sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sexta às nove (8)

Sua dose semanal de remédio musical.

Semana passada ganhei um novo aluno de violão, um senhor que mora no alto aqui do morro que chama Nildo. Logo nos primeiros momentos da conversa ele deixou explícito aquela delícia de sotaque nordestino. Na aula em meio a técnicas e notas o perguntei sobre seus gostos musicais, e me surpreendi ao ouvir que um senhor já com filhos dizer que gostava de Detonautas! oO

mas a conversa rolou e ele me disse que gosta também de Zé Ramalho e ao comentar essa musica que vc vão ouvir, ele me disse algo simples mas que pra mim veio carregado de significado: "essa musica retrata muito bem o que a gente passa"

Ele não é um geógrafo que estudou as relações sociais e constatou o fato, muito menos é um cara de classe média que admira a musica de um nordestino cheio de talento igual o Zé. Ele SE IDENTIFICOU com a música. Pra ele, Zé Ramalho tratou de realidade vivida. Coisas que ele passa.

Aproveite.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Não sou adulto

Não que isso venha a ser uma constatação de minha imaturidade ou a total falta de preparo que tenho para encarar a vida. A questão, eu acho, me parece ser mais metafísica do que pessoal. Mesmo com meus 30 anos, não me sinto adulto em essência. Vejo-me mesmo como um pós-adolescente.
Sim, isso que sou. Um pós-adolescente, que levou a adolescência toda preocupado com questões da vida adulta que agora cobra a necessidade de viver os excessos de despreocupação que deveria ser a adolescência. Lá em vivi a vida pré-adulta, de estudo, de vestibular, de carreira e os escambau. Agora, eu tenho uma carreira, tenho filha e esposa, mas jogo muito meu videogame, leio as revistinhas que não pude ler, compro-as aos montes, coleciono carrinhos com minha mulher, que também é pós-adolescente, vejo os filmes que não pude e faço as besteiras que deveria ter feito naquela época. Caio bêbado agora, gasto dinheiro com baboseira agora, faço de um tudo agora, e não me sinto mal por isso. E vejo que não sou só eu que me sinto pós-adolescente. Há toda uma legião de trintões de carreira estabilizada que colecionam brinquedos e discutem coleções. Eu e minha esposa conseguimos completar nossa coleção de dvds dos Cavaleiros do Zodíaco, ontem discutimos com dois advogados e um corretor de imóveis a coleção 2009 dos hotwheels, meu amigo Judeu – conhecido aqui pelo codinome Marcelo – nos liga para analisarmos questões de Star Wars. Matrix não é nosso filme preferido, gostamos mesmo de Nemo, Transformers, Dragon Ball Z e mais uns outros menos cabeça. Sim, tudo bem, temos alguns dvds do Michael Moore, Supersyze Me, mas ainda escuto Heavy Metal e busco as novas bandas e coleciono as antigas. Não que me seja nostalgia, mas por puro gosto mesmo. Sou pós-adolescente, pois eu vou à casa dos amigos jogar Nintendo Wii, disputar Street Fighter no Supernintendo, ou bater campeonato de Mario kart. Não sou o nostálgico dos anos 80, longe disso, posso ter me identificado com algumas daquelas coisas de lá, mas eu ainda não sou adulto.
Mesmo ainda tendo que pagar as contas, correr contra o mês para que o dinheiro sobre, pensar no preço das fraldas, no valor do Hipoglós, a creche que é um roubo, prestação do carro e todo o cacete da vida mais adulta, no meu laptop tenho todos os jogos do atari, há quake II, Duken Nukem 3D, não os meus clássicos, mas os que gosto de jogar. Não há em mim aquela sensação de Jornal Nacional, Domingo no Parque ou apenas vibrar para que a criança cresça. Quero mais um filho, mas não chegar e tomar o meu uísque. Brinco com ela, sem a mesura da imagem de pai, com ela sou criança, com minha mulher sou namorado, comigo eu sou o sonhador. Não que eu tenha 30 anos e esse é o tempo que vou levar para pagar minha casa para a Caixa Econômica, mas porque eu tenho 30 anos e quero aproveitar cada momento que posso, pois eu não sou adulto. Sou pós-adolescente querendo descobrir ainda o restante daquilo que o mundo tem a oferecer. Posso já estar preocupado com a aposentadoria, com o futuro da menina, mas ainda quero saber quando vão lançar o videogame sem controle ou quando vai ser o show da minha banda preferida. Mas essa sensação não é só minha. Como falei antes, há algo de metafísico nisso. Há muita gente que me passa a mesma impressão. Pode ser uma questão da fase mesmo, haja vista eu não ter ido desta vez aos manuais de psicologia. Me parece que muitos daqueles que me são próximos, pertencentes à mesma faixa etária são tão pós-adolescentes quanto eu. Alguns fazendo doutorado e tocando suas guitarras com a mesma fúria de descoberta. Outros, já em seus concursos públicos, discutindo fases dos X-men, outros procurando Gen-13, eu nem lembrava dessa. Penso que todos apenas trabalhem para alimentarem sua fúria adolescente. Alguns ainda brigam com os pais com a mesma intensidade dos 13 e 14. Julgam até que eles não saibam nada da vida, choram copiosamente quando se sentem desprotegidos. Querem novos penteados, querem compromissos superficiais, alguns ainda ficam, pegam uma ou outra, brincam de festa americana, fazem rodízio de filmes. E não vejo como algo ruim, até mesmo digo, brinquem, sejam pós-adolescentes, pois assim se equilibra os cotidianos. Já basta o mundo lá fora nos chamando para a vida adulta.
Posso até estar errado, mas daqui para frente poucos serão verdadeiramente adultos. Pode ser que apenas demorem para amadurecer, nem sei se isso é amadurecimento, mas sinceridade. Claro, não devemos fugir de nossa responsabilidade, mas não devemos nos vender tanto para ela. Assim vejo, pós-adolescentes, sejamo-nos.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sexta às nove (7) um pouco atrasado! rs

Sua dose semanal de remédio musical.

Antes de fazer meu comentário é preciso dizer que nem se o vídeo tivesse mais 5 minutos de aplausos ia dar conta de honrar a voz e a interpreteção transcedental da Elis.

Agora, meu comentário nessa canção será breve. O interessante ao se analizar uma música é entender seus elementos constitutivos, melodia harmonia e ritmo [e contra-ponto também, mas isso são outros quinentos]. Talvez mais ainda importe entender o motivo de tal elemento estar de tal forma na música. Nem sempre consigo decifrar isso e posto tão somente uma musica que gosto, mas acho que nessa consegui identificar algo legal.

No coro, [minha dor é perceber, que apesar...] percebe-se que o ritmo muda para uma batida binária bem destacada e definida. O que isso sugere? Movimento robótico! A idéia do autor é que aquilo que ele viveu foi ilusão, que ele foi enganado, manipulado pelos seus ídolos, os tais que lhe deram as idéias de um mundo novo e agora está em casa guardado por deus, contando o vil metal. Quem nunca se sentiu assim? Eu já. Diversas vezes. E como isso não é só um poema mas sim uma música, Belchior fez proeza ao mudar tão bruscamente o ritmo nessa parte, fazendo esse: Tân.. tândân.. tândân DÃÃ..

talvez esse último dân... dado meio atropelado, fora do compasso dos outros sugira uma falha na mecanização de quem se descobre manipulado. Bom, se for isso mesmo que bela e simples mensagem nos dá esse cearense e que foi tão belamente e fortemente passado pela sua pequena e virtuosa profeta: ainda há esperança.[

Aproveite!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sexta às nove (6)

Sua dose semanal de remédio musical




Lenine. Osvaldo Lenine Macedo Pimentel.

Absolutamente o artista de criatividade mais fértil em atividade no Brasil [claro que isso equivale a dizer "no mundo" mas finjamos modestos! rs]

Nessa Canção há uma parte que gostaria de ressaltar, apesar de não ser de sua autoria mas uma incorporação de uma música de Jackson do Pandeiro. A parte é:

"Eu só ponho BEBOP no meu samba
Quando o tio Sam
Pegar no tamborim
Quando ele pegar
No pandeiro e no zabumba
Quando ele entender
Que o samba não é rumba
Aí eu vou misturar
Miami com Copacabana
Chiclete eu misturo com banana
E o meu samba, e o meu samba
Vai ficar assim..."

É de uma delícia extravagante essa letra, essa o ritmo, a levada, e o acompanhamento da orquestra, claro!

Orgulho de ser Brazuca [e inda da melhor e mais invejada parte do Brasil: A Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil, o coração do meu Brasil!!], apesar de tudo e sempre!

Aproveite!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sexta às nove (5)

Sua dose semanal de remédio musical.



E com vocês A banda de rock!



Dream Theater

Formada por Mike Portnoy (Bateria)
John Petrucci (Guitarra)
John Myung (Baixo)
James LaBrie (Vocal)
Jordan Rudess (Teclado)

Se você não conhece a banda e estiver afim de um currículo dos caras... só te digo que todos eles saíram da Berklee a melhor escola de música do Mundo. E todos eles eram os melhores da turma em seus respectivos instrumentos.

Os melhores alunos da melhor escola de música do mundo formaram uma banda... promete ou não? =]

Detalhes sobre o vídeo:

Quem é músico sabe que no studio os caras não tocam tudo oq sabem... o melhor lugar pra ver isso são nos shows ao vivo. E eu escolhi essa música em studio só pra deixar o pessoal com um gostinho... rs

O baixista usa uma técnica simplesmente assombrosa, usando os quatro dedos da mão direita para tocar. Isso é uma velocidade do caramba! Normalmente os baixistas usam só os dois (indicador e médio).

O Portnoy absolutamente não tá mandando com todo o potencial dele, se vc quizer ver um pouco mais da abilidade desse monstro na bateria, digita o nome dele no youtube e vê o que acontece! (detalhe, é ele que canta junto com o LaBrie)

Caso os guitarristas de plantão queiram ver mais de Sir John Petrucci, clique aqui e veja um vídeo dele no G3 de 2005. Acompanhado por Mike Portnoy na bateria. É de endoidar!

E de resto meus amigos, só vale dizer:

Relaxe na sua cadeira e...

Aproveite! =]

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sexta às nove (4)

sua dose semanal de remédio musical.



Sei o que vocês estão pensando: "tava demorando..."

=]

Não vou negar que sou mesmo fã dos caras. Mas tentando não ser tendencioso...

Confesso que essa canção eu não parei para "mastigar" a letra ainda, mas com certeza já adianto minha impressão na parte instrumental: DESCONCERTANTE.

Quem toca ou já tocou algum instrumento, irá entender quando digo que ouvir essa música [e principalmente tentar executá-la] chega a dar câimbra no cérebro! Mas é um caos com beleza. E mesmo sendo rock, beleza brasileira.

E a voz rasgada do Rodrigo na parte "alguma coisa a gente tem que amar, mas o que eu não sei mais" é show de bola!!!

=]

letra:

"Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo o céu
Fiz de tudo o cais
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios

Eu quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor
O sabor de fel
É de cortar.

Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
O que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu, muito bem

Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios

Sei, tanto te soltei
Que você me quis
Em todo lugar
Lia em cada olhar
Quanta intenção
Eu vivia preso

Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria, o que eu fazia, o que mais?
Que alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê?
Não sei mais

Os dias que eu me vejo só
São dias que eu me encontro mais
E mesmo assim eu sei tão bem
existe alguém pra me libertar."

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