sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A CERTEZA DO INEXATO

"Se alguém souber dizer o que é o amor, esse alguém não sabe o que é amor". Pensando nessa frase, fui dormir. Dormi questionando como podemos ter tanta convicção de um sentimento que não temos a capacidade de precisar - pois desde a formação da Terra se fala sobre ele, discute-se sobre ele, formam-se definições dele, várias definições, escreve-se sobre ele, canta-se dele - ao mesmo tempo em que temos a certeza de que precisamos dele.

Posso, a partir daqui, ser clichê e piegas como as músicas de Roberto Carlos, ou tentar simplesmente refletir sobre essa sensação tão maravilhosa e arrebatadora. Amar alguém, não só no âmbito sexual, mas demonstrar carinho, respeito, compaixão para com o outro, é o que confere essa maravilha e esse arrebatamento.

Amar é o sentimento mais profundo que conhecemos, por isso após milênios ainda não nos aprofundamos o bastante. É algo tão incerto, metamórfico, que dizer palavras adolescentes numa música feita para venda e audiência em massa não é o suficiente. Amar é muito mais, e sempre mais. É saber que sempre existirá uma razão e sentido para a vida, mesmo quando o mundo estiver ao contrário. É ter certeza que encontrará naqueles braços o calor necessário para o frio siberiano. É saber que mesmo quando faltam palavras, um gesto pode mudar o destino de um dia, uma semana, um mês, um ano. De uma vida. É ter a certeza do inexato, indefinido e inconcluso apenas porque você se sente seguro. Tudo por causa dequeles braços, daquele abraço. É uma tempestade num dia ensolarado enquanto calmaria num mar agitado.

Passaremos os próximos anos, até o fim do mundo, tentando defini-lo, pois não temos respostas científicas para ele, só conhecemos os seus efeitos, e, enquanto sentimento for, como sentimento o cultivaremos e continuaremos em busca da frase perfeita, do poema ideal, da música que faz chorar, mas ainda choraremos daqui a centenas de milhões de anos, porque, sendo inexato, de diferentes maneiras se apresenta e de diversos modos o conhecemos. Por isso ele é tão rico e, graças a Deus, por isso nunca saberemos o que o amor realmente é. O que importa é o que ele representa para cada um.

"Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar..."
(O Meu Olhar - Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)

O que o amor representa para você?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Segundas de Literatura XXVIII

Há tempos que não fazia tal pesquisa para essa coluna. Como foi bom retornar a ela.
MAS AÍ SEGUE, JOÃO UBALDO RIBEIRO, à época do lançamento de O Pássaro Azul.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Abstinência

            Tenho sido um péssimo colunista. Até mesmo como mantenedor intelectual aqui do grupo, deveria dar mais o exemplo de escrever dentro dos limites aqui pedidos e publicar, publicar e publicar. Mas quem disse que consigo? Quem disse que o mundo deixa que eu publique? Por sorte, como um elo com o bom senso, aqueles que acompanham o site vêm sempre aqui, mas não se colocam como agentes de uma cobrança que geraria o nervosismo para a produção do texto. Hoje o escrevo, por conseguir ter um simples minuto de respiração. Mas não vou negar que me abstive de minha responsabilidade como colunista.
            A principal causa se dá pelo fechamento de notas ao fim de ano, um problema comum a qualquer professor nesse período de quarto bimestre, ou momento de total desespero de todos por todas as partes. O mundo fica muito acelerado nesse período, e nós, professores, somos cobrados de todas as escolas ao mesmo tempo. Não vou negar, esse foi o principal motivo. Só que me há uma cobrança pessoal, íntima, na tentativa de concluir o meu romance. Todo santo dia abro o mesmo arquivo, leio e releio e me forço a escrever uma página por dia. Isso já é algo que faço há algum tempo, tenho que escrever uma página por dia e ler dez páginas de algum livro importante. Com esse período de fechamento de notas, essa organização pessoal tem também sido deixada de lado. A leitura, porém, consegui equilibrar; a escrita, não. Sou muito, mas muito lento para escrever. Acho que pelo excesso de detalhes, minúcias literárias, todo aquele floreio que julgo importante ter, já disse aqui, sou fã incontestável das metáforas, das redondilhas (dialéticas), dos parágrafos enriquecidos e não limitados em si mesmos. Escrever uma página é um custo violento. Um problema que não tenho com as crônicas.
            Hoje estou nessa crônica aqui, dialogando com o título a ideia de ausência, de algo que não houve de ser feito e que tem me gerado uma saudade. A crônica é uma saudade, o humor tranquilo, mediocritus, também me é saudade. Uma saúde mais simplificada é outra. Tenho andado doente o mês inteiro, até por causa da saudade de minha avó Nancy, que faleceu início desse mês. Uma morte ainda não digerida, talvez nunca. Só mantive semanalmente a minha coluna no Trema Literatura, por causa da cobrança editorial.  Estou com abstinência de uísque, abstinência de ter a sensação do término de um texto, abstinência de ter uma ideia para um conto, esse ano terei abstinência das comidas natalinas – meu trato digestório limitou-me a frutinhas pouco robustas – abstinência de não ficar no banheiro, de não ter dor no estômago, abstinência de poder viver a escrita de uma poesia.
            Por sorte, terei abstinência da violência, do medo constante de andar no Rio, da minha barriga sempre a frente de algo muito pessoal, da minha conta no negativo, de algumas pessoas ruins que passaram na vida esse ano, da negatividade de um ambiente ruim de trabalho, do medo de perder o emprego, do chefe escroto que todos abominam a ponto de seu nome não ser proferido na Região em que moro. Só sinto também que 2010 passou muito rápido, tive pouco tempo para curtir algumas outras conquistas.
            Espero sinceramente que este ano ano seja de uma benesse completa, sem sutilezas, que todos se vinguem dentro daquilo que almejam para si. Que minha banda decole, que meu livro se acabe, que meus sites e colunas continuem, que minha filha e esposa continuem belas e jovens e loucas a ponto de me amarem como dizem. Eu as amarei sempre, isso é inquestionável. Meu maior problema vai ser o dia em que eu tiver que dividir a minha filha com outro malandro e escutá-la dizendo Eu te Amo para outro, mas essa é uma abstinência – dela – que ainda terei muito tempo para sentir. Feliz Natal e um Ótimo Ano Novo para vocês.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Crônica do Natal Iluminado

Bom, cá estamos nós nos encaminhando para o Ho-ho-ho's Day! Natal, o dia do nascimento de Cristo, uma data especial onde refletimos sobre nossas ações ao longo do ano, fazemos uma auto-análise para ver se fomos suficientemente humanos, lembramos de pessoas queridas que estão longe ou que, infelizmente, não estão mais entre nós. Com tudo isso é impossível não ficar melancólico.
Acho o Natal lindo quando o vejo através da TV. NY é fantástica com todas aquelas luzes e decorações extasiantes, sem contar com a árvore do Rockfeller Center e a vitrine da Macy's, dá vontade de ficar preso na tela para congelar esse "clima"; a Champs Elysèes toda iluminadinha... Aí a gente sai e olha as ruas do Rio de Janeiro e se desanima, pois a própria cidade se encarrega disso! Gente, tirando a árvore de Natal da Lagoa, que é um oferecimento de uma empresa privada, e algumas poucas fachadas de bancos e shopping centers, não há mais nada para ser visto. Ou as pessoas estão ficando "pão duras", ou o espírito natalino foi alvejado por alguma bala perdida, porque não há mais pisca-piscas nas varandas e janelas das casas e apartamentos. Pelo menos no Centro e na Zona Sul. Para não dizerem que estou sendo muito dura, em alguns prédios da Lagoa, da Vieira Souto e de outras áreas nobilíssimas, ainda é possível ver belas decorações, mas o quê aconteceu com as demais residências.
A Prefeitura passa o ano inteiro correndo atrás de camelô, dando choque de ordem nas praias, armando para extorquir um pouco mais a população com uma cretina taxa de iluminação pública e nem ao menos se digna a enfeitar a cidade!!! Tudo bem que não dá pra decorar cada cantinho de cada bairro, mas pelo menos os pontos mais visitados pelos turistas e também pelos cariocas. Imaginem se a Candelária estivesse iluminada por várias microlâmpadas, as árvores da Enseada de Botafogo, o bondinho do Pão de Açúcar ou o Cristo Redentor, a praça N.S. da Paz, o Maracanã com um gigantesco Papai Noel, o canteiro central da Av. Atlântica com luzeszinhas piscantes? Tá ficando mais bonito? Será que nosso edil não poderia estudar um programa de incentivo à decoração das residências?
Moro em um bairro tradicionalíssimo da Zona Sul do Rio e aqui dá até depressão nessa época, parece que você tá passando o Natal num mausoléu; acho até que o S. J. Batista é mais animado! Todos se fecham dentro de seus apartamentos e comemoram egoísticamente com suas famílias e amigos; não se soltam fogos, não se ouve Noite Feliz nem Jingle Bells, só o alarme de algum carro atingido por um bêbado deprimido pela data.
Espero que neste 2010 as coisas sejam diferentes, mais felizes e pelo menos com um pouco mais de paz para nossa população. Que brilhem as luzes artificiais, mas, sobretudo, a luz que existe em cada cidadão carioca.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sexta às Nove (55)

Sua dose semanal de remédio musical.



Leandro Sapucaí e Marcelo D2.

Quem conhece o Marcelo D2 sabe de sua mistura samba-rap. O que, devo admitir, ficou bom, apesar de eu não arredar o pé em insistir que todo eletrônico diminui a Música, quando não a mata.

Enfim, devido aos acontecimentos recentes no Rio de Janeiro, penso ser oportuno essa canção, a qual não acho necessário dizer mais do que eles mesmo disseram no seguinte trecho:

"é que o Judiciário tá todo comprado e o Legislativo tá financiado" 

R.G

SOU

Ariano
Generoso
Honesto
Positivo (quase sempre)
Sarcástico
Mal guitarrista
80% “anjinho” 20% “diabinho”

TENHO

33
Uma cadela linda
Algum material publicado
Muita coisa para fazer
Pouco tempo
Tesão

NÃO TENHO

Vontade de ir à Meca
Muita saudade do que passou
Uma Ferrari
Paciência com pessoas perversas
Tempo para dormir

ACREDITO

Em Deus
Na capacidade humana de edificar coisas extraordinárias
Na capacidade humana de fazer m …
Que conseguirei fazer
Que posso melhorar

NÃO ACREDITO

Em promessas (principalmente naquelas vindas de Brasília)
Em auto-marketing
No que o Lenon disse
Que o trabalho dignifica o Homem

GOSTO

De lasanha
De escrever
De pensar que sou legal
De música barulhenta
De finais felizes

Não entendeu? Relaxa! Aqui não há nenhum “decifra-me ou devoro-te” … Mas quanto à você?!

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