sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Apenas palavras, pequenas

Já era tarde, estava o dia todo pensando em como diria isso para ele. Percebi que nada que fiz naquelas horas tinham servido para chegar em alguma conclusão. Desligada do mundo, não lembrava do que tinha feito, onde estava e porque estava assim.
Sentia minha respiração pesada, como alguém que precisa de um pouco de ar para não sufocar. Meu coração acelerava a cada minuto a ponto de sentí-lo sem colocar a mão em meu peito. Meu corpo precisava aliviar, estava tensa.
Queria ouvir palavras, apenas palavras, que me confortassem. Sabia que não ouviria, e não ouvi. Mas os gestos me disseram algo que não eram o que eles realmente queriam dizer. Fantasias existem em mim, e mais uma vez elas falaram mais alto que a razão, mais uma vez!
Agitação, inconstância, desconfiança, alegrias, tristesas. Aprendi a conviver com tudo isso por ser frágil e talvez confiar demais. Olhando o que estava acontecendo, aprendi a perceber as intenções de cada um. A ingenuidade que tomava conta de mim foi morta, um pouco com cada um que entrou em minha vida. Pessoas que cruzaram meu caminho e deixaram rastros que me fazem entender que se queremos viver corretamente, não é preciso apenas arriscar, é preciso ter certeza. E isso é tudo o que eu não tenho, ou talvez nao queria ter agora.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sobre cães e gatos

- ... realmente ela toda pretinha é linda!!
- Será que não dá para ir ao banheiro em paz nessa p... de boate? Quem afinal que está toda de pretinho e é linda Sr. Dé Garfield?!
- Uma guitarra Gibson, modelo Les Paul minha cara H [melhor deixar os nomes no anonimato, existem pessoas que não gostam de saber deles]...Eu estava falando de guitarras e não de mulheres, minha querida!

Essa quase briga um tanto inusitada que ocorreu comigo há alguns anos atrás lança luz, agora que estou mais velhinho, sobre algumas coisas que acho que aprendi sobre relacionamentos e mulheres, não raro esfregando meu coração no asfalto.

Primeiramente, é péssima esta história de ter nome composto! O melhor termômetro para saber se sua namorada (chamemos genericamente assim, embora saibamos da enorme variação de relacionamentos possíveis: rolo, ficar, “pegueti” etc, etc) está verdadeiramente brava com você é quando ela te chama pelos seus dois nomes, seria mais ou menos se ela quisesse dizer “seu cachorro” ou “seu filho da...”, embora ela até goste e admire a sua quase-futura-ex-sogra.

Outro dado: as mulheres em geral são assustadoramente imaginativas! Elas sempre acreditam que você é irresistível, mesmo com todos os seus defeitos e incongruências – aliás, habilmente lembrados e mapeados em uma briga; que todas as mulheres da praia, do bar, da festa, estão te olhando e com um olhar indelével de desejo, como se não houvesse um grupo muito expressivo de outras mulheres que te acham um carinha legal, até engraçadinho, embora absolutamente desprezível ou dispensável.

Além da imaginação afiada e criativa não poderíamos esquecer da dissimulação. Nisso elas são imbatíveis! Como escrevera Balzac (esse sim um autor de verdade e que mereceria ser lido): “ela parece ter à mão a folha da figueira que lhe deu nossa mãe Eva”. Uma tremenda gafe como a acima mencionada, que faria com que um homem se sentisse o maior idiota pela noite toda, passa em dois minutos: um belo sorriso ou algum comentário meio prosaico sobre seu exagero e o “mal entendido” e ... pronto.
Essa talentosa capacidade de dissimular acrescida de uma inteligência sutil e muito, muito detalhista, mesmo que em quase nada pragmática e direta, talvez seja uma das raízes dos desencontros, frustrações e desentendimentos, para não usarmos o termo politicamente incorreto e um tanto démodé “guerra dos sexos”, uma vez que parecemos um verdadeiro oráculo entender exatamente o que uma mulher quer que você diga ou faça numa determinada situação. Busquemos um exemplo clássico. Um belo dia, normalmente em lugares públicos e cheios de outras mulheres, sua mulher entre um gole e outro lança no ar a fatídica frase: “estou me achando tão gorda”. Tal frase seria desnecessária se considerarmos que as mulheres sempre se acham gordas, pelo menos a partir de um conceito sui generis de gordura que talvez só elas entendam. Na verdade, sua mulher quer que você perceba que além de “gorda” ela está se sentindo carente e insegura, já que gorda ela se sente sempre! O que ela quer, na real, é um belo elogio e uma dessas promessas fáceis de amor eterno.

E a T.P.M? Essa daria uma crônica à parte! Claro que não irei bancar o insensível e nem o troglodita e qualificar como “frescura” algo que é medicamente definido como doença e que em alguns casos realmente carece de tratamentos especiais. Mas, a despeito disso, conheço muitas mulheres que se aproveitam desse real estado de desconforto para tecer as mais duras críticas; fazer os piores tipos comentários; falar com a sutiliza que lembraria o Maguila quando dá entrevistas para alguns dias depois sussurrar docemente em seu bombardeado ouvido: “desculpe-me meu bem, eu estava de T.P.M!”

Enfim, mesmo as mulheres sendo seres verdadeiramente fascinantes e deliciosos, estou bastante inclinado a dar razão ao jornalista norte-americano Mencken, e desculpe-me as leitoras que ainda não estavam sentido vontade de me matar: “só há uma coisa que homens e mulheres concordam: nenhum dos dois confia em mulher”.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Segundas de Literatura XXIX

Chegamos à entrevista de número XXIX (29 - caso alguém fique na dúvida dos números romanos). E, nas minhas andanças e navegações, acabei encontrando um programa de um canal de internet. Legal é que este é um programa que acontece realmente, não foi gravado há tempos, ou seja, é um programa vivo. Vai ao ar, ao vivo, às terças feiras, a partir das nove horas da noite. Coloco hoje no ar uma entrevista com três escritores "novos" da literatura brasileira, e escrevo novos entre aspas, pois não constam na lista de consagrados tradicionalmente, mas já apresentam mais de uma dezena de livros e legião de fãs que merecem respeito. Coloco a entrevista no ar como forma de mostrar que a vida literária brasileira está muito além do que o academicismo propõe, e este próprio, anacrônico, não acompanha a velocidade que a produção literária brasileira hoje promove. 
Como disse, o que vale hoje é ler, até porque - não lembro onde li - hoje temos mais editoras do que livrarias no Brasil. E que acordemos. Vamos ler todos. Alguns definiremos como bons, outros como não tão bons assim, mas o que importa é ler. Opinião só se cria quando se dá chance para pensar sobre.

Autores da Entrevista:

Luis Eduardo Matta
Bárbara Cassará
Sérgio Pereira Couto

Alguns links bons também: www.editorausinadeletras.com.br e www.justtv.com.br

Confiram

sábado, 1 de janeiro de 2011

UM ANO DE NOVO

Em algum lugar do mundo no dia primeiro de Janeiro de 2011:
— Cara, chega! Tô cansado dessas promessas de início de ano porque nunca se concretizam e a sua vida permanece no mesmo marasmo, na inércia de um movimento que pode te levar às nuvens, mas que não se inicia. Ou não é iniciado.
— Mas cara, essas promessas são a nossa única esperança de mudança. Se nós não as tivéssemos, que expectativa teríamos para as nossas vidas no ano que se inicia? Essas promessas são necessárias.
— A vida não é feita de promessas, mas de realizações. Os grandes personagens da história são notados por terem feito alguma coisa e não por terem prometido. Esse ano eu não quero fazer promessas. Eu só quero ter coragem de buscar meus sonhos e tomar atitudes ao invés de esperar por mais promessas que eu sei que não se materializarão. A única promessa que eu faço é ter coragem.  
 

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