Vi-me
surpreendido pela pergunta de Fernanda Lima em seu programa Amor & Sexo
sobre o carnaval, ou os carnavais, que mais trouxe lembranças. A pergunta, em
sua imposição, era direta em retratar lembranças picantes, paixões de carnaval,
aquelas coisas que só pensamos em fazer nele, por ser inerente à época. Mas aí,
uma das entrevistadas foi direto em suas lembranças de criança, quando o
carnaval era só fantasia e mais nada.
Ao
pensar nesses carnavais, direcionadamente me lembrei dos de dezenove anos até
os meus vinte e um anos. Carnavais sem freio, sem medida, alguns excessos
declarados, bons carnavais. Surpreso com a resposta, revi minha filha nas
lembranças, e principalmente, ela fantasiada de abelhinha. Era um carnaval
simples, ela com um aninho de idade, bem rechonchudinha, fomos ao Norte
Shopping, nossa família, a de meu afilhado, todos lindos. O carnaval ali era
das crianças. Os pais estavam fantasiados de pais, eles serviam de cabide para
tantas bolsas infantis, elas segurando as mãozinhas daquelas crianças todas,
dançando, andando na velocidade de todos os nenéns. Uma coisa muito gostosa de
se ver.
Eu
que fui criado para ser machista, eu que fui treinado para ver mulheres como
apetrecho ao prazer, senti um gosto especial por aquele tipo de carnaval. E
entender que este não é para ficar tocando o limite do próprio corpo, bebendo
em excesso, evitando dormir, beijar até não mais poder e fazer sexo com o
máximo de pessoas que puder. Entendo que isso seja inerente ao carnaval, que a
padronização das festas que vemos hoje vai perpetuar essa visão também para o
universo feminino, com a coisificação do sexo, com transformação do homem em
objeto, mas apenas enxergar a festa como festa, rir pelo ato de dançar, pular
com a minha filha no colo, com o meu sobrinho, com um número ainda maior de
crianças, foi mais gostoso do que pude imaginar.
E
aí vem o detalhe que acho maravilhoso. Poder redescobrir coisas e ver que elas
podem ser muito mais do que foi padronizado, ah, isso sempre para mim será a
glória. Sair do estipulado e ver o íntimo das coisas, para mim é a própria
vida. E agora, Carnaval para mim é isso, fantasia nas crianças, pular na
felicidade delas e vê-las rindo. O carnaval é divino.
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