Parou o carro, foi até a margem da ponte e saltou. Fez questão, antes, de ligar o pisca-alerta, parar um pouquinho depois da câmera, subir no parapeito e o resto é história. Conseguiu, porém, nas lentidões necessárias de um salto, mandar mensagem para cada um de seus amados. Com o celular em mãos, deu um tchau para a câmera. Ali se fez passado.
“Tá sendo ótimo pular, seguir ao nada, sentir a proximidade da morte. Todos sabem que nunca tive medo dela, que me fascinava, queria conhecê-la. Depois de agora, de tudo que me aconteceu, por que não morrer? Mando essa mensagem para todos vocês. Bem capaz de quando ela chegar, eu já estarei no fundo do mar, navegando, dormindo nas profundezas do último Morfeu. Só tenho a dizer que amo a todos. Invariavelmente. Me jogo, pois me sinto completo. Me mato, pois de mais nada eu preciso. Tive vocês tão próximos, em todos os momentos. Agora, preciso só da lembrança. Gostaria de que um dia tentassem o mesmo que eu, é belo. É lindo. Não é o mesmo que andar de moto. Nem chega perto da sensação de pular de para-quedas. É ótimo ter a sensação da certeza. A aproximação da água assusta um pouco. Mas o prazer de um novo nascimento é indescritível. Espero encontrá-los mais cedo ou mais tarde. Espero até que mais cedo do que tarde. Torço por todos. Um beijo. M...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário