma, pois tinha medo de a casquinha se desfazer em suas mãos. Ela estalava muito, e por isso segurava com muito cuidado. Viu que não tinha um buraco feito por bicho que pudesse ter tirado tudo dali de dentro. Então, como secara? Que tanto horror poderia ter ocorrido para deixar aqueles olhos tão pretos e aquela boca tão aberta? Será que o peixinho tinha morrido de susto? Ele viu o bicho-papão das águas? O menino deixa o peixe na cômoda atrás de sua cama, perto da vela e fecha os olhos com medo de acordar seco.

E ao acordar, tomou toda água que podia com os olhos bem fechados. Ficou com medo de secar que nem o peixinho. Sentiu todo o gole lhe descer e o deixar com a sensação de molhado. Quando voltou a seu quarto, viu que o peixinho ainda olhava para o alto, só que desta vez era o teto, e nada havia por lá. Pensou em enterrá-lo, para livrá-lo daquele susto, mas logo desistiu da empreitada. Se nem o rio quis enterrá-lo, por que ele o iria fazer? Resolveu, então, guardar o peixinho para ele. Pegou uma meia velha que havia no fundo do armário, uma preta, pois era a que não gostava, e guardou a casquinha de peixe atrás da última blusa de sair, até porque sabia que assim sua mãe não iria descobrir. Pensara que dessa maneira poderia estar livrando o peixinho do susto que o fizera morrer, e num canto escuro ele apenas olharia o escuro e nada mais. Não mais o espantaria o céu, ou o brilho lá de cima.


O peixe lhe trouxera uma certa angústia. Passou a olhar para o céu ou para o fluxo do rio na tentativa de compreender o que assustara o peixe. Passou horas olhando o mundo onde havia encontrado o bichinho, mas ali apenas havia o rio, havia as árvores, algumas poucas velhas e sem folhas, e havia o céu, brilhoso e cintilante, sem uma nuvem, não havia nenhuma que pudesse representar a alma do peixe. Ficou triste por descobrir que os peixes não tinham almas, ou que suas almas eram tão pequenas e não tinham o direito de possuir nuvens com sua forma. Mas ao mesmo tempo ficou feliz, pois naquele dia ninguém houve de morrer, pois não havia nuvens. Seus dois amigos ficaram pensando no que o havia endoidado, ali sentado olhando para baixo e para cima. E mesmo pedindo para que ele os contasse quase suplicando por que tanto olhava para o céu e para o rio, ele respondia que não sabia, mas que tinha de ver. Os dois desistem e voltam para a vila de pescadores.

Relutância



A cada dia em que escreve, mais a vontade se perde. A cada dia em que se lê algo, mais tem certeza de que não pode escrever. É assim que ando a pensar nos vários momentos que vivo, lendo e desfrutando palavras por todos os cantos. A internet e principalmente os sítios pessoais se tornaram um mundo de self-service literário, com produções e reflexões das mais distintas, a ponto de apenas ficar a vontade de ler e não mais produzir, não mais se produzir, e deixar de ser, se rir.

Mesmo assim a caneta é desafiada, e a vejo sendo desafiada, como algum clichê midiático, ela ali, a mão como imagem, ela apenas esperando. A caneta é instrumento, a mão é apenas contato, o resto é espírito, e não mais. Mas basta entrar em um novo universo e ver o profundo de vários talentos, homens e mulheres esses que você julga que nunca irão te aceitar, pois nem capacidade de ser emergente há de ser seu título. E assim me lembro no espelho, um não mais do que três, o que pode ser, o que quer ser e aquele que não é, três em um, como aqui, eu, ele e o você, suprimidos e superados antes mesmo de serem apenas um.

Sabe, essa viagem é apenas a sensação do que se quer ser, mas que é sublimado com a qualidade daquilo que é lido dia após dia, e por todas essas pessoas que sabem se existir, mesmo não tendo um tostão sequer na carteira, mas que estão aí, na exposição do mundo literário, aquilo que você também quer e não pode. É o virtuosismo do porém, do grunido sutil do porém, que está bem ali no canto, esperando a cena certa para aparecer, no seu mundo pomposo, nada mais do que a superficialidade da sofisticação de um bom pensamento, você sempre tem um porém, ele te espreita e te espera. E aparece na hora certa.

Mas surge aquela vontade de não ser vencido e pego a caneta. Ou melhor, dou a chance de algo qualquer existir, exercitando diariamente a vertente de um texto – mesmo que às vezes não passe de uma linha – e julgo que sou capaz de escrever. Esse julgamento é sempre potencializado naquilo que vejo que já escreveram, que eu gostaria de ter escrito, mas que ali está bem melhor, magistralmente melhor, e prefiro ficar calado, permissivo, cabisbaixo. Sutilmente vencido. Sabe de si em si, tu não possuis mais a simplicidade, e por mais que de ti em ti tu te escreves, falta-te a veemência, a sutil veemência daqueles que têm certeza. Teu erro é muito pensar, seja visceral. E o que apenas corrói são lembranças, ou certezas, as mesmas que não possui. E agora de caneta em mãos, ela te olha, perguntando, E aí, não vai rolar aquela usadinha?, e você fica engasgado com sua total incapacidade de existir.

Me vêm as palavras do meu melhor amado, Antônio Torres, um dos homens que amo, mal sabe ele que o amo tanto assim, e que me disse na Universidade, Esquece essa filosofisse, deixe de filosofar, apenas use palavras.

Eu tento, mestre, mas rabiscar papel tá tão difícil.

Entrego a caneta e os pontos. E sei que o que eu deveria fazer era não escrever, mas luto, reluto,re-luto, há outro luto, ato de ter luto, ou lutância, pancadaria, saber não se aceitar é a melhor coisa que posso usar para escrever. É não aceitando a mesquinharia da minha existência que acho que consigo ser alguém. Escrever não é lutar pelos outros, e deixar de ser pequeno. Como eu gostaria de ser assim.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Samba do Grande amor

Chico Buarque pode ser resumido numa palavra: mestre.

E essa música é uma dele que, no momento mais tem povoado meus pensamentos, não só pela letra mas pelo conjunto da obra.

Começando pela letra

o que normalmente se verifica num coração apaixonado? Calma, não digo qualquer paixão, digo aquela que chega a te deixar idiota. O que se verifica é a mais pura forma de exagero. Exagero no qual pode-se verificar, tranquilamente, uma bela, sem deixar de ser verdadeira, mentira [verdadeira mentira foi boa hein! rs].

E depois, vem a decepção. Decepção que o compositor mostra nos seguintes versos:

"Hoje eu tenho apenas
Uma pedra no meu peito
Exijo respeito
Não sou mais um sonhador"

É o que acontece, muitas pessoas recorrem a esses tipos de comportamento - hostis - para fugir de sentimentos de dor.

Outras recorrem a uma alegria falsa, fingindo que está tudo bem:

"Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor"

Outros ainda, ao sarcasmo:

"E dou risada do grande amor"


Mas não passam de mecanismos de defesa [se algum piscólogo estiver na casa irá me ajudar nesse ponto]. Coisas que usamos para mascarar nossos verdadeiros sentimentos, que por vezes podem nos expor. Ou seja, no fundo, é tudo "Mentira".

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

AHA, UHU,Ô JC eu vou comer o seu ...

HÔ, HÔ, HÔ! Antes que eu me esqueça, Feliz Natal a todos.

Mas não vou escrever nada, aliás, não vou ousar, vou apenas deixar o link par o texto mais foda que já li sobre o Natal. Uma homenagem ao meu amigo Chico Torres, da época em que escrevíamos juntos para o Cocadaboa

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

antes que eu esqueça

Eu precisei mentir
dizer que não te amava tanto assim
que aquela gota d'água era o fim
e que esperança não havia mais
pensei assim: quem sabe assim?

As mentiras que te conto são, de fato
as verdades que eu prefiro acreditar
que a vida segue em frente a fluir
e não espero aflito um encontro
e não me causa sonho
nem me tira o sono
a lembrança áurea
do oceano infinito em teu olhar.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A esfera do desejo

Assim fez João
que desobedeceu Maria
Varou noite em dia
e disse nada ser em vão

Chorou o que podia
jovem descrente Maria
Da lágrima surgiu enchente
foi João descendo contente

Pegou garupa na tristeza da menina
que era sua nos contos da vida
Realidade triste a que se fia
Nascer João e só ser de Maria

Mas um dia além da cachaça
saiu João sem rumo na caça
e encontrou chorando Zezinho
quase afogado no meio do caminho

Chorava por ser só piada
e não chegar perto da fessora amada
que sempre o fazia pergunta
vinha palavra que não era sua

e disse conhecer um amigo
que triste ficava sozinho
seu nome era Luizinho
grande homem no diminutivo

Outro que pegou carona
em histórias que não eram suas
sem nome, a piada desmorona
humoristas de histórias vagabundas

Queria ser mais que coadjuvante
neste mundo de meninos errantes
Tinha sonho de ser cosmonauta
E não findado na mesma pauta

Lá foram João, Luizinho e Zezinho
pular carnaval sem peso de sono
o mundo, turbilhão de el-ninho
pequenos garotos, num mundo sem dono

Primazia de um bom momento



















Quando se de cabo minha existência
E meu último dia se foi
Muito de mim se reconstruiu
Naqueles que por lá estavam

Mas a sombra daquela hora
que se cria em sangue parado
pouco seria justificado
se muito daquilo fosse revivido

Passamos horas lembrando
momentos bons de um passado belo
mas pouco vivemos de um presente eterno
a certeza da vida que pode ser criada

Damos preferência pela nostalgia
e pouco da vida se cria
preferimos os romances do passado
às histórias de agora

É como se não tivéssemos o direito
de criar dias que sejam perfeitos
o mundo roda pelo próximo dia
mas apenas queremos guardar o passado da família

História só é bela quando se justifica
passado de glória e certeza da vida
mas o presente é o refelxo da mais valia
que devemos ter hoje

Mas para mim meu hoje é retrato de lápide
e por mais que cada passo seu aja
saberei que ali se faz a eterna casa em laje
nos seus olhos, o concreto cerceia minha última mortalha

(Mais uma poesia minha, numa tentativa de achar que pode escrever. Uma boa tentativa, eu penso - façam os comentátios necessários)

domingo, 14 de dezembro de 2008

só pra descontrair [momento stand-up no pictorescos]

Vestibular é igual sexo. Na primeira vez que você tenta, você está uma pilha de nervos; quando se dá conta, já acabou e você tem aquela sensação de que não fez tudo o que devia ter feito e, a não ser que você seja muito fera, os resultados não são satisfatórios.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Todo Carnaval tem seu fim



Como você deve saber, não basta a uma música ter uma boa letra, é importante que ela tenha uma melodia igualmente boa, que as palavras combinem com as notas, etc.

"todo carnaval tem seu fim" é um belo exemplo da junção de letra e música numa 'massa' consistente e saborosa. A primeira música do álbum 'bloco do eu sozinho' é de uma criatividade deliciosa, o que é característico da [infelizmente] extinta banda Los Hermanos.

O começo é uma das partes de que eu mais gosto[talvez seja necessário aumentar o volume para ouvir melhor]. O sentimento vacilante daquele trombone é um título não lexico pra música, pois expressa a idéia que a música passa do carnaval. Pra quem já foi a alguns carnavais por aí, ouvir esse trombone é ver um filme do que que é o sambódromo pós-carnaval.

"toda rosa é rosa porque assim ela é chamada
toda bossa é nova e você não liga se é usada"

fala da alienação em relação ao que nos cerca, aquela comoda teoria de: 'já que é pra se divertir, que se dane tudo. Po, é carnaval cara...' idéia essa que se chega ao clímax no refrão:

"deixa eu brincar de ser feliz,
deixa eu pintar o meu nariz"

o resto, espero que vocês [nos comentários] nos ajudem a refletir sobre essa canção.

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