segunda-feira, 28 de março de 2011

Uma nova cronologia

   Há tempos eu buscava encontrar um momento para uma crônica que pudesse considerar perfeita.  E o meu ponto era exatamente esse: tempo. Não irei discuti-lo aqui, até por ser recorrente, minha questão é um pouco metafísica: a cronologia. Já faz quatro anos que esse nosso site começou, em setembro de 2008 para ser mais preciso. E agora, quatro anos depois, chegamos essa semana a dez mil acessos. Alguns detalhes até são importantes de serem ditos aqui. E aí vão.
   Somos 62 seguidores. Observei cada um deles, e não só pela pluralidade de suas ações de internet – desde professores a praticantes religiosos – cada um transmite uma coisa que é comum ao Pictorescos: a necessidade de conhecimento artístico e discussão intelectual que se tornaram comuns ao nosso ambiente.  Todos os seguidores também estão observando outros blogs culturais – alguns até são escritores deles.  Importante é ver essa pluralidade. Não só por democratização da informação, mas saber que esta não se limita a alguma perspectiva. Isso me deixa feliz, muito feliz. Gosto de discutir com pessoas inteligentes, inteligíveis, capazes de manterem as próprias convicções incólumes, ao mesmo ponto que não se estatizam em seus próprios valores.
   Cada escritor-colunista trouxe a sua trupe. Há os que acessam da Baixada Fluminense; os que vêm de zonas metropolitanas cariocas; Região dos Lagos tem sua fatia; Minas Gerais – por que será, meninas? – e diariamente há trinta e cinco acessos, sendo que dez por cento vêm do Leste Europeu ou da Ásia. Engraçado, não? Gente que nem consigo imaginar. É daí que vem a intenção do meu título, de querer me aproximar desse pessoal, de toda essa galera, só para saber quem é cada um e quem gostaria de se aproximar mesmo do Pictorescos a ponto de se tornar colunista.
   É importante salientar que aqui se busca o escritor que queira fazer pensar, instigar, tornar o comum em pictórico, único, eloquente e loquaz. A priori não estou pensando numa quantidade limitada de escritores, mas sim daqueles que se identifiquem com o grupo. E o encontro não seria aqui, mas sim ao vivo, como uma vez me foi pedido por um dos nossos mais produtivos colunistas. Marcar um encontro, com todos, todos mesmo, só para gente se conhecer ao vivo. É aí que entrará a primeira discussão: onde poderemos nos encontrar? A segunda: quando? A terceira: data? O que gostaria nesse encontro é de ter todo mundo mesmo. Os que colaboram e os que observam.
  Para este dia será criado o dia Pitorescos. Perceba: PITORESCOS. Seria um novo começo, um novo ponto, com todos os novos e os que se mantêm.  Logo no início desse ano eu consegui o domínio PITORESCOS.BLOGSPOT.COM que há muito eu o buscava. Ele já está comigo, mas eu só farei a troca mediante VOCÊS DECIDIREM. Não será uma coisa minha. O nome Pictorescos, aliás, só existiu pois o sem o “C” já estava tomado. Mas acabou caindo no gosto,  para mim soava proselitista – até um pouco egocêntrico, algo como “Calixto ao centro”. Por isso o encontro, numa tomada de novo rumo ao grupo. É o que busco.
  É aí que vai o meu pedido: vamos encher a parte de comentários, que os mediarei, na busca pelo melhor consenso. Eu gostaria muito de saber o que pensam, muito mesmo. No dia desse encontro, até terei uma surpresinha pra vocês. Beijos e até lá!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Há meses, dias e horas

Depois de alguns meses de insistência, consegui finalmente deixar de pensar naquilo que tanto me incomodava e me deixava sem rumo. Um tipo de sentimento forte, que não me era estranho, mas distante. Algo que me fazia respirar fundo e tentar pensar em outra saída senão a redenção.
Depois de alguns dias de insistência, consegui finalmente me desligar do celular e deixar de pensar no inevitável. Consegui curtir a época mais agitada do ano sem me preocupar com nada além do que deveria. Até certo ponto.
Depois de algumas horas de insistência, não consegui controlar mais nada.
Resolvi deixar fluir para ver até onde a minha tendência à autodestruição me levaria, e descobri. Descobri que deixar fluir era a melhor escolha desde sempre. O resultado não foi o esperado há meses, nem há dias, mas há horas. Percebi que só me libertaria daquilo tudo quando jogasse limpo comigo mesma. E joguei.

domingo, 6 de março de 2011

A Inveja

Esta semana estava eu ouvindo a rádio – pois rádio é cultura e informação e nem só de i-pod viverá o homem! –, quando me deparei com um debate interessantíssimo sobre a inveja e um dos debatedores disse que todo ser humano sente inveja, seja do que for. Isso me fez lembrar o que disse uma maravilhosa professora de Psicologia que eu tive na faculdade, Regina Carrancho, que também fez a mesma afirmação; na época eu fiquei chocada, pois me acreditava acima desse sentimento mesquinho, mas qual não foi a minha surpresa ao verificar que eu realmente sentia inveja! E foi no meio desse pensamento que a diarista aqui de casa saiu com a seguinte tirada: “É, Dona Alexandra, inveja todo mundo tem, mas até pra ser invejoso é preciso ser inteligente, né?”. A mulher parecia até telepata! Perguntei: “Como assim, Fabiana?” e ela muito à vontade respondeu: “Ué, a gente vai invejar quem tem mais que a gente! Invejar quem tem menos é burrice!”. Touché.
Ok. Sinto inveja, mas será que das coisas e das pessoas certas? Fui dar tratos à bola e tentei analisar o que me causa inveja. Chequei ponto por ponto e vi que invejar quem tem ou sabe menos é perda de tempo, além de rematada burrice mesmo. Vamos desfiar o rosário.
Sempre invejei aquelas mulheres que atraem os homens como mosca no mel, mas percebi que elas atraem realmente qualquer tipo de homem, o que não que dizer que estes valham à pena. Então para quê invejá-las? Vou invejar as bem casadas, com companheiros incríveis que as tratam como rainhas, que recebem flores todos os dias, e têm seu amor conquistado todos os dias. Invejar aquelas modelos lindas dos comerciais de shampoo com cabelos que parecem um manto? Não! Vou invejar as mulheres que tem a coragem de desapegar das suas madeixas e mostram que têm atitude como a Mayana Moura, a Sandra Annerberg, a Maria Paula. E, se é para invejar em grande estilo, não vou invejar os desleixados e desprovidos de conhecimento fashion, vou invejar mesmo é a Ana Hickmann, a Glória Khalil, a Isabela Fiorentino, a Constanza Pascollato, a Giane Albertoni. Até poderia invejar a juventude, mas acho que prefiro mesmo a experiência, a elegância e o senso de humor da maturidade de Marília Gabriela, Luíza Brunet, Christiane Torloni, Fernanda Young e Fernanda Torres.
Vou invejar quem não tem espírito solidário? Deus me livre! Quero invejar gente como Madre Teresa, Zilda Arns e Irmã Zoé, que se preocuparam com o bem-estar alheio e se compadeceram com o sofrimento do próximo, ainda que não fossem seus parentes. Invejar quem não sabe perdoar? Invejo, sim, Mahatma Gandhi e Chico Xavier.
Devo invejar os workaholics, os ambiciosos, os sedentos de independência financeira a qualquer custo? Mil vezes não! Quero invejar os que trabalham por prazer, com aquilo que gostam, pois esses têm mais harmonia na vida e menos doenças do corpo e da alma. Invejar aqueles cujos conhecimentos de informática não vão além do Facebook? Nada hi-tech, hein? Decidi invejar o Bill Gates, o Larry Page e o Sergey Brin e todos os feras em Photoshop, Corel, Autocad e Pro Tools M Powered 7.
E nem pensar em invejar os sucintos, tímidos da pena! Invejarei os grandes escritores, os que têm o dom da palavra, invejarei Cervantes, Camões, Montalbán, Shakespeare, Pessoa, Paulo Coelho e Agatha Christie, Ken Follet e J. K. Rowling. E o que dizer dessa geração que prefere Lady Gaga à Maria Bethânia?! Não dá pra invejar quem não conhece Noel Rosa, Cartola, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth; quem não canta um verso de Caetano, Tom Jobim e Zizi Possi! Como sentir inveja dos mortais que não suportam cinco minutos de Mozart, Schubert, Beethoven ou Pavarotti? E já que enveredei pelas artes, invejar quem não dança é o ó! A meta é Ana Botafogo, Débora Colker, Beyoncé, Shakira, mas (os puristas que me desculpem) numa pista de dança até Mulher Melancia tem seu valor!!! Culinária também é uma forma de expressão, então invejar quem mal sabe fritar um bife é pedir para morrer de fome física e cultural. Vou temperar minha inveja com Ana Maria Braga, Roberta Sudbrack, Emmanuel Bassoleil e Claude Troisgros.
E por último, porém não menos importante, não invejarei os que pouco conhecem do território brasileiro e de suas belezas. Por viajar desde os sete anos de idade conheço metade desse país, parques temáticos, museus em várias cidades brasileiras, hotéis incríveis. Ah, francamente, melhor invejar o Amir Klink e o Zeca Camargo!
Sei que estou há léguas de algumas das personalidades que citei, pois estas estão num patamar muito elevado, moral e espiritualmente falando, mas para crescer a gente deve olhar para cima e não para baixo. Já dizia meu amado Noel: “Quem é você que não sabe o que diz/ Meu Deus do céu que palpite infeliz...”

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