terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Segundas de Literatura VIII




Esse não tem como negar que é fera. A sua literatura é densa, de frases longas e precisas. É caudalosa, como Rio Amazonense.

Milton Hatoum.

Ele é desses escritores que quando surgem, criam um divisor de águas de tão forte é sua literatura. Está no mesmo patamar de Guimarães Rosa, Clarice, Carlos Drummond e vários outros.

Trouxe uma entrevista sobre seu livro mais forte.

Aproveitem o quanto puderem!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Natal

Juro que tenho pouco a escrever sobre essa data. Há muito que não sinto mais aquela emoção em especial sobre esse período. Ano passado mesmo eu coloquei apenas uma imagem que traduzia minha total descrença sobre o período. Que ele é mais do que a religião imprime isso nós já sabemos. Só que aos poucos aprendemos que viver como pai é aprender a se despoluir. Minha filha anda vidrada com o danado do Bom Velhinho.
Primeiro, foi difícil convencê-la a tirar a famosa foto. Ela ficou com medo, fez descaso, muito chorou, correu o descorreu o shopping da maneira que quisesse. Andamos com ela, veio ao meu colo, pediu para que eu a protegesse e fui aos poucos conversando para que ela tirasse a bendita da foto. Ano passado, quando ela tinha apenas um ano, a foto foi simples. Esse ano, consciente de muito sobre o mundo, ela evitou ir vê-lo, chamou-o de feio. Minha esposa, como uma mãe zelosa que é, insistiu para que nossa filha fosse ao cara. Depois de não mais do que uma hora é que conseguimos a tal – mesmo assim, com ela ao lado, e não no colo. Mas um fato foi importante, ela foi pela insistência da mãe, eu estava mais preocupado em sair daquele shopping para lá de entupigaitado (me perdoe Drummond, mas não havia outro).
Quando depois, comigo, minha filha perguntou se eu a tinha visto com o Papai Noel, tirando foto com ele. Óbvio que disse que sim, mas aí é que o mundo se faz de epifania, ela me perguntou se estava bonita, pois queria ficar bonita só para o papai e a mamãe. Não sei se foi apenas fruto de sua inteligência ou se ela viu que eu estava aporrinhado por estar lá, mas ela captou tanto o que eu e a mãe queríamos, que tirou a foto, só por nós dois. Havia em nós, num primeiro momento, a certeza de que ela tinha se identificado com ele, viu nele uma boa pessoa, podia confiar. Porém, aquela pergunta traduzia - talvez – o que minha feição transparecia e, como pai, eu não posso mostrar essas minhas perturbações às crianças. Ali eu estava destruindo a inocência.
Depois de uma angústia e um bom aperto naquele corpinho que também me abraçava, entendi que a graça de ser pai é poder retornar, ser bobo mais uma vez, deixar que os riscos de um julgamento externo aconteçam sem que incomodem. Eu não podia mais ser apenas homem grande de poluição pseudoevolutiva e deveria ser aquele amigo de barba e bigode, que também se chama de pai, mas que deve estar no mundo para se divertir em excesso.
Já pintamos as unhas juntos, penteei as Barbies, deixo-a pentear os meus cabelos, escolher se devo ficar de barba ou não. Ela é quem me veste, diz se a blusa está legal, se posso sair com aquela calça. Numa formatura, entramos dançando, e como ela pulava. Estava linda. Foi o centro das atenções. Discutimos Peixonauta, Willa e os animais e Cocoricó. Temos até um cedê no carro para que possamos todos cantar.
Hoje, tudo que tem Noel ela grita e eu olho com o máximo de satisfação. Saio com ela atrás do cara como se buscasse doce em festa de Cosme e Damião. Um amigo lá em casa ligou para o Noel – ligou mesmo, era a esposa na verdade, mas funcionou – eu fiz cara de feliz e assustado, passei a revê-lo com bons olhos. Não podia deixar que o mundinho dela, que por pouco tempo será belo – eu aos oito descobri Noel – se desfaça só por causa da minha descrença. Agora mesmo ela está aqui ao meu lado, pedindo para eu pinte umas gravuras do seu livro com ela. Fui categórico, Você me ensina?, ela foi lá pegar uma caneta para mim, pois só havia uma. Tenho que ir, pois preciso aprender a pintar gravuras. Espero que uma dia todos vocês tenham essa chance. Feliz Natal.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O material de uma crônica

Lembro-me de várias crônicas, daquelas típicas de jornal, que sempre retrataram o problema que todo cronista tem em encontrar o tema para escrever. A crônica tem por si só o respeito ao cronológico, ao momento, ao agora. Mas sempre pensei na crônica como aquilo que se faz do crônico, do extremo, daquilo que mais incomoda ao cronista e o faz produzir o texto. A crônica é resultado de quem muito vive.
E hoje, tentar encontrar o crônico não é tão difícil. O mundo, por se dotar de extremos que nos incomodam muito, fornece um material para lá de simples e fácil de ser trabalhado. Mas aí se chega a um outro problema, só escrever sobre isso passa a deixar o texto poluído, chato, pedante. O crônico social é um material para lá de rico, mas só mostrar nossas mazelas deixa a vida ruim, é muita verdade para ser digerida. É aí que entra o outro lado do cronista, mostrar as belezas mais sutis do mundo, o delicado, o límpido, o puro, em algo que se denota de lirismo e força. Tudo bem, isso pode ser visto como escapismo, indiferença ou alienação, mas cada um precisa sempre de uma dose de verdade e uma dose de alívio. O cronista é um escrivinhador de panaceias, de barbitúricos que fornecem algum alívio para suportar o dia. O cronista se coloca como um agente do bem-estar coletivo. O cronista é uma garrafa de uísque.
Ele – ou ela - também serve para dar opinião, para dar conselho, para mostrar o nada, para ser um representante do caos, ou qualquer outro papel que se defina como um agente catalisador do mundo. O cronista, não só como pessoa é visto primeiro como exemplo, depois como copo, e, por conseguinte, como a melhor das doses. O cronista serve o sabor. A crônica é o gole.
Por isso, não sei se o problema dos cronistas mesmo é encontrar todo o material que deve ser trabalhado em um texto. O que vale mesmo é escrever o texto por ele próprio, sem aquela preocupação com o agente motivador da crônica. Uma vez escrevi sobre minha filha, outra vez, escrevi sobre o casamento, em outras escrevi sobre o próprio ato de escrever, como nesse texto aqui. A crônica é a linha que cada um deve ter na mão como resultado de ter segurado uma caneta, sabe aquela manchinha azul nos dedos? Isso já é crônica. Por sorte, algumas se perdem do aspecto cronológico e se tornam atemporais. Essa é a melhor coroação que se dá a uma crônica. Que o digam as de Drummond, do Scliar, do João Ubaldo Ribeiro e de alguns outros, que ecoam no imaginário humano e nos fazem congruir felicidade até hoje. Todo cronista hoje é cronista por causa desses caros. Caros mesmo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Sexta às nove (29)

Sua dose semanal de remédio musical.

[vídeo]

Um dia um amigo meu me indicou uma banda chamada Validuaté. E como se já não estivesse bastante exótico, acrescentou ser uma canção intitulada Super bonder a sua preferida.

Como nos manda a sã consciência: ignorei!

A tolice é mesmo parte de nós.

Começando com uma proclamação confusa, extenuante, lógica, conclusiva, engraçada e com uma pitada de Mamonas Assassinas e Chico Science:

"Tudo que era sólido desmanchou-se no ar, Marx ninguém poderia antever o antídoto para a pós-modernidade"

A banda vai cantarolando sua literal e infantil sugestão para acabar de vez com a desunião mundial, afetiva e ideológica, característica pungente da nossa pós-modernidade: super bonder!

é, super bonder.

Passar super bonder em tudo e em todos.

Mas minha parte favorita é a junção de palavras desconhecidas e foneticamente engraçadas do coro:

"Fractal metamórfico, barbitúrico colossal. Pórtico, liso, erudito, transformusculacional."

Aproveite.

Segundas de Literatura VII



Esse eu descobri fazendo pesquisa para cá.

A entrevista é para lá de gostosa e o histórico do autor inspira confiança. Ele é um dos casos raros em que um autor de quadrinhos consegue um campo na literatura.

Lourenço Mutarelli

O Wikipedia explica direitinho.

Gostei muito do que encontrei. Muito mesmo. E num vídeo raro, de apenas 15 exibições.

Vale a pena conferir.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Novos Integrantes.

A vantagem de um título direto é a sinceridade que ele transparece. Há um certo tempo eu convidei duas novas integrantes para compor o crew dos Pictorescos. A escolha foi até bem simples: qualidade. Não fiz seleção, nem teste, nem nada disso que pudesse qualificar essas duas novas integrantes ao grupo. Mas uma coisa eu tinha em mente, precisava chamar meninas para o grupo, ultimamente nossas considerações aqui estavam muito masculinas.
Também não fui seletivo quanto ao tipo de pessoa que para aqui viria. Desde o início, o grupo sempre foi aberto a receber qualquer colaborador que venha a somar perspectiva, ideia, análise e principalmente tivesse perspicácia para poder somar. Essas duas novas autoras eram até fãs do grupo, mas declaradamente, abertamente, eu era apaixonado por elas, como pessoas, como escritoras. Chamei duas alunas: as irmãs Zdanowsky, Paula e Bárbara.
Primeiro: eu precisava melhorar – e muito – a beleza física desse grupo. Danilo – um dos colunistas que nunca escreveu – é feio de dar dó. Cerestino, também aluno meu, coitado, percebeu desde cedo que para conseguir um amor precisaria da lábia da poesia. Ainda bem que escreve bem. Eu, por sua vez, sempre fui um Godzilla com cavanhaque, os irmãos André e Marcus Vinícius também são exóticos. O grupo, antes, é fisicamente feio. Agora, a coisa toma outro rumo. E além de serem lindas, são fantásticas, inteligentíssimas, e escrevem bisonhamente lindo. Cada texto se mostra ímpar, tanto quanto aqueles que corrigi como professor, quanto aqueles outros que li de produção própria. São de chorar multidão, de uma sutileza e catarse para lá de assombrosos. Algo que até os nossos escritores aqui têm, mas que possui aquela visão masculina, densa, pugilística. Elas são flores em ventania forte.
Bárbara é a observadora, eloquente e firme. Precisa. Paulinha é a vivente, catalisadora. Também precisa. Nasceram com a mão afiada e com o lápis pronto. E o pior, as duas têm um sorriso para lá de contagiante, de dentes muito brancos, bem contrário a esses amarelos meninos de sorriso de Coca-cola. Elas são caviar de qualidade em festa de rico. Nós somos pastinha de soja em festa de emergente. Antes de mais nada, eu não estou desmerecendo os autores que temos, eles são fina flor, mas elas são a flor fina num jardim só verde.
Bem vindas, Paula e Bárbara, ou como ficarão conhecidas, as Irmãs Zdanowsky! E coloquem todos aquelas prosas e poesias que já me fizeram chorar sozinho no banheiro do Pré-universitário de Araruama. Nunca tinha confessado isso, pois às vezes eu preciso manter a máscara de rude, mas é só máscara mesmo.

(N.A.: Tenho que confessar algo, eu nunca consegui conversar plenamente com elas. Eu travo. Com as duas. Eu as acho divinamente fenomenal, e minha timidez acaba falando muito mais alto. Um dia talvez todos me entendam.)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Aconchego e Mar

Sinto
Você por perto
De peito aberto
Me aconchegar

Prevejo
O teu desejo
De ter meu beijo
Com cheiro e cor de mar

E quero
De um modo certo
Te ser eterno
Enquanto eu durar

Mesmo
Assim singelo
Que o nosso elo
Possa concretizar

O mais
Sincero e puro azul
De um vento forte e sul
Que chega a divagar

Disfarçando essa minha solidão
Me dando aconchego e mar...
Soprando aconchego e mar...
Nos teus seios... aconchego e mar...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sexta às nove (28)

Sua dose semanal de remédio musical.





Estava conversando com meu amigo Andy Freitase este me disse o seguinte





Realmente. Por isso deixo-vos com a música "Do the evolution"


Confesso, vergonhosamente, que não conheço muito do Pearl Jam, mas essa música deles me chamou atenção para algo que venho tido contato aqui na faculdade, nas aulas de filosofia e em algumas leituras a parte: a grande decepção do homem com o homem.


Resumindo: até o século XIX o homem moderno acreditava piamente, e isso pode ser constatado explicitamente na filosofia positivista, que o progresso e o desenvolvimento máximo do homem resultaria no progresso e no desenvolvimento máximo da humanidade, do mundo. A razão pura, o pleno conhecimento, o desenvolvimento intelectual e em todos os outros sentidos faria do mundo um lugar melhor.


Duas Guerras Mundiais e a Guerra Fria provaram violentamente o oposto.


E do the evolution, para minha surpresa, satiriza um pouco a evolução* em que tanto cremos.


Repetidas vezes Eddie Vedder grita feroz e metalicamente: it's evolution baby!


E a ironia se faz pelo que ele atribui a evolução, em trechos como:


"eu sou o primeiro mamífero a usar calças
eu estou em paz com a minha luxúria
eu posso matar pois em Deus eu confio"


Uma das poucas vezes em que o clip caiu tão bem pra uma música.


Aproveite.


*Sim, pois se algo evoluiu, se presupõe que esse algo melhorou. Particularmente creio que nós passamos por uma "involução". Creio mesmo que estamos perdendo a capacidade lógica e que estamos cada vez piores, lutando para manter a sanidade.  Em matéria de inteligência, me assombra muito mais erger uma pirâmide no meio de um deserto sem dispor de computadores, guindastes e tratores do que inventar mais um chip com um tanto a mais de memória e que vai fazer a internet um tanto mais rápida.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Segundas de Literatura VI



Lucidez é uma coisa para poucos.

E esse é um dos poucos que possuem uma clareza límpida e tranquila. Tal qual sua voz traduz.

"Literatura é isso. Literatura é sua expressão verbal tornada em utilidade pública"

Affonso Romano de Sant'anna

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sexta às nove (27)

Sua dose semanal de remédio musical.



Estou cometendo um crime.

Estou postando a mesma música que postei a 3 semanas atrás. E propositadamente. Sou indesculpável.

Mas me entendam.

Sivuca é conhecido por sempre se esforçar em colocar o acordeon entre os instrumentos sinfonicos.

Quando, num passado distante, foram escolhidos os instrumentos que fariam parte de uma orquestra, os instrumentos foram selecionados de acordo com o seguinte critério: altura. Os instrumentos com maior potência sonora entraríam, os de menos, estariam fora. Por isso entre os instrumentos de cordas dedilhadas (violão, alaude, etc) e os de cordas arqueadas (violino, violoncelo e companhia) ficaram os segundos mesmo o violão tendo participações. Entre a flauta doce e a transversa, ficou a transversa. A sanfona deveria ter entrado!

E pra corrigir esse erro, nasceu Sivuca.

O título do DVD do qual esse vídeo foi retirado fala por mim: Sivuca - O Poeta do Som.

Aproveite.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Segundas de Literatura V



Cristóvão Tezza,

Neste leve trabalho de pesquisa que faço, burilando imagens videográficas, eis que me encontro com esse vídeo. Ele é mais um laureado com o Prêmio São Paulo de Literatura. E essa entrevista para lá de espirituosa dá uma boa apresentação dinâmica do que ele coloca em papel.

Este é mais um que merece ser lido em sua plenitude.

Ainda não o li, vou confessar, mas encontrei boníssimas críticas ao Filho Eterno, esse que o trouxe para frente das câmeras. Merecidamente.

Aproveitem

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sexta às nove (26)

Sua dose semanal de remédio musical.



Luís Gonzaga. O rei do Baião.

Uma vez li que Luís Gonzaga disse que gostaria de ser lembrado como o sanfoneiro que cantou para o povo. Os causos do povão.

Esse vídeo, já vou avisando, só tem musica nos últimos minutos. Se você quizer só ouvir a música, pode adiantar, mas ouça meu breve apelo.

Desaprendemos a ouvir histórias. E como perdemos juntamente com esse costume. Nossas histórias hoje são fragmentadas, ágeis e cedem tempo para comerciais da polishop! Seguem o modelo televisivo. Informações rápidas, passadas fragmentadamente e superficialmente. Daí o estranhamento, a leve inclinação que sentimos de não ler certo livro por ser tão grande. Damos tanta importância e relevância aos "avanços" tecnológicos, erroneamente associamos isso a um avanço do homem.

Contar histórias é comunicar.

E como uma música fica mais gostosa depois de saber que causo a causou!

Aproveite.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Segundas de Literatura IV




Bem,

desta vez não é bem uma entrevista não, mas um vídeo de uma escritora de mão cheia.

Colunista do Trema Literatura, ela mostra ter uma disposição para pensar arte como nenhuma outra. É um daqueles fenômenos que conhecemos ao longo da vida, como Tati Carlotti, Eloise Porto, Amanda K.

Só vendo para conferir. É uma loucura só.

Só um outro escritor me deixou tão perplexo assim: Paulo Castro. Pugilistas literários.

Aproveitem,
Beatriz Bajo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sexta às nove (25)

Sua dose semanal de remédio musical.



"... não sabe a força que tem"

Djavan, senhoras e senhores. [e Calixto!]

Fala sério, o cara sabe fazer uma música de amor.

E a voz dele, rompendo o instrumental... "O que há dentro do meu coração" quase como mostrando tudo o que há no coração, forte, arrebatador, vindo de dentro das entranhas, agudo!

Mas minha parte favorita é:

"Aqui ou n'outro lugar
que pode ser feio ou bonito
se nós estivermos juntos
haverá um céu azul"

Djavan participou muito da minha iniciação na MPB. Quando lutava para conquistar aquela que hoje encarna a poesia na minha vida. Foram muitas músicas. =]

Foi bom ter lembrado desse Alagoano de Maceió.

Aproveite.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Segundas de Literatura III



Marcelino Freire

Esse também é da série, Grandes Escritores Contemporâneos - e que conheci em São Paulo.

Por Marcelino eu tenho um apreço. Ele foi quem abriu portas para um grupo de jovens metidos a besta para divulgar literatura em outros ares tupiniquins.

No meio da noite, caímos em um sambão em plena São Paulo. Para minha surpresa, havia mais do que qualidade no sambão, havia gentes pensantes em excesso. Uma noite inesquecível acompanhados de Claudinei Vieira - outro que lançou um bom livro a pouco - disse-me um amigo, eu ainda não tive a chance de ler.

A única coisa que sei mesmo, além de bom escritor, por onde ele passa há pessoas rindo. Ele traduz uma felicidade elegante e doce. É ótimo para se escutar e conversar. Ler é um prazer para lá de imensurável.

Aproveitem-no

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Sexta às nove (24)

Sua dose semanal de remédio musical.



Confesso meu apego a pátria quando o assunto é música.

Os tropicalistas como Caetano podem rir da minha cara dizendo mostrando o de fora e brasileirando tudo, mas recentes entrevistas só fizeram confirmar que não devo levar Caetano a sério.

Mas falando da música, dois coelhos com uma cajadada só.

Uma canção de Sivuca, um grande mestre da Sanfona, e o grupo, até semana passada desconhecido por mim, Clã Brasil. Um grupo de meninas que mandam muito bem!

Um forró pé-de-serra que faz bem pra alma.

O Forró e o Baião tem o cheiro seco do Nordeste. O Xote te agarra, e não tem jeito, tem uma lábia que conquista qualquer que dê [atentos] ouvidos.

O que seria do Brasil sem o Nordeste!

Bom pessoal, deixo vocês com a facilidade musical de Sivuca e os meus desejos de um dia estar postando o Sexta às Nove d'um recanto do Nordeste desse país lindo.

Aproveite.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Segundas de Literatura II



Com vocês, Altair Martins.

Desde o dia em que foi publicada sua vitória no Prêmio São Paulo de Literatura, eu venho acompanhando o trabalho deste jovem escritor. Como disse uma vez, eu sou movido por memórias, por instigações. Lembro-me em uma aula de Antônio Torres que os atuais não leem seus contemporâneos, os atuais. Isso me mexeu muito. Como estudante de Letras, a sua afirmação era real. Eu não sabia quem eram os novos escritores. Conhecia os do século XIX, alguns já consagrados do século XX, mas e os que estão a caminho da consagração?

Eis um aqui.

Dono de uma literatura pensativa, instigante. Sua entrevista é uma aula a parte.

Aprendam!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexta às nove (23)

Sua dose semanal de remédio musical.



Estou aprendendo sanfona. Essa música já é meu projeto.

Marcelo Camelo, em seu CD solo: SOU.

A beleza com que Marcelo fala da esperança transcendente nessa canção, pra mim dispensa comentários.

a progressão dos acordes lembra um reggae, mas também algo circence.

E o acordeon dá o toque final.

Obra prima.

Marcelo Camelo é um dos grandes compositores Brasileiros. Só não é O grande porque o Chico ainda está vivo. =]

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Segundas de Literatura I



Resolvi começar uma nova coluna aqui no Pictorescos. Havia um detalhe que achei estar deixando de lado: a discussão ao novo, ao empolgante, àquilo que move a roda de raciocínio. Por isso, seguindo a fórmula da Coluna de Cerestino, resolvi entrar num campo que entendo - haja vista eu ser um músico para lá de questionável, mas fã a ponto de estudar literatura. Colocarei semanalmente uma grande entrevista de escritores. A priori, não irei restringir à literatura brasileira, já que o foco aqui é discutir esta arte ao longo do nosso tempo. Por sermos viventes - ou vítimas - de um mundo em eterna expansão capitalista, gostaria de demonstrar exemplos de escritores que me chamam a atenção pela qualidade quase surreal, transcendental de suas obras.

Hoje veremos Luiz Ruffato.

Eu o conheci pessoalmente há um cabo de três anos quando do lançamento da Revista Bagatelas em São Paulo lá na Mercearia. O que mais me chamou a atenção foi sua simpatia. Era ma pessoa de uma conversa muito boa, vigorosa, bela. A entrevista acima, feita para um programa mantido pelo banco Itaú, é também esplendorosa.

Espero que gostem.

O Fim da UNIBAN



Não sou a favor do fim desta Universidade, mas que foi um atentado à liberdade o ato praticado coletivamente, isso sim foi. Esse bom vídeo é uma síntese de uma crônica, que resolvi não escrever, mas agora o fiz.

Beijos

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sexta às nove (22)

Sua dose semanal de remédio musical. Consertado. rsrs



Bob Dylan, senhoras e senhores.

Essa canção introduz um filme igualmente maravilhoso: Watchmen. Um clássico dos quadrinhos de heróis. Apesar de preferir os quadrinhos da Marvel aos da DC, em Watchmen a DC não se superou, ela superou a todos, definitivamente.

Tendo como contexto a fervente corrida armamentista da Guerra Fria, A música tema não poderia ter sido melhor escolhida.

The times they are a-changin' é a denúncia e a sentença não só aos EUA, mas ao modo de vida Capitalista.

Ideologias a parte, Dylan fala por mim [e creio não só por mim]:

"For the loser now
Will be later to win
For the times they are a-changin'."

"Pois o perdedor agora
Será, depois o vencedor
Pois os tempos, eles estão mudando" *

*ou numa tradução mais literal, me parece "os tempos, eles são uma mudança" mas nessa Calixto me ajuda.

Aproveite.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sexta às nove (21)

Sua dose semanal de remédio musical.



Chico Buarque com mais uma pérola.

O jogo de versos que ele faz é primoroso.

Coisa que só Chico faz! rs

Aproveite.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O TEXTO IMAGÉTICO – A LEITURA A PARTIR DE IMAGENS


Resolvi escrever uma crônica diferente. Algo como se fosse um artigo. Como pesquisa, resolvi mostrar para vocês.

O TEXTO IMAGÉTICO - A LEITURA A PARTIR DA IMAGEM
Nas discussões que se desenvolvem sobre a leitura, buscando determinar quem é o responsável pela construção de sentidos dos textos, o eixo se desloca ora para o leitor, ora para o autor, ora para o texto, ora para a interação desses fatores, ou para outros tantos que os ultrapassam. Dependendo da ótica que se adote, as respostas se polarizam numa ou noutra dimensão. Não se trata de entrar nessa polêmica, mas de buscar determinar o papel que a forma desempenha para a construção do sentido do texto.

A Força da Forma

O discurso não se faz fora de uma forma, e, mesmo que ela seja estudada demoradamente, pode levar para pontos não desejados, indício de que as formas falam, dizem coisas que estão para além do leitor (que muitas vezes não percebe, por não ter como pensá-las) ou do autor (que diz coisas que jura não ter dito). No caso do discurso imagético, pode-se postular que a forma com que ele acaba vindo a público seja fruto da reflexão do produtor e que as formas sejam definidas a partir de uma forma de concepção social, tanto sobre os objetos costurados, como sobre as pessoas, delicada e manipulativamente enredadas.
O discurso, nesse sentido, é a constituição de uma trança feita pelo ourives, que, no fim do trabalho, constrói uma jóia rara, cuja compra dependerá da habilidade de sua arte, da sua competência em construir diferenças, das marcas que deixa impressas sobre ela, dos índices de seu maior ou menor trabalho artesanal. Levar em consideração o papel que a forma desempenha no processo de interpretação do discurso é ter para com ela a atitude que se deve ter com relação às formas físicas das obras, sendo necessário buscar compreender como elas afetam “o processo de construção do sentido. Compreender as razões e os efeitos dessas materialidades remete necessariamente ao controle que editores ou autores exercem sobre essas formas encarregadas de exprimir uma intenção, de governar a recepção, de reprimir a interpretação”. Perceba por exemplo os quadrinhos acima. Há uma soma de texto verbal e de não-verbal, criando uma iconoclastia entre si. Uma fada afirma não existir a fada dos dentes. Essa se intitula a fada da verdade e por isso não teria mesura ao medir palavras e afirmar para uma criança – no caso um recém-nascido – de que o amor de seus pais não mais existe, pois foi ela quem destruiu. A mensagem ganha força, pois a fada – em caracteres masculinos – fuma e tem a barba por fazer, ampliando o sentido de descrédito à humanidade, o que faz ter menos sensibilização em dizer a verdade.
No mundo da leitura imagética, a fusão entre verbal e não-verbal toma conceitos amplos, criando novas formas de interagirmos com o mundo. Perceba como as imagens abaixo representam um aspecto cultural de interpretação. O símbolo da tecnologia é um computador – tanto um desktop quanto um laptop – a alimentação é representada por uma pizza, algo que se fosse nos anos de 1960, bem antes da popularização desta, o símbolo não traria resultado. E há ainda vários pontos que podem ser levantados na maneira como a imagem se cria. O que se pode pensar de uma televisão de LCD ao interpretar Cinema e TV? Ou o que se pode pensar na questão do sexo apresentar os símbolos de macho e fêmea, em que o símbolo masculino encontra-se em cima? Por que um relógio representa cotidiano? Ambiente é somente uma árvore? Por que esporte se apresenta em um quadrado verde com uma bola de futebol? Por que em religião há alguém rezando?


Comunicação através de símbolos gráficos

O uso da simbologia é uma forma de comunicação não verbal, por exemplo: sinalização, logotipos, ícones, são símbolos gráficos constituídos basicamente de formas, cores e tipografia. Através da combinação destes elementos gráficos é possível exprimir idéias e conceitos numa linguagem figurativa ou abstrata, o grau de conhecimento de cada pessoa é que determina qual a sua capacidade de interpretação entre a linguagem não verbal para uma linguagem verbalizada, falamos do uso dos símbolos (linguagem não verbal) e seus significados (linguagem verbal). As cores mais utilizadas neste processo são àquelas de maior contraste cromático, tais como: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, branco e preto, tanto isoladamente com combinadas entre si. Um exemplo, é o uso de amarelo e preto para comunicações na área de segurança rodoviária.

O TEXTO IMAGÉTICO NAS ARTES.


O quadro ao lado pertence ao pintor Salvador Dali, um dos expoentes do Surrealismo. Perceba que no caso dela, há apenas um olho humano – com olhar fixo, sem estar ligado a um rosto humano. Este olho se encontra flutuando em um ambiente inóspito, como se pertencesse ao horizonte, tal qual o Sol ou a Lua. Porém, todo seu brilho está atrás dele, e não a partir dele. A mensagem, nesse caso, vem da percepção de um olhar longínquo, distante, triste, minguante, como se estivesse a chorar na solidão. O Surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido primariamente em Paris dos anos 20, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo, reunindo artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e posteriormente expandido para outros países. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Seus representantes mais conhecidos são Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plásticas, André Breton na literatura e Luis Buñuel no cinema.
As características deste estilo: uma combinação do representativo, do abstrato, e do psicológico. Segundo os surrealistas, a arte deve se libertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência cotidiana, expressando o inconsciente e os sonhos. O principal teórico e líder do movimento é o poeta, escritor e crítico francês André Breton (1896-1966), que em 1924 publica o primeiro Manifesto Surrealista. Uma das principais idéias trabalhadas pelos surrealistas é a da escrita automática, segundo a qual o impulso criativo artístico se dá através do fluxo de consciência despejado sobre a obra. Ainda segundo esta ideia, a arte não é produto de gênios, mas de cidadãos comuns.
Na mesma linha segue a capa de uma peça de teatro sobre o criativo e genial poeta brasileiro Paulo Leminski, criador de uma poética totalmente própria, que trabalha com desconstruções e reinvenções, fonemização e liberdade. A imagem ao lado traz características da construção surreal, até pelo teor de declaração, em que A razão, senhora de toda frieza, ali, com Leminski, iria delirar. Abaixo um poema dele:

SE
(Paulo Leminski)
se
nem for
terra
se
trans
for
mar

Perceba que questões de mensagem e imagem se fundem em uma poemização profunda. Afirma-se que se não for terra, não há também de ser mar. Ao mesmo tempo, temos se Trans – algo substantivo – deixará de ser mar, descontruindo, destransformando a palavra Transformar. Para conseguir criar essa mensagem, as palavras foram dispostas – ao mesmo que as sílabas – uma abaixo das outras.
Como imagem, o texto possui simplesmente a pluralidade. E deve ser a partir desse senso que a interpretação deve se valer. Por isso, o estático aqui não deve ser colocado em ponto, mas sim a pura e simples síntese a partir do excesso. É a tônica básica da hipertextualidade.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sexta às nove (20)

Sua dose semanal de remédio musical.



De Bob Marley, One Love. Por Playing For Change.

Playing for change é um projeto simples porém muito bonito: um bando de músicos pegou seus instrumentos e seus melhores equipamentos de som e saíram nesse mundão a fora fazendo música.

Para Saber mais e caso queira adquirir os materiais desses caras, visite a página do Paying For Change.

Porque o mundo precisa de paz e de música, muita música! =]

Aproveite!

Crônicas – A Era desta Guerra – texto II

Sexta-feira à noite. Recebi a pior resposta para o excesso de trabalho. Depois de um dia exaustivo e problemático – até pelo excesso de chuva deste dia 9 de outubro – tarde da noite minha filha me esperava acordada. Há pelo menos dois dias não parávamos para ficarmos juntos. Como está crescendo, ela tem se apegado mais, dormido comigo, até afirmando que sou seu namorado. Sabe-se bem que isto é da fase, uma identificação aliada a uma disputa com a mãe pela atenção do pai. Normal. Mas a fatídica cena de encontrá-la chorando na porta da cozinha foi um tanto salgada. Ela morria de saudades do pai.
Naquela sexta eu deveria ter pedido demissão de um dos locais em que trabalho, por motivos de saúde (momento metalingüístico – agora mesmo escrevi sem intenção mortivos, como se houvesse-me em mim a morte a espreitar). E não pedi. Gosto dos alunos, gosto do lugar, a pessoa para quem trabalho é ótima. Mas eu preciso diminuir a carga, por racionais declarações sinceras do meu médico. Foi até enfático, “Se continuar, você vai se fuder!” Abaixei a cabeça e ri, aquele riso do mais amarelo possível. Preciso mudar as coisas, apenas me disse. Só que ver minha menina – tão minha menina assim – chorar no meu colo dizendo, Papai, o senhor trabalha muito, foi um baque dos mais infernais. Eu não agüentei. Como eu a apertava. E ela não se distanciava de mim. Apertou-me as bochechas. Beijou-me. Foi categórica, pare de trabalhar, papai. O senhor tem que brinca com Sofia. Preciso reproduzir a fonemização de Sofia. Ela se chama por Tutia. Assim mesmo, o sinhô tem qui bincá cum Tutia. Singelamente violento.
Fiquei com ela sem pensar que sábado eu teria que dar aula às oito da manhã. Seguir com aulas até uma e meia e chegar podre mais uma vez. Transpassado pela dor do cansaço. Lá ela estaria de novo, energizada, querendo pular e pular com o pai, e este devassado por aulas que devem possui um padrão alto de qualidade. Aulas que desgastam. Aulas que massacram. Todos saem falando bem. Aula boa, professor. E lá dentro. Que saudade das meninas. Essa dupla jornada de trabalho – tanto no financeiro quanto no caseiro – são agonizantes. Racionalismo e vontade são realmente elementos dicotômicos. Por isso muitos são aqueles que apostam na Megassena. Hei de concordar que se eu a ganhasse, passaria mais tempo escrevendo, mais tempo brincando com a baixinha, discutindo os DVDS do Cocoricó, ou assistindo ao Peixonauta, que adoramos. Mas não tem dado. A vida é uma eterna soberba de mentiras, e quanto mais eu trabalho, mais me escravizo na tristeza de ser uma peça social com um bom salário. Esta tem outras amarras, outros pelourinhos, nesse mundo de consumo e vitrine. Só que os chicotes não ferem a pele, mas rasgam com muito esmero. Tutia não me segurava um chicote, nem me batia, ela só apenas declarou que é dona. Senhora de um engenho paternalista. Com o choro mesclado com sorrisos altíssimos – quem me conhece sabe que tenho voz estridente e Sofia puxou-me isso – ela acordou a mãe. Sabe o eterno olhar gelificante? Pois bem, esse mesmo me veio. Fiquei com elas até pouco mais do que uma da manhã e acordei bem antes de conseguir descansar. O que fazer? O café não estava pronto, nem me tinha o tempo para tal. Entrei no carro logo após o banho e fui ao trabalho.
No meu carro, os primeiros sapatinhos dela estão pendurados no retrovisor. São aqueles que me foram dados por uma aluna chamada Pádua. Sim, uma aluna. Uma vez mais eu estava em sala de aula, algo que era necessário, eu precisava pagar o parto da baixinha, mas fiquei com aqueles pares, ela pouco os usou. Naquela manhã, eles balançavam mais. Quase me chutavam. Pelo menos eles me mantiveram acordado para poder chegar ao trabalho. Eles eram a vociferação de alguém que estava crescendo sem a minha presença, mas que já sabia gritar todo o direito que a ela pertencia. Eu mesmo não podia fazer muita coisa. Sempre estaria avassalado. Aquele dia minhas aulas foram emotivas. Mais do que o normal. Em uma eu quase chorei, era ela ali a mim também. Enquanto eu interpretava uma catarse, no fundo, bem no meu lá, havia a síntese de uma rachadura que se firmava, e quanto mais me exigia a aula, mais a ferida se erguia. Aquelas lágrimas naquela aula eram o tanto de você, minha mocinha, que me disse Te amo, Papai, da forma mais enraizadora que você podia. Eu apenas queria te dizer, também te amo, Sofia. Dessa vez, papai já está voltando para casa.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um segundo momento – carência mal resolvida.

Não é de se esperar que um movimento se crie a partir de uma convicção. A internet foi a chance de se dar uma voz aos excluídos, aos não-cult, aos nerds e outros marginalizados. E eu, como mais um desses, não como síntese de todos, mas como um excluído natural, meu pedido antirromântico ainda está de pé. Como seria bom encontrar a síntese da vida em apenas uma única pessoa: você.
A você, que ainda não me existe, mas sei que foi feita para mim, eu sou você, e você é o meu eu. Já disse Cacaso uma vez, Eu e meu amor / fomos feitos um pro outro / só falta quem nos apresente. Com um título para lá de sintético, The End, também peço o fim, ainda o fim, do romantismo ortodoxo.
Num primeiro momento, eu até fui mal interpretado – mas meus leitores foram vítimas apenas de um texto sintético – não é o romantismo que se busca de fim, mas finalidade ao romantismo comum, cotidiano, gostoso de se viver. Esse mesmo romantismo que se vive de dedinhos cruzados, cabelinhos enrolados, carinho no rostinho delazinha. Enrolar os seus cabelos, pois eles não têm chance, são enrolados demais. Fazer carinho nela, pois o que se vem depois é mero caminho do cotidiano da vivência. Ver que seus dentes estão um pouco amarelos – o que tem? – puxar com carinho esse pelinho que sai do seu queixo por demais grande, eu os acho lindos. Não sou o Gregory Peck que a Deborah Kerr, mas se ela quer, que assim o faça. Nada de cruzes, medo, ou excesso de saliência, é apenas um equilibriozinho, daqueles bem docinhozinho de se ver. Ter a chance de escutar o seu cheiro – dúbio, não? – bem aqui no meu ouvidinho, quando você me vem com o nariz e me acorda – resolvida a dualidade?
Eu, que não sou personagem já-sendo, que escrevo o que não escrevo, o praticismo da praticalidade. Eu que te quero, que te amo porque te amo, sem razão já-justificada, nesse muito de um pouco. A você que existe, mas tão longe, acaba por não existir, a longínqua. O que eu realmente gostaria é de que todos e todas, sem preconceitos, apenas pelo simples júdice da felicidade pudessem viver, alheio a todos os defeitos. Mas somos dotados de julgamento, da problemática da comparação, e aí tudo se vai.
Peço, ainda, a todos aqueles que representam a marca da beleza do romantismo, com carinho, por favor, desapareçam, e deixem que os outros, esses todos, excluídos, possam também viver o caminho da felicidade mais simples, na pura desrazão do amor.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Constipação

Eu sou a favor do verbo-milímetro
Da vírgula-cicatriz
Da oração-simetria

Eu sou a favor da arte-esteta,
Da arte-ciência,
Da alopatia literária.

Tenho por consciência a palavra-Tyson
O substantivo pugilista
O hífen-socrático.

Eu sou a favor de todas as Artes
Que são vanguardas
Sem serem vanguardas.

Sou a favor do herói-egoísta
Do anti-herói altruísta
Dos todos não-tudo.
No mundo x-tudo sem bacon,
Da manteiga sem leite,
Todos os mundos são possíveis,
Até minha arte sem veia,
Mas com muito sangue e Areia.
Sei que minha arte não é Rock
Nem samba-sereia
Sinistra Arte-Candeia
Não vem de um subúrbio-sambista
Vem de um gosto egoísta
De ler a minha frase, a minha vida!

sábado, 17 de outubro de 2009

4000 acessos!

É com grande satisfação que afirmo que nosso blog chegou a 4000 acessos hoje. É uma conquista, um fato, uma certa coroação.

Graças à qualidade dos textos de todos vocês, conseguimos uma galera firme que nos acessa. Além de todos aqueles que já sabem quem somos e que gostam de ler o que estamos colocando. Esse é um viva a todo o Grupo Pictorescos.

4000 acessos.

(Acho que desses 3000 são meus! - risos)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sexta às nove (19)

Sua dose semanal de remédio musical.



O mundo pensava que sabia o que era o Jazz.

Até Miles Davis chegar com Kind of Blue.

Aproveite!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Crônicas – A Era desta Guerra – texto I

Depois de eu ter declarado tal guerra mostrada anteriormente, precisava, antes de mais nada, ter um assunto para poder travar o duelo. Mas já digo de antemão que este não será o tema que vai servir para todas as outras crônicas que vou escrever aqui para o Pictorescos. A priori, vou escrever sobre os ganhadores do Prêmio São Paulo de Literatura, algo que tem me chamado a atenção nesses últimos dois anos. A projeção que se ganha com o prêmio é muito maior do que outros prêmios um dia sonharam. Os seus criadores desde o início quiseram essa projeção, algo que chama a atenção de maneira frenética e avassaladora. Conseguiram. O prêmio conquistou renome, credibilidade e, sobretudo, a amplitude que é necessária para obras de grande peso e publicação. Além do mais, dá uma visibilidade a novos escritores, aqueles que só seriam descobertos por vorazes leitores ou quando houvesse o tempo a chamarem-nos à importância.
Eu mesmo sou um leitor que busca os novos. Lembro-me bem de uma aula de Antônio Torres lá na minha UERJ, quando afirmou que os contemporâneos seus não liam os autores contemporâneos. Tomei aquilo como uma bandeira e saí à procura de novos na internet. Primeiro, não havia um portal ou algum site que pudesse resumir tal busca. Porém, minha sorte foi ter encontrado o pessoal das Bagatelas e ali ter conseguido um espaço. As Bagatelas abriram portas inimaginadas, antes apenas sonhadas em pedidos a Papai do Céu, em roda de Curimba e outros apetrechos que aliviam e trazem paz momentânea. Com eles, descobri o mundo maravilhoso da publicação, da descoberta, do conhecimento de perto de escritores, autores, artistas dos mais diversos calibres, e nenhum deles dotados apenas de sonho, mas de um talento acima de qualquer suspeita. Destaco dessa época o Botter, Paulo Castro, Marcelino Freire, Claudinei Vieira, Vidal, Flávio, Tati Carlotti como os mais talentosos dessa safra de conquistadores. Depois me vieram os Paralelos, outros feras, outros baratos também. A própria Cecília Gianetti – se me não engano – era do grupo. Ela foi laureada, ano passado, merecidamente, com o prêmio SP de Literatura. Ainda não tive a chance de lê-la, o ano anda – como sempre – muito corrido. Mas lê-la-ei. Tal qual descobri o Tezza, agora o Altair Martins. Na internet – essa matadora de dúvidas – consegui ler os dois primeiros capítulos do livro de Martins. Prêmio merecido como escritor em seu primeiro romance. Esse, realmente, tem um futuro certo, se não cometer enganos.
O bom desse prêmio não é somente a chance, mas também a qualidade. Eu consegui ler o que eu sempre gostaria de ter lido. Já devorei bons escritores como Faulkner, Woolf, DH Lawrence, Guimarães Rosa, o próprio Antônio Torres – só me faltam dois livros deles para eu fechar sua obra, meu problema é o Cachorro e o Lobo, um fenômeno – Adonias Filho – Graciliano Ramos e sei lá mais quantos. O problema de lê-los é saber que um dia você chegará ao fim de sua obra. Antônio, pelo menos, está vivíssimo e produzindo. O Seu último livro, Pelo Fundo da Agulha, li ano passado, é de um bom gosto salutar. Mas agora eu consegui dar voz à minha bandeira e poder ver o que há de fino trato na produção iniciante no Brasil. Isso eu sempre quis mesmo saber. Com a minha época de Bagatelas, eu pude ler alguns prelos, outros em bonecas, alguns miolos, ter a chance de discutir antes da ideia tornar-se obra, ajudar, entreter-me pensando. Li alguns Independentes – que ainda no Brasil tem sinônimo de azarado ou obra de pouca qualidade. Um livro em especial – que até ajudei a analisar pontos ortográficos e gramaticais – é o Sonhos não passam disso, do Rodrigo Melo, outro de calibre em expansão. O livro é uma reunião de Contos da época das Bagatelas e outros inéditos. Não havia um conto ruim, nada de mediano ou qualquer outro desabono. Os textos eram perfeitos, e o título não deixa de ter um papel especial. Sonhos não passam disso parecia na verdade a declaração de uma publicação. A primeira obra é sintetizada a partir de um sonho. E que bom sonho era aquele.
Na verdade, aconselho a todos que entrem em algum site de busca e cate por esses do Prêmio SP de Literatura. Vá atrás deles e saiba quem são. Ler é enriquecer cabeça, dar moral ao neurônio. Sei que muitos estarão aí talvez afirmando que não têm tempo de ler. Mas eu sempre digo, há como ler cinco ou dez páginas antes de dormir. Desligue a televisão um pouco e parta para ler um livrinho. O importante é ler. Sempre que puder.

domingo, 11 de outubro de 2009

Fim ao romantismo mais balela.


Pois é, venho por meio desta pedir ao Conselho Mundial de Amantes Carentes o fim do Romantismo mais tradicional. Tal pedido se dá, pois vejo que foi o mesmo que trouxe as falsas inspirações da proximidade, o mal da imaginação ao amor maior, e principalmente, o ideal de belo do corpo perfeito.
Gostaria de que tal pedido fosse mesurado, pois nunca fui detentor do mais belo corpo – aliás, eu pareço o negativo do Tim Maia – e depois da falência de vários relacionamentos meus, vejo que o motivo foi exatamente excesso de imaginação de minhas namoradas, da idealização do mundo intransponível do amor sublime. Gostaria por deveras que se sacrificasse o Romantismo, não como um todo, mas o seu aspecto de imaginação prévia. Penso que seja melhor descobrir Romantismo com o tempo do que vivê-lo para depois ser deflagrado pela realidade.
Digo até que todos somos vítimas. Não sabemos mais como agir diante de uma possível amada – hoje traduzida como peguete – por usarmos as armas do Romantismo logo no início da conquista. Sim, somos carinhosos, apaixonamo-nos fácil, nossa paixão também é vítima do tesão, mas a carapuça do Romantismo nos faz trazer expectativas maiores à peguete, outrora amada. E assim se vai mais um relacionamento, datado, perecível, limitado, por mais uma dose de excessos românticos.
Peço o fim, pois eu não sei mais agir de outra maneira. Gostaria de um novo modelo de homem, algo que consiga despertar paixões belas, sublimes, até controláveis, mas arrebatadoras e duradouras. Sabe, algo que extrapolasse a barreira do 1 ano e meio, um relacionamento forte, firme, longevo. Não sei mais como agir para que tenha paz num único possível amor. Não possuo grandes dotes financeiros, por isso não posso apelas para a beleza dos Cartões de Crédito. Sou simples, gosto de samba e uma cervejinha. Sou Macunaíma travestido de Peri, sem tacapes modernos como carro ou roupa bacana. O que me sobra é a lábia, que está desgastada por promessas de paz duradoura, mas que não surtem mais efeito. Por isso, quero o fim do Romantismo, pois não agüento mais chorar pela existência da minha mais eterna bela. Por favor, peço carecidamente que considerem o meu pedido.

(Publicado originalmente em Trema Literatura - www.tremaliteratura.com)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sexta às nove (18)

Sua dose semanal de remédio musical



Segundo o Lexikon, iDicionário Aulete:

Invenção:
1. Ação ou resultado de inventar, de criar, de engendrar (algo); CRIAÇÃO: a invenção do avião.

2. Habilidade de inventar; CRIATIVIDADE; INVENTIVIDADE

Espontâneo:
1. Que se manifesta de maneira natural, sem premeditação, sem desvios; SINCERO2. Sem artificialismo ou afetação3. Feito sem obrigação, por iniciativa própria

E agora com vocês, o início do Show Invenções Espontâneas de Bobby McFerrin.

Genial, totalmente genial!!!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Declaração de Guerra!



Estou aqui declarando uma guerra ao Cerestino. Eu a estou declarando, na verdade, não contra ele, mas contra a sua volumosa contribuição sobre música aqui. Mais cedo ou mais tarde a seção dele vai passar o volume de crônicas aqui publicadas. Por isso, requisito todos os autores – inclusive o Cerestino – a escreverem mais crônicas, para que estas ainda mantenham a supremacia numérica de publicações, mas sei que há um problema. Enquanto que nossas crônicas – como quase a de todos os autores – vêm de uma situação vivida ou percebida, a música analisada por Cerestino vem de sua experiência como músico e coletor de bons exemplos. Mas estou preocupado, na área destinada a publicações, ele já deixou agendado mais 20 colunas, enquanto que a de crônicas tem só mais cinco. Por isso, estou declarando essa guerra. Não só para haverem muitas colunas de músicas, mas também muitas colunas de crônicas.
Numa tentativa de manter ainda a liderança, em nome da crônica, resolvi escrever essa declaração de guerra em forma de crônica. Coitada, ela que é o artifício de nossa análise sobre o mundo, de nossa perspectiva de vida, sem todos os floreamentos relativos à poesia ou conto, ela que é nossa prima mais próxima, nosso post mais sofisticado, está com medo de ser ultrapassada pelas vaticinais análises de Cerestino e sua firme capacidade de trazer vida a letras antes esquecidas no emjambment das músicas. Sabe quando você vê a tempestade chegando, com todo aquele volume de água, atrás de você nada mais do que um lago, e você na última ponta da superfície, equilibrado entre a tênue linha úmida e seca daquela areia que limita a insistência adolescente das idas e vindas das mais breves ondas, é isso, que eu sinto, que a crônica, como número de publicações, está sentindo. E lá no cerne de nossas colunas, as publicações programadas para virem ao ar, ela sente que não tem muitas chances. Mas se diz, ainda não estou em cheque, mas perdendo os meus peões.
Lá no fundo de nossas mentes cronistas, a crônica se resume, estão vindo os Trezentos de Esparta, mas nossa horda ainda é mais volumosa, nossos lutadores são mais experientes – digam-se velhos – e por isso vocês precisam colocar mais suas vicissitudes no papel. Escrevam com a firmeza de todos os tempos, coloquem seus dígitos a favor do teclado. Digitem-se, pois mais cedo ou mais tarde, Os Trezentos pontos de Cerestino irão nos passar, e aí, vocês, aglomerados de aulas e mestrados e doutorados, não terão a mínima chance com a força descomunal desse Sansão da Música, da percepção e da sensibilidade. Nós, como cronistas, peças da crônica, ficaremos para trás. E aí, nada mais poderá ser feito, a não ser continuar escrevendo timidamente, intimidados por todas as músicas bem colocadas e firmes, deliciosas como geleia de amora, mas incapazes de serem superadas em volume de publicação, pois eles estão tão lá na frente e nós aqui, esquecidos a um segundo plano. Por favor, ajudem-me, Crônica, a me manter na liderança.

domingo, 4 de outubro de 2009

Sivuca & Hermeto

Na garoa dessa tarde
sinto a morte me vir lembrar
que por hoje alegria foi bastante
e a tristeza da noite é par

É fato, hoje me alegrei
ri comigo mesmo
pro meu bem me confessei

Não há chuva que apague
nem trovão que me ponha medo
o Amor chegou e já está em casa
e fez da tristeza engano ledo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Sexta às nove (17)

Sua dose semanal de remédio musical.



Si, já fui fã e ainda gosto muito das músicas do Jack Johnson.

E como Better Together é emblemático, nada melhor que postá-la para vós outros.

Inda mais com um adendo latino do Buena Vista Social Club.

Uma coisa tenho de admitir, está estressado? Ouça Jack Johnson!

Aproveite!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Lividez.

Reafirmar que não tenho tempo para escrever pode soar redundante. Como o é. Mas para um escritor amador pela falta de uma banca rítmica financeira, mas profissional em sua vontade de ser escritor posso me dar a liberdade de afirmar minha redundância. O ato de gostar de escrever me leva sempre para os teclados. É uma forma de existir, ou de me manter vivo.
É engraçado como encontramos formas de julgar necessária a nossa existência. A vida é apenas um invólucro de carne, uma linearidade entre os órgãos, uma simbiose entre os fluidos. Distante disso, a vida é apenas a consistência de se manter vivo. Mas como humanos, a nossa carne se treme de consciência, e esta – essência da alma – faz com que nos modifiquemos em nossas convicções. Hoje estou aqui para escrever sobre a vida – ou a arte do equilíbrio do corpo.
Biologicamente sabemos que a vida é uma consideração dos sistemas. Quimicamente a vida é uma ordenação de Carbono Hidrogênio Oxigênio e Nitrogênio. Não mais do que isso. Astronomicamente a vida é uma consequência da morte de Estrelas, que puderam fornecer matéria química para a vida. Tudo bem, existem os seres unicelulares, unindo-se, multiplicando-se, até chegar a tudo que conhecemos. Religiosamente a vida é uma dádiva. Para outros, a vida é um claustro, para alguns apenas uma bela merda, mas na maneira que ela vem, ela vai. Tudo bem, mesmo com essa nova redundância, a vida é apenas um artifício dos equilíbrios, espinhado pela vida moderna e seus cânceres e violências. E como vivos, violentamo-nos para que a vida se faça vida, ou algo que possamos suportar. Transformamos nossa capacidade em clausura para outros, criamos um sistema de organização, trouxemo-nos o dinheiro, trocamos coisas em função de importâncias chulas e tudo mais que a modernidade trouxe de questionável – todos já sabemos. Mas a experiência de vida – o prazer – é que deve ser realmente a grande intenção de nossa consciência. E passamos a evitá-la. Houve uma propaganda que ousava afirmar que a vida só começa aos 55 anos. Sim, somente depois que se aposenta. Até lá você é escravo da sociedade, do mundo, da engrenagem que move as montanhas financeiras. Sempre me causou repugnância o fato de vivermos só para o dinheiro – apesar de já ter vivido para ele. O dinheiro é importante, mas ele não é o todo. Outra redundância. Só que o fato de vivermos as mesmas consistências tem me incomodado um pouco.
Não sei se devemos apenas ser burocracia. Não sei se devemos ser apenas dinheiro. Não sei se também devemos ser só amigos. A vida é um equilíbrio que deve respeitar suas ambições, e esta não deve ser sinônimo de dinheiro. Sei que o discurso já é de domínio público, mas certos clichês deveriam ganhar o patamar de pedestal. Este é um. Eu até estava esperançoso com uma possível Nova Ordem Mundial com essa questão da crise. Pensei que pudesse ver pessoas – um tanto número maior do que hoje – que vivessem a consciência de que o dinheiro deve apenas existir para sustento. Ele não é reflexo de sua grandiosidade. Até porque ser grande não é estar no mais alto andar de sua empresa. Tudo bem, você quis a vida inteira dirigir uma Ferrari – eu também quero – mas será que vale a pena se vender por tudo isso? Esse é meu ponto. Hoje eu trabalho para pagar os carros e a casa. Depois que terminá-los, vou pagar as viagens que quero. Não busco uma casa maior. Não busco o carro dos melhores. Gosto de carros. Gosto da casa. Mas sucesso é viver tudo no aumentativo?
Não quero apenas defender uma mesma bandeira. Mas a vida é apenas a consistência de que ela não é apenas peremptória, mas deve ser vivida como Carpe Diem. Sei que com o tempo haverá aqueles que possam pertencer a essa percepção. Até conheço alguns que escolheram essa filosofia por uma pura questão de escolha, não por limitação de suas capacidades. Tomara que isso se torne uma constância. Quem sabe, uma Nova Ordem. Sei que hoje escrevi autoajuda, uma nova redundância social. Mas e daí? A arte de escrever deve apenas retratar uma consciência. Nesse caso, minha vida é isso. Sorte minha que escrevi até aqui. Graças a Deus.

domingo, 27 de setembro de 2009

Na minha casa, a cama está sempre desarrumada

Ela já chegou reclamando, Por que você não arruma isso?, e evitei responder. Não gostaria de dizer para ela que estava terminando com a outra só para ficar com ela. E de quem é esse cheiro de perfume barato?, e também não respondi, apenas disse que eu estava fudendo.
Mesmo afirmando que não tinha respondido, dizer que estava fudendo é uma danada de uma resposta. Ela me deu uma porrada na cara, dizendo que isso não se diz, mas se sentiu condescendente quando viu que cuspia sangue. O seu Ai, Meu Deus, eu não queria isso me soou uma das melhores desculpas que ela já usou para se chegar até mim. Eu a beijei, enchendo-a de sangue firme. Ela revirou um pouco o rosto, mas não tentava fugir. Mesmo com gosto de sangue, eu sabia que sabia beijar bem. E sei que sim. Eu a beijei, como deveria beijar sempre. Até porque eu iria ficar só com ela, e ela era um trepadão. Eu deixei a primeira porque ela usava muito dente. Teve uma que teve a cara de pau de peidar debaixo do meu lençol. Achei aquilo um disparate. Respondi que no meu lençol peido eu. E ela foi embora, deixando a calcinha. Dei descarga naquela porra e apaguei seu telefone do celular. Sabe, não devia, pois ela me ligou dias depois dizendo que queria a calcinha. Disse que tinha dado aos cachorros, eles é que gostavam de cheiro de merda. Era gostosa – uma das vantagens da lábia – mas no meu lençol, só peido meu. Essa que me beija agora parece que sente o pacto de sangue se tornar mais firme. Chupando a minha língua, como se fosse algo terapêutico, acabou engolindo meu dente. Agora estamos juntos, disse eu, abrindo meu zíper.
Saiu da minha língua, deixou o protocolo da minha barriga – nunca fui muito fã desse negócio de passar a língua pela minha barriga, até porque era a parte mais feia do meu corpo, parecia que toda mulher que me beijava a barriga estava dizendo que aceitava a minha feiura e fodia assim mesmo – e caiu de boca no fato. Não vou dizer que eu estava intumescido, porque eu não estava, tinha fudido por duas horas antes dela chegar. Mas ela é mais gostosa, sabe o que fazer mesmo. Eu ainda cuspia sangue. Pelo menos, essa não morde, pensei.
Não tava muito afim daquilo não. Eu a puxei pra cima, a joguei pra cima da cama, ela espirrou, o perfume que tava era barato mesmo – mulher fresca ducaralho, perfume barato faz a gente beber mais cerveja no final do mês – mas era ela quem eu tinha escolhido. Nunca consigo esquecer o dia em que vi aquele rabo pela primeira vez. Tinha muito pentelho, eu sei que você sabe, mas e daí? Não era uma bunda linda? Não me pergunte como tive fôlego para comê-la por mais uma hora. A outra já tinha me feito gozar por três vezes, aquela seria a quarta. Um bom número para uma brisa de segunda-feira. Amanhã eu ia ter que voltar a procurar emprego, tentar pagar a porra do aluguel do barraco, essa favela é por demais calma, aqui os safados não vendem com fuzil. Eles têm página na internet e delivery com motoboy. Ainda vinha uma pizza junto. Era barato. Quando eu queria uma pizza mesmo, eu tinha que avisar que era para vir com Guaraná.
Ela encravou a unha na minha perna. Eu gostava quando ela fazia isso. Te juro que preferia quando ela agarrava assim a minha bunda, quando me engolia todo. Mas na perna é também maneiro. Era uma coisa que eu pedia sempre, não me arranha, só pra essa poder me arranhar. Ela tinha um jeito especial de colocar as unhas. Não sei o que ela fazia, mas não infeccionava. Deixava apenas aquele gosto gelado do arranhado, uma sensação boa de dor leve, sem sangrar, mas com o tom vermelho da unha que se desenhou ali. Gosto da foda com dor, mas não sempre. É bom deixar a rola esfolada. Sabe, aquela dor de inchado. Assim como fica quando se é arranhado. Pois é, eu gosto.
Na segunda arranhada ela gozou. Deu pra ver como o meu ficou todo cheio de leite. Ela também tinha esse diferencial, gozava mermo. Sem dó, nem piedade. Eu gosto dela porque até fodendo ela é sincera. Com o tempo, você vai ver que mulher sincera é melhor, porque ela não fica naquele caozinho de dizer um não romântico. Não sou muita fã dessa melaçãozinha não. Ta vendo esse botãozinho? Põe aí, vai? , não tem como não ficar apaixonado por uma mulher dessa. É engraçado, não pensei que fosse me apaixonar quando estivesse assim, coroa. Disse que ia gozar. Ela não me deixou sair dali de trás e disse pra não ter piedade. Era bom, pois assim sabia que não ia ser pai, a não ser que ela ficasse corcunda. Gozei pouco, mas gozei. Ainda ter porra na quarta trepada é um fato que merecia festa.
Depois da foda, ela dormiu. Eu nunca consegui. Precisava ficar andando, balançando o meu para ver se desinchava um pouco. Não durou nem dez minutos quando recebi uma mensagem no telefone. Terminei com ele. A pensão será boa. Tô arrumando as coisas. Passo a noite aí, ctg. Espero que não teja com sonu. Bjus. Não podia deixar aquela com quem eu ia passar o resto da minha vida comigo ali dormindo. Eu a acordei. E terminei tudo, pois ainda não era a hora de amá-la para sempre. Não agora.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sexta às nove (16)

Sua dose semanal de remédio musical.



Essa canção é de Luiz Tatit. Esse cara é um professor universitário que estuda, dentre outras coisas, como as palavras, agrupadas de certa forma tem melodia própria. Se é possível fazer canções com o mínimo de melodia e explorando as palavras ditas puramente. Será que dá?

Zélia Duncan Responde! rs

Aproveite!

sábado, 19 de setembro de 2009

ANO I – Meu primeiro aniversário.

Falei isso para um amigo e ele ficou chocado: nunca gostei de meu aniversário. Esse amigo em particular é daqueles homens carpedianos, que pensam que a vida vai acabar no próximo segundo. Por isso, ele vive uma plenitude ininterrupta, quase bacante, inimaginada. Eu não. Para mim, a comemoração do aniversário era apenas uma formalização do nascimento e que servia para comemorar a data em que veio ao mundo, e não a velhice, a conquista de mais um ano, a graciosidade de se fazer vivo. Porém, agora vivo algo diferente: eu vivo a minha casa.
É como se eu tivesse acabado de nascer. O mundo é meu, da minha filha e da minha esposa. Sabe, todos os meus aniversários eram coadjuvantes de alguma outra comemoração. Pelo que me lembro, ou eu comemorei junto com meu irmão, Fabinho, ou com meu pai, meu Seu Luis, que faziam um mês antes ou um mês depois. Nunca era na data mesmo. E as comemorações, quando exclusivas, respeitavam certas limitações financeiras pelas quais a família passava. Então, o que há de se comemorar? Lembro bem o meu aniversário de dez anos. Foi para gente uma época ímpar, porque os meus pais resolveram criar-nos em uma casa. Compraram um terreno na mesma rua de nosso apartamento, fizeram uma casa que levou mais tempo do que deveria para ficar pronta, em certa época, a limitação de grana foi tanta que eles viraram pedreiros. Lembro também o fato de eu ter que fazer sanduíches para eles conseguirem suportar a fome – assim afirmavam. E num dado momento, no apartamento em que morávamos de aluguel – pois o outro fora vendido para custear ainda mais aquela faraônica obra – eles me fizeram uma festa. Linda, por sinal. No fundo, na filmagem – feita por um vizinho – havia Emílio Santiago cantando horrores, e o refrão “Anoiteceu, olho pro seu beijo, como é bom” tornou-se um tanto metafórico, pois eu fazia dez anos, uma década, uma nova perspectiva. Aprendi ali que não devia pedir nada aos meus pais, por causa do esforço que faziam. Passei a trabalhar cedo para não dar mais custos a eles. Senti que era um dever meu ajudar a criar os outros dois. Eu era o primeiro, precisava não somente dar o exemplo, mas apadrinhá-los como meus. E somente hoje eu vejo a raiz do meu vício pelo trabalho. Papai mesmo um dia me perguntou o porquê de eu não pedir nada a eles, não soube responder. Acho que encontrei o motivo agora.
Eu não curti nada daquela festa. Não que tenha sido ruim, lembro meu padrinho rindo de se acabar, meus primos, dos dois lados da família, por lá. Não lembro o bolo, não lembro os salgadinhos. A filmagem substituiu minhas memórias. As duas únicas coisas que me lembro daquele apartamento é meu irmão com o dedo inchado por causa de uma abelha e meu outro irmão, o Riquinho, tentando estancar os ininterruptos sangramentos do nariz. Famosíssima adenoide, que voltou ao lugar, como que por mágica. Mais tarde, nessa mesma casa, lembro um outro aniversário que vivi junto com meu pai, era a data dele, amigos de minha mãe, uma ex-namorada minha, um punhado de amigos que fui pegar, nada de muito. Uma amiga da minha mãe, a hipocondríaca, afirmou que minha namorada era até feinha. Tadinha, não era não. Mas ela contribuiu e muito para minhas descobertas vindouras. Aquele havia sido meu último aniversário acompanhado de meus parentes diretos. Nem hegemonia na minha data eu tinha. Eu a dividia com a filha de um amigo do meu pai.
Depois disso, meus aniversários eram coletivos a sogros. Eu não era o motivo da comemoração. Tuninho, esse meu O SOGRO era dia 17 de setembro. Com ele, não vou negar, até curti algo, mas pena que foi pouco. Só que a conversa que tive com o amigo sobre a comemoração me despertou. Somada a minha esposa estar combinando com minha mãe uma comemoração modesta – nada de excessos, graças a Deus – e agora o fato da vida ter se tornado completa, passei a ver a data com outros olhos. Esse ano será num sábado o 19 de setembro, hoje, e como sábado que é, será um descanso. Um descanso de todo esse turbilhão inapropriado que criamos para nós mesmos e que agora merece uma reinvenção. O aniversário, que será na minha casa, será meu aniversário. Renasço aos 30 anos, número que já me fez escrever um não sei quanto de textos aqui retratando a perspectiva que se cria aos 30. Agora, como útero literário, crio um renascimento com o fim de poder saborear mais a vida. Porém, não irei influenciar o que irá acontecer nele. Quero apenas que venham, curtam a casa como estarei curtindo, se quiserem cair bêbados, eu ficarei muito feliz. Se quiserem passar a noite, também será de muito agrado, pois eu a comprei com tais dimensões não à toa. Antes eu era um misógino misantropo, fechado na desculpa da inadaptação ao mundo, apenas dando voz à minha timidez persistente. Ainda não a venci, sou tímido bagarai, sinto aquele eterno medo de falar com pessoas novas, com as quais não me acostumei. Ainda sofro de menos valia, que suponho que nunca será vencida, mas apenas a demonstro aqui no texto. Lá na casa comemorarei um novo bem-estar. Pensei que nunca fosse vencer isso, mas consegui. Quem disse que precisei de terapia? Tudo bem, eu tive um terapeuta, meu amigo pessoal João Andador.
Nem sei bem o que irá acontecer hoje. Nem quero estipular. Mas tirei esse dia para comemorar-me. Espero que você que está lendo possa vir aqui. Sinta-se convidado agora para vir, eu vou onde que for para te trazer. Será um nascimento filmado, comemorado e bebido e fumado. Muita comida, muita música, muito espaço. Venha, pois hoje eu estou nascendo. Só não traga mantinhas, venha com muito engov e fome em excesso, e quero muitas piadas, das maiores, das melhores. Rir com o mesquinho da piada ruim é que vale a pena. Não se sinta acanhado, pois desta vez eu estou nascendo, bem aos meus 30 anos. Feliz Aniversário para mim!
N.E: Um outro detalhe, anos mais tarde descobri que a música Saigon tinha uma outra letra: “Anoiteceu, olho PRO CÉU E VEJO como é bom”. Trecho modificado hoje, aos meus trinta, como talvez uma forma de agradecimento. Lá em cima está Tuninho comemorando, eu aqui em baixo. Essa dose é pra você, véi. Feliz Aniversário para todos. Até para mim, dessa vez.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sexta às nove (15)

Sua dose semanal de remédio musical.



Dessa vez foi uma coisa... alternativa! rs

Aproveite!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sexta às nove (14)

Sua dose semanal de remédio musical.

Bobby está de volta, agora com Robin Willians, ele mesmo, o ator!

bom, confesso que não postei essa pela letra, tão somente pela melodia. Tenho começado a prestar mais atenção nessa parte das musicas, uma parte que, pelo menos por mim era muito relevada. Mas que descubro a cada dia ser mais e mais importante.

E então, com a voz engraçadinha de Robin Willians com os arranjos do mestre Bobby Mcferrin!




Aproveite.

sábado, 5 de setembro de 2009

Parnasiannus Cannabis

Conheci um bom amigo na época de faculdade. Seu nome: Paulo César Farias Júnior. Apesar do nome, nada de político tem. O que lhe fôra famoso era uma cabeleira não muito densa, mas uma condição única de falar. Pc trepava palavras. Somava uma à outra com uma formidável capacidade de uni-las. Nada que fosse ruim, ou deveras impossível de entender, mas se dependesse do seu dia, sua ansiedade as transformava em um único sibilo, que os mais desavisados seriam incapazes de compreender. Quando via que seria impossível dar contornos de unicidade às palavras, desrespeitando os limites de cada uma, ele recorria a um recurso para lá de terapêutico.
Judeu, amigo nosso em comum – hoje colunista Pictoresco e Trema – deu-lhe logo alcunha, Já sei como chamá-lo, Parnasianus Cannabis, e o era. Havia arte na capacidade de preparo da danada. Houve uma vez que o amigo levou uma hora fazendo o preparado terapêutico que traduzia calma às suas palavras, dava finitude, ritmo, quase que uma musicalidade imaginada. Quando Paulo se era Parnasianus, era também a mistura didática de Marx e Hobsbawn, como que sintética, direta, unicelular de pensadores ativos e vivos. Era de um sintagma para lá de bem colocado, frases ordenadas, dentes que não se colidiam, um assombro de equilíbrio. E vê-lo fazendo o preparado dava gosto. Por pouca sorte, na nossa época, os celulares já com câmeras não guardavam vídeos. Pc organizava sobre folhas purificadas a solicitada quantia. Numa outra parte, era deixada a folhinha que serviria para dar suporte ao preparado. Com um cartão plástico – Telefônicos são melhores – ele ia ritmicamente batendo até que pedaços maiores fossem reduzidos. Milimetricamente todos pareciam iguais. E Pc, como um artista que era, viu que todos estavam ajustados a um tamanho coeso, justificável, pronto para a embalagem final. Aí que entra a razão da folha purificada maior, um A4 ou ofício, não lembro bem o tamanho, mas afunilada em uma medida para lá de exata. O preparado corria para a última folhinha e dali havia o enrolo. De um dos cigarros de seu maço, ele cortava parte do filtro, e como se fosse uma máquina de fazer cigarros, Pc possuía em mãos o Mestre da Delicadeza, o Material de Amplitude de Percepção, o Controlador de Ritmo.
Acender era outra arte. Só podia tocar a parte amarela da chama. Afirmava que a azul intoxicava, e realmente acontecia. Ele possuía um isqueiro amarelo – quase como uma lembrança da chama – e acendia o preparado, dando-lhe vida. Antes de mais nada, vale a pena ressaltar que Pc não era de sorrisos pós-tragada. Segurava o que podia, olhava com serenidade que era conferida, soltava aquilo que se precisava. Eu e Judeu não éramos detentores da vontade que se resumia no preparado, mas não correríamos a uma outra sala para ficar longe do característico valor odorífero que se corria. Ali éramos os todos de sempre. Um outro amigo, Pablo Bin Laden, aquele que um dia afirmou que os EUA tomaram Bin Laden-tro, o acompanhava. Dava gosto vê-los na perfeição parnasiana daquele preparado. Era uma Arte sobre Arte, sob Arte, sobriar-te. E assim Pc era a sobriedade. Pablo era a velocidade. Mas Pablo será outro texto. Não o agora.
Dia 25 de Agosto foi seu aniversário. Ultimamente, por pura questão de tempos, venho a escrever sobre os adolescentes amigos que se migram para o adulto. Um em especial, André, também Pictoresco, afirmou sofrer da mesma síndrome de Peter Pan, e me disse que a vida é isso mesmo, medo da velhice, e por isso tornamo-nos mais sensíveis com o tempo. Pc é mais um na casa dos trintões, hoje com dois filhos, casado e morando longe, mas muito longe. Está morando em Volta Redonda, fora criado aqui pelas bandas de Araruama e está dando aula de História. Não é daqueles professores de História que usa a ciência unida com a estética do hippie. Suas roupas são normais. Sempre o vi mesmo com uma blusa pólo com marca de empresa de informática, de PCs, seu outro hobby. Sei que hoje tem uma empresa de internet – ele une PCs em Volta Redonda. Agora que está pela Cidade do Aço, unindo redes e computadores, só lhe falta unir-se aos antigos, aos do passado, que ainda dizem EU TE AMO, SEU PILANTRA, mesmo depois de tanto tempo. Feliz Aniversário, eu tenho um vasinho de planta te esperando na minha nova casa.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sexta às nove (13)

Sua dose semanal de remédio musical.



É legal num musica quando a gente descobre a história que há por trás. Você pode acabar gostando mais dela... ou não!

Felizmente nesse caso o resultado foi positivo.

Me disseram, logo a história não tem uma comprovação oficial. Mas me disseram que essa musica conta a história de um casal de velhinhos que moravam num antigo edifício em brasília. O mesmo estava para ser demolido para que se construísse no lugar casas para parlamentares. Porém, ao serem notificados do fato e obrigados a deixarem sua casa, o casal se resignou e disse não sair de lá de forma alguma, mesmo que morresem ali. O dia da demolição chegou e as máquinas estava prontas para demolir o prédio. Um último pedido para que eles saíssem foi feito, ao que o casal respondeu: "Nós não vamos sair daqui, nosso amor nasceu aqui e vai morrer aqui."

O que aconteceu depois, me falha a memória. Só lembro de saber que no momento da música que o Baterista faz um solo, este serve para representar as máquinas derrubando o prédio.

"Veja você como é que tudo foi desabar. A gente corre pra se esconder e se amar, se amar até o fim. Sem saber que o fim já vai chegar. Deixa o moço bater, que eu cansei da nossa fuga. Já não vejo motivos prum amor de tantas rugas não ter o seu lugar."

Aproveite.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sexta às nove (12)

Sua dose semanal de remédio musical.



Senhoras e senhores... e Calixto.

Com vocês um dos grandes mestres da música. Num show solo. Extremamente solo. Ele e... ele!

Aproveite.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Livros para todos

Livros para todos é um site onde vc pode baixar bons livros. Tem autores clássicos e "semi-lançamentos"

é uma boa pedida!

- Acabei de baixar dois do Karl Marx: O Manifesto Comunista e O Capital.

E para quem procura uma boa leitura cristã, minha dica é o site da Editora Restauração, mas explicitamente para os Livros de Frank Viola [Baixem TODOS]. Seus livros são de uma crítica aguda e relevante, coisa rara no atual mercado gospel ¬¬

abração gente!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Bom dia, amor.

A noite cai e não estamos sós.
Uma nuvem sublima,
E sublima também minha paixão.
vai e segue o rumo que lhe é própria
Vai e encontra quem desde sempre lhe era própria

Nada há que impeça
A via é una
E os espaços múltiplos
Daqui são somente morros e florestas,
Estradas e cachoeiras
Pedindo para serem transpostas

Quando chego você já sabe
Me espera, despida da amargura
A tristeza só tem espaço pra fugir
É só nosso tudo o que diz respeito ao amar.

Em poucos gestos e anseios
Temos o que podemos, e fazemos o que queremos
Somos só crianças, querendo se amar
E nos amamos e nos amamos.
Nem o tempo se atreve a passar

Vaidade é não viver perto de você
E ter que despertar para a solidão.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sexta às nove (11)

Sua dose semanal de remédio musical.

Eu sei que sempre que eu falo que o comentário será rápido ele tem umas 15 linhas, então dessa vez vou cumprir minha palavra.

O único comentário para essa música é que toda vez que a ouço sinto como uma faca cega e enferrujada cortar meu coração. Porque essa arte não retratou uma fantasia. E muita gente acha que sim.



Aproveite.

sábado, 15 de agosto de 2009

Uma carta ao meu irmão do meio

A velhice é redentora. Como vinho que se melhora, digo que a vida também nos faz envilesceire, como vinho, como vilão. E tenho que dizer, sempre fui o vilão de três. Como mais velho, até o mais forte, não de fortura, mas de gordo, gordura, fui o vilão dos outros que eram mais jovens. Mas eu sempre tive um problema com meu irmão do meio. Por ser o mais velho, achava que meus pais eram só meus,e que a petulância deles em colocar mais um no mundo deveria ser castigada. Não neles. Mas no novo. Por isso, durante anos, tive um certo quê de problema com meu irmão do meio. Não com o mais novo, por ter sido inquirido a ajudar na criação dele, logo o via como um filho de muito próximo. Não tinha problemas com o mais novo, o Riquinho, meu problema era o Fabinho.
Era. E hoje, ele prestes a casar, como sei que vai ser pai de um sobrinho, terei o prazer de ser tio em essência, e não por proximidade. Como me preocupa. Não o tenho tirado de minha cabeça. Passa dia e noite, choro por ele, gostaria de saber o que se passa, como andam as coisas, me diga, por favor, me diga, do que você precisa? Sou subliminar, não mostro tudo o que sinto, com claro medo de ser pedante, mas acho até que ele percebe o como ando pensando nele. Gostaria mesmo de que ele me dissesse todas as suas aflições, confidenciar aflições é mostrar o lado mais digno da humanidade. Sabe, cara, nossa distância tem me feito tão mal. Eu meio que me sinto ruim por ter ido para longe. Mas você sabe, agora sou pai, sou marido, minhas vontades passam pelo crivo de meu novo conflito, de minha nova escolha. Eu as amo, pode ter certeza disso, mas não sou mais dono total de mim. Lá no fundo, não que me arrependa, mas como eu gostaria de estar por aí só para te ver sair e voltar, só para dizer desculpa por cada soco que eu te dei, por cada chute sem motivo, por cada maldade que me alimentava de força. Eu era forte na mesquinhez da opressão da força. Fortura. Hoje é bem capaz de você me ganhar, pois estou velho.
Tudo bem, não estou carcomido pelo tempo, mas não sou mais aquilo. E digo, hoje, nesse seu aniversário, quero te parabenizar pelo quão adulto você se tornou, em seu terno, em seu O Livro, em seu tudos e tudos, em sua esposa, em suas convicções. Algumas me parecem utópicas, mas elas são firmes, convictas, dignas do respeito que eu sempre deveria ter tido. Você foi o cara que não teve coragem de me revidar o soco, de me mostrar toda vez que eu chegava bêbado ou demasiadamente fora de mim, em todos os meus excessos, você soube ser chão. Também quero te parabenizar, hoje, por seu chá de panela. Nesse nosso novo mundo, modernos que são, os chás de panela não são mais um exclusividade feminina. Não se recebem mais as panelas, mas os amigos, os próximos, os que fazem sorrir. Chá de panela não é para ver a marca das conquistas na breve festa, mas é o princípio da lembrança de um casal que se fornece de paz na vida a dois, e te digo com o leve quê de experiência que tenho, todos sabem que não sou casado, sempre disse que casamento não se dignifica numa festa e que as testemunhas são apenas fetiche de um mundo de papéis. Nossa testemunha maior é o nosso sentimento. Você está indo pelas festas, mas pelo breve do que li de ti, ao olhar, ao retrucar – você sempre falou muito baixo, como se comesse som – sei que teu caminho é de semelhança conjugal. Não vou negar que não a conheço bem – ela fala tão baixo quanto você, mas é mais econômica ainda – porém, conquista de irmão é naturalmente conquista coletiva. Família que tem muita gente sofre e sente como se fossem todos um. É isso que me passa agora. Como um, até primeiro, mas um que se comunga de vários, tua conquista é tanto minha, quanto de Riquinho, quanto de Papai, quanto de Mamãe, de Vivian, Sofia, Meio-quilo(nosso poodle) e de todo o mundo que está para ser parido daqui para frente. Chegou a nossa vez de sermos velhos. De rir de piada ruim, de brincadeira sem sentido, entrar para a Confraria dos Tios Babacas – e fazer a velha piada do pavê – mas isso não é caminho de uma vida que se vinga sem brilho – isso é a chance de poder ter a mesma paz de espírito em tudo aquilo que é pequeno.
E toque teu barco, pois a vida é garrafa de vinho, é saudade de foto, é um fim de semana chato com os parentes, mas que aos poucos, e muito aos poucos, vamos ver como a Nostalgia – a doença da lembrança – é mais firme com aqueles que envelhecem. E ela deixa o coração frouxo, calmo, sutil, de olhos fracos, braços fortes para o aperto, dedos doces para o afago, carteira aberta para o melhor presente. Apenas digo que a vida só começa quando temos a chance de duelar com ela. Agora é tua vez. Mas saiba que no canto do ringue não estarão somente aqueles que a lutam contigo, ou contra você, do outro lado das cordas estarei eu, e mais quem se digne a isso. Termino essa carta apenas mostrando que passado de criança fica no contraste daquelas antigas intenções. Agora eu sou outro, sou teu irmão. Feliz Aniversário. Feliz Casamento.

Beijos para ti,
Do seu irmão,
M.

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