Uma ficha me cai neste início de ano: conemoro em 2016 vinte anos de magistério. Pode parecer muito, vinte anos de uma mesma coisa, uma mesma profissão, que durante muitos dos meus primeiros anos eu fui dissuadido de continuar, claro, diante de tantos, sinceros e válidos argumentos sobre ela, digo, como passaram rápido esses vinte. Como me foram apressados, ainda não sinto a canseira da mesmice. A vantagem de ser professor é que mesmice não existe.
Lembro-me bem quando com meus 16 anos eu me tornei monitor de inglês do Fisk, lá na minha lha do Governador. Era um imberbe metido a besta, que estudava com afinco o inglês e que precisava ajudar em casa. Juro, nem pensava mesmo em ser professor. O sonho daquele oblongo garoto era ser desenhista industrial de carros, pois era só o que eu imaginava. Os quadrinhos e a literatura eram sonhos à parte daquele amante de imaginações. Como gostava de imaginar coisas. Como gostava de pegar o ônibus e ir ao Fisk.
Lá descobri alunos. Em alguns, amigos. Em constância de explicação, fui tomando gosto pelo raciocínio aprofundado. Queria saber mais para explicar mais. A ilustração de carros passou a ser deixada de lado. Livros, quadrinhos e histórias, eu precisava de todos. Passei a ler desenfreadamente. A estudar um tanto mais. Aqueles meninos precisavam saber. Com o tempo tudo foi se mesclando. Abandonei desenho. Eu era de Letras.
Se alguém falou algum dia falou com você que dar aula era uma cachaça, como ele estava certo. Esse troço é muito bom - cachaça e aula, e hoje não me vejo fazendo mais nada além disso. Tudo bem, estou aqui escrevendo, publiquei livro, vou publicar outros, é também uma profissão, mas só agora que me dedico bastante à escrita, à sala de aula me detenho mais.
Minha primeira carteira assinada como professor eu só consegui em 2001. Colégio Pinheiro - acho que nem existe mais - ali na Penha. Ainda como professor de Inglês, desta vez para Ensino Fundamental. Antes disso, na faculdade, dei aulas de Língua Portuguesa e Redação em Pré-vestibular comunitário, em São Gonçalo e Alcântara - Locus Pré-vestibular, que saudade! Lá cultivei amigos que tenho até hoje. Professores. Alunos. Amigos.
Hoje dou aula em grandes escolas, estou na rede pública também. Nas várias realidades sociais há os vários sabores sa profissão. Sim, já senti o amargor dela, a tal da desvalorização, dos excessos, de algumas faltas de respeito, mas nada que me tirasse o gosto pela sala de aula. Esta cachaça tem constantes sorrisos.
Ok, sim, já pensei em sair de sala de aula. Já investi em concurso fora da área. Fui empresário - na educação -, já estive no jornalismo automotivo e cultural. Sempre afirmei que vim de uma geração poluída, que vive a escassez de emprego, a inconstância feroz da economia e a desvalorização ímpar do dinheiro. Temos no sangue a capacidade de rebolar e fazer dinheiro. Não muito, mas algum para defender o leite das crianças. Por sorte - ou acaso do destino - elas nunca me tiraram de aula. Não preciso mais de subterfúgio. Quero mais 20 anos disso.
Aliás , terei bem mais de vinte. Só pela prefeitura e Estado, tenho que me segurar até 2040. 24 anos até lá, ou seja, eu com 60 anos. Já predigo o texto : estou me aposentando, que tristeza! Enquanto isso, deixa eu voltar às salas, lugar de onde nunca sairei.
Lembro-me bem quando com meus 16 anos eu me tornei monitor de inglês do Fisk, lá na minha lha do Governador. Era um imberbe metido a besta, que estudava com afinco o inglês e que precisava ajudar em casa. Juro, nem pensava mesmo em ser professor. O sonho daquele oblongo garoto era ser desenhista industrial de carros, pois era só o que eu imaginava. Os quadrinhos e a literatura eram sonhos à parte daquele amante de imaginações. Como gostava de imaginar coisas. Como gostava de pegar o ônibus e ir ao Fisk.
Lá descobri alunos. Em alguns, amigos. Em constância de explicação, fui tomando gosto pelo raciocínio aprofundado. Queria saber mais para explicar mais. A ilustração de carros passou a ser deixada de lado. Livros, quadrinhos e histórias, eu precisava de todos. Passei a ler desenfreadamente. A estudar um tanto mais. Aqueles meninos precisavam saber. Com o tempo tudo foi se mesclando. Abandonei desenho. Eu era de Letras.
Se alguém falou algum dia falou com você que dar aula era uma cachaça, como ele estava certo. Esse troço é muito bom - cachaça e aula, e hoje não me vejo fazendo mais nada além disso. Tudo bem, estou aqui escrevendo, publiquei livro, vou publicar outros, é também uma profissão, mas só agora que me dedico bastante à escrita, à sala de aula me detenho mais.
Minha primeira carteira assinada como professor eu só consegui em 2001. Colégio Pinheiro - acho que nem existe mais - ali na Penha. Ainda como professor de Inglês, desta vez para Ensino Fundamental. Antes disso, na faculdade, dei aulas de Língua Portuguesa e Redação em Pré-vestibular comunitário, em São Gonçalo e Alcântara - Locus Pré-vestibular, que saudade! Lá cultivei amigos que tenho até hoje. Professores. Alunos. Amigos.
Hoje dou aula em grandes escolas, estou na rede pública também. Nas várias realidades sociais há os vários sabores sa profissão. Sim, já senti o amargor dela, a tal da desvalorização, dos excessos, de algumas faltas de respeito, mas nada que me tirasse o gosto pela sala de aula. Esta cachaça tem constantes sorrisos.
Ok, sim, já pensei em sair de sala de aula. Já investi em concurso fora da área. Fui empresário - na educação -, já estive no jornalismo automotivo e cultural. Sempre afirmei que vim de uma geração poluída, que vive a escassez de emprego, a inconstância feroz da economia e a desvalorização ímpar do dinheiro. Temos no sangue a capacidade de rebolar e fazer dinheiro. Não muito, mas algum para defender o leite das crianças. Por sorte - ou acaso do destino - elas nunca me tiraram de aula. Não preciso mais de subterfúgio. Quero mais 20 anos disso.
Aliás , terei bem mais de vinte. Só pela prefeitura e Estado, tenho que me segurar até 2040. 24 anos até lá, ou seja, eu com 60 anos. Já predigo o texto : estou me aposentando, que tristeza! Enquanto isso, deixa eu voltar às salas, lugar de onde nunca sairei.