terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dia do Consciência Negra


"Essa é para todos os meus amigos, que como eu, somos pretos-brancos-pardos-amarelos-esbranquiçados-pretos palmitos-brancos enegrecidos-amarelos mamelucos e todas as outras etnias que só existem na cabeça dos outros, no daltônico inconsciente, no incapaz e premente. A todos nós também que somos religiosos ateístas, evangélicos do candomblé, cristãos kardecistas, umbandistas de Jesus Cristo dos últimos dias, hindus de Alá, católicos do axé e todas as outras consciências religiosas que no fundo se fundem na primazia do respeito ao próximo. Somos um! Sobre a égide do Um ou dos Vários! Hoje é dia de celebração ao respeito, ao que podemos escolher para nós mesmos, um dia de exercício à liberdade e a aceitar sem questionar as escolhas do outros! FELIZ DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA! FELIZ DIA DA CONSCIÊNCIA AO QUE É UM."

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Crônica para daqui a dez anos.


                “É uma pena ver o declínio das vendas dos livros físicos em detrimento da migração dos leitores para as novas tecnologias. É uma pena mesmo. Uma vez mais a máquina substituindo o sensorial, o prazer, e trocando-o pela frieza que brilha e encanta os olhos, mas não mais o resto. Uma obra nesses aparelhinhos é um livro sem gosto, sem sabor, sem a luta pela manutenção do livro aberto. Não ter o prazer do volume em suas mãos, lutando com todas aquelas páginas que te encaram, que te exigem destreza, parece o fim. Nunca que um livro físico vai ser superado por essas maquininhas. Os livros que uma vez pertenceram ao meu avô, que hoje compõem a biblioteca usufruída por minha filha, continuam os mesmos, apenas protegidos das traças e do envelhecimento cadente do papel. Não precisaram passar por atualização de software, antivírus, migração para nova tecnologia ou qualquer coisa que alguém julgue ser melhor do que o papel em essência”.
                “Mas não serei leviano, sei que mais cedo ou mais tarde o livro físico seria vencido de vez. E desabafo aqui, pois fui criado num ambiente cheio de volumes e mais volumes. E ver as livrarias minguantes de estantes, lotadas de telas sensíveis ao homem, mas insensíveis ao prazer da descoberta pelo toque, faz-me crer que não precisaremos mais do tato ou do olfato em um breve período de tempo. E ler – isso ainda não nos tiraram – que as gráficas hoje se reduziram drasticamente, imprimindo por demanda, que cada vez mais minguados também estão os pedidos, o livro – essencial, não a obra – volta a ser um artigo de luxo como o era na Idade Média ou até meados do século XIX, antes da invasão da revolução industrial no meio artístico. Logo as bibliotecas terão que mudar de nome, não mais acervo de livros da genialidade humana, mas Museu de um passado de publicações, Sala da Obra Impressa, O resquício da papel, ou o que mais puder traduzir sua decadência. Virão os ecologistas afirmarem a importância do paradigma vencido, historiadores que remeterão à Biblioteca de Alenxadria – se assim fosse no passado, a tecnologia teria preservado aquele conteúdo dito fantástico. Aí escrevo, o quanto de luz está sendo gasta só para manterem esses servidores abarrotados, tudo bem, fonte renovável, mas prazer que é prazer não se renova, cria lembrança. E quanto à biblioteca de Alexandria não nego, não tenho muito a dizer, também gostaria de ler o que lá publicaram. O papel, porém, precisou uma única vez de energia para ser produzido e a facilidade de seu retorno à natureza quando de sua degradação não tem precedentes. O que fizeram com os servidores antigos quando criaram os novos? Ao mesmo tempo, será que eu teria tempo de ler todo aquele universo de texto que havia na biblioteca de Alexandria? Se não o tenho hoje, vírgula, prefiro parar por aqui o raciocínio”
                “O que me incomoda mesmo é o individualismo em sua máxima plenitude. Depois de as redes sociais terem obtido o êxito de extinguir o particular, tanto da conversa ao vivo, tête-à-tête, quanto da privacidade, do barzinho, agora também o conseguem evitando que uma quantidade de leitores consiga usufruir de um mesmo livro. Se compro a obra para o aparelho X, não posso enviá-la para o aparelho Y, pois é bloqueado, não permitido pelo detentor dos direitos autorais e os escambau. Caramba, se eu comprei o livro, eu não quero reescrevê-lo, mas quero discuti-lo com a minha esposa por exemplo. Só que não posso emprestar o meu tablet pra ela, pois com ele trabalho. O livro, que ela poderia dispor sem precisar carregá-lo na tomada – só na bolsa – está restrito ao meu aparelho, não mais do que nele. Não posso enviá-la por qualquer recurso de troca, também. Ao mesmo tempo, uma mesma obra tem diferentes formas para diferentes plataformas. O que é essa nova publicação de Harry Potter, que possui diferentes grafismos para Ipad 12 e 13, mas não é visto da mesma maneira para o Android New Maker 7.0? Uma mesma obra pode ter várias edições, revisões feitas pelo autor, mas diferentes tratamentos? Isso é preconceito. Isso é marginalização. E só um tipo de consumidor é que pode ter acesso a um novo modelo de obra? Na minha época havia as edições de luxo, mas não significava que era outra obra, ela era a mesma, só que com outra preocupação”.
                “Cataclísmico que possa parecer – para mim o é – lembro-me das páginas da Revista Galileu que saiu em Agosto de 2012, falando sobre estantes mutantes, livros com outras formas além da tradicional – livros de papel com led, que isso?! – e mais outras formas diversas que transformaram o tradicional em algo adaptado. O novo, às vezes, quando vem, só faz é trazer dor de cabeça. Tanto por causa de inovações bobas, quanto por excesso de luzes onde se faz melhor o lusco-fusco de sempre”.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Questionável

Hoje
a coisa tá estranha
muito
segui-me ao teclado
e ele, louco
me pediu
deixa comigo
E eu deixei
Em uma hora
assentaram-se sessenta ideias

Dessas sessenta ideias
algumas brotaram
germinaram
Aí estou
Idealizando poemas
Como reduto reduzido de grandices

Mas o que faço
nesse pois então de ideias
se não deixá-las parir sozinhas
inerentes a mim
mas e nem aí para mim

Sou um escravo 
a procura de trabalho não remunerado
deixando a discrição
por descrição
nesse ato falho de escrever
o pouco que valho.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Por uma nova coleção


                Em minha mente, cheguei ao fim de Colecionador de Lágrimas, meu primeiro romance. Debutando com esse novo amor, tal qual um óbvio adolescente em totais descobertas, posso dizer que estou ao passo da realização. Mas por que ela não me é completa? Talvez por ser o primeiro.
                Como um produto de dois anos de trabalho eu estou muito realizado. Feliz mesmo. Não me lembro bem quando se deu a derradeira escolha por palavras. Abdicar do desenho, deixar que o tracejado fugisse de meus dedos e passar somente a desenhar palavras – no fundo, a desenhar com palavras – não posso precisar quando me houve. Só posso dizer que três fatores preponderantes: Ana Maria Machado, Chico Torres e Iron Maiden.
                Se há uma obra relevante na minha vida é Raul da Ferrugem Azul. Primeiro pelo aspecto imagético, um garoto estar tomado e ter uma ferrugem que só é vista por ele e esta rima. A rima, o som, a imagem, tudo era desenhar com palavras. Mas não saí substituindo o desenho. Até os meus dezoito anos eu desenhada todo santo dia. Nada belo, serei sincero, mas desenhava. Perfis humanos, o contorno das mãos, punhos fechados, olhos a desenhar personalidade. Com o tempo foi a poesia, mas muito pouco, diga-se de passagem, mas a houve. No Ensino Médio o gosto pela música e aí que houve o pulo do gato. Passava o dia inteiro escutando música, estudando e desenhando. Do universo Rock veio a primeira namorada; casava bem com o ritmo, personificava o metal. Pelo meu gosto à Língua Inglesa, coisa dos meus sete anos, isso lembro bem, passei a estudar letras. Mas o que eram aquelas capas do Iron, o que eram? Aquele universo sombrio, questionador de letras pulsantes, temáticas, exatas e enxutas? Foi demais para mim. Paixão eterna. Este, sim, o primeiro amor.
                Aí bati de frente com o talento vivo, enorme. No Ensino Médio mesmo conheci esse cara: Chico Torres. Introspectivo, mas com dedos soltos. Uma figura sombria, escondido atrás dos cabelos. Mesmo gosto por Rock foi a aproximação. Um dia em sua casa ele fala, Escuta essa, era ele e uma guitarra. Aí entendi o porquê de sua mão ser tão volumosa em um corpo tão magro. A sua forma de tocar guitarra, a sua simbiose era perfeita.  Eram perfeitos. Não tive como não admirá-lo. Como o faço até hoje, mesmo em nossa distância.
                Neste momento em que me surge um contraste. Tanto Ana Maria Machado, quanto Iron Maiden eram talentos distantes. Na minha família os talentosos eram os que tinham um dom e por isso inalcançáveis. Eu tinha apenas uma capacidade, uma bem leve. A amizade com Chico foi fundamental para sacramentar uma convicção, que a perseverança é a síntese de alguém que consegue. Além disso, montamos uma banda juntos, eu e ele. O nome: Death Style. Era boa, por causa dele, deixe-se isso bem claro. Porém, ali compúnhamos. Letras em inglês, uma ou outra em Português, e escrevíamos o dia inteiro. Ele me mostrou outras dele, de uma banda antes. Ótimas, “ Down in the dephts / of my angry soul / I can hear the Bells of destruction”, digo, canto-as até hoje. Quase todas. Ali descobri palavras.
                Dois outros fatores: conhecer Wagner Martins e Rômulo. O primeiro pelo seu sarcasmo, uma acidez irremediável e de uma inteligência fora de série. Nós todos estudávamos, Wagner produzia raciocínio. Ele era muito para nós, a inteligência em forma física.  Conhecê-lo foi um duplo agrado, primeiro por me colocar no lugar. Era o cara que me zoava. Na época eu não entendia, hoje sim. Também por me dizer um dia, Calixto, você é um talento sem criatividade. Não entendo isso, um cara com talento, mas sem criatividade. Nunca soube como agradecê-lo. Rômulo, pois me chamou para Ace Comics. Eu desenhava, Chico e eu escrevíamos. Quem me conhece sabe da importância e desimportância de Sarcantus.
                Agora, o Colecionador de Lágrimas.
                Tê-lo prontinho, apenas necessitando de digitação final é algo reconfortante. Já fiz aquela leitura de corte, a de adaptação, a de enxerto, de novo corte. Falta digitar. Os papéis estão amontoados. Preciso organizá-los, mas vê-lo, o livro, é tão bom. Não sei qual vai ser a receptividade. Não sei. Se será boa, se serei execrado, tudo são possibilidades. Não nego que estou em uma fase de agradar gregos e troianos. Estarei mentindo se dissesse o contrário. Gostaria sim de que todos que o lessem me dissessem gostar muito. De que cada um me viesse apontar um detalhe de belo da obra. Sabe aquela história de escrever um texto que mudasse as pessoas... pois bem, sei que não a consegui. Só modifiquei a mim mesmo. Tenho um romance escrito. Não mais do que.
                Junto-me ao Hall dos meus amigos talentosos. Não posso, porém, exigir uma cadeira nesse panteão, nem sentar ao lado deles. Posso estar na mesma sala, ver um Ulisses Mattos, um Wagner Martins, um Chico Torres, vê-los em suas excelências, em seus esplendores. O que falta mesmo, nesse momento, é coisa bem simples: continuar a coleção. Escrever. Sinto-me completo assim. E ao mesmo tempo agradecido.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Carnaval


            Vi-me surpreendido pela pergunta de Fernanda Lima em seu programa Amor & Sexo sobre o carnaval, ou os carnavais, que mais trouxe lembranças. A pergunta, em sua imposição, era direta em retratar lembranças picantes, paixões de carnaval, aquelas coisas que só pensamos em fazer nele, por ser inerente à época. Mas aí, uma das entrevistadas foi direto em suas lembranças de criança, quando o carnaval era só fantasia e mais nada.
            Ao pensar nesses carnavais, direcionadamente me lembrei dos de dezenove anos até os meus vinte e um anos. Carnavais sem freio, sem medida, alguns excessos declarados, bons carnavais. Surpreso com a resposta, revi minha filha nas lembranças, e principalmente, ela fantasiada de abelhinha. Era um carnaval simples, ela com um aninho de idade, bem rechonchudinha, fomos ao Norte Shopping, nossa família, a de meu afilhado, todos lindos. O carnaval ali era das crianças. Os pais estavam fantasiados de pais, eles serviam de cabide para tantas bolsas infantis, elas segurando as mãozinhas daquelas crianças todas, dançando, andando na velocidade de todos os nenéns. Uma coisa muito gostosa de se ver.
            Eu que fui criado para ser machista, eu que fui treinado para ver mulheres como apetrecho ao prazer, senti um gosto especial por aquele tipo de carnaval. E entender que este não é para ficar tocando o limite do próprio corpo, bebendo em excesso, evitando dormir, beijar até não mais poder e fazer sexo com o máximo de pessoas que puder. Entendo que isso seja inerente ao carnaval, que a padronização das festas que vemos hoje vai perpetuar essa visão também para o universo feminino, com a coisificação do sexo, com transformação do homem em objeto, mas apenas enxergar a festa como festa, rir pelo ato de dançar, pular com a minha filha no colo, com o meu sobrinho, com um número ainda maior de crianças, foi mais gostoso do que pude imaginar.
            E aí vem o detalhe que acho maravilhoso. Poder redescobrir coisas e ver que elas podem ser muito mais do que foi padronizado, ah, isso sempre para mim será a glória. Sair do estipulado e ver o íntimo das coisas, para mim é a própria vida. E agora, Carnaval para mim é isso, fantasia nas crianças, pular na felicidade delas e vê-las rindo. O carnaval é divino.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Momento "jabá"



Caros amigos, leitores, colaboradores, simpatizantes e afins...

Uso nosso querido blog para divulgar um curso que eu e um amigo da Fiocruz estamos organizando no Instituto Pretos Novos (Gamboa, Centro do Rio). Nosso público alvo são professores de História e demais "humanidades"; jornalistas e qualquer outro interessado em saber mais acerca de nosso passado escravista.

Conto com o interesse de vocês e ">principalmente com a ajuda para divulgar (Facebook, outros blogs associados a História e/ou educação...)

Desde já agradeço. Com um abraço, Dé.

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