Pois é, venho por meio desta pedir ao Conselho Mundial de Amantes Carentes o fim do Romantismo mais tradicional. Tal pedido se dá, pois vejo que foi o mesmo que trouxe as falsas inspirações da proximidade, o mal da imaginação ao amor maior, e principalmente, o ideal de belo do corpo perfeito.
Gostaria de que tal pedido fosse mesurado, pois nunca fui detentor do mais belo corpo – aliás, eu pareço o negativo do Tim Maia – e depois da falência de vários relacionamentos meus, vejo que o motivo foi exatamente excesso de imaginação de minhas namoradas, da idealização do mundo intransponível do amor sublime. Gostaria por deveras que se sacrificasse o Romantismo, não como um todo, mas o seu aspecto de imaginação prévia. Penso que seja melhor descobrir Romantismo com o tempo do que vivê-lo para depois ser deflagrado pela realidade.
Digo até que todos somos vítimas. Não sabemos mais como agir diante de uma possível amada – hoje traduzida como peguete – por usarmos as armas do Romantismo logo no início da conquista. Sim, somos carinhosos, apaixonamo-nos fácil, nossa paixão também é vítima do tesão, mas a carapuça do Romantismo nos faz trazer expectativas maiores à peguete, outrora amada. E assim se vai mais um relacionamento, datado, perecível, limitado, por mais uma dose de excessos românticos.
Peço o fim, pois eu não sei mais agir de outra maneira. Gostaria de um novo modelo de homem, algo que consiga despertar paixões belas, sublimes, até controláveis, mas arrebatadoras e duradouras. Sabe, algo que extrapolasse a barreira do 1 ano e meio, um relacionamento forte, firme, longevo. Não sei mais como agir para que tenha paz num único possível amor. Não possuo grandes dotes financeiros, por isso não posso apelas para a beleza dos Cartões de Crédito. Sou simples, gosto de samba e uma cervejinha. Sou Macunaíma travestido de Peri, sem tacapes modernos como carro ou roupa bacana. O que me sobra é a lábia, que está desgastada por promessas de paz duradoura, mas que não surtem mais efeito. Por isso, quero o fim do Romantismo, pois não agüento mais chorar pela existência da minha mais eterna bela. Por favor, peço carecidamente que considerem o meu pedido.
(Publicado originalmente em Trema Literatura - www.tremaliteratura.com)
Um comentário:
É sempre lindo ler esse texto...
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