Sua Voz
Flâmula flagelada de instinto, via-se o rapaz infinito limitado de gosto. Parecia vivo apenas pela mera capacidade de respirar. E por mais que em seu íntimo buscasse criar o mais belo sentido de vida, sabia que estava vivo apenas para obedecer. O senso básico do seu sonho está em enraizar esperança onde se dói mais a pele. Nele havia um jardim infinito de flores coloridas de azul, branco e vermelho. Todas guardadas apenas para ele.
A cada dia, ele escutava a voz de sua mãe. Uma distinta senhora psicóloga, controladora de mundos. A cada vez em que ouvia aquela voz, seu doce campo aumentava hectare por hectare. Adora entrar lá no fundo, na berlinda da criação, vendo como chão surgia a sua frente, inundando-se de flores coloridas. Mas em nenhum momento se esquecia de cada grão de voz que fez cada grama de chão nascer. Olhava para trás e via algumas flores reluzindo no brilho da memória. Não ficava triste ao ver alguma flor morta; sabia bem que um dia iriam voltar à vida. Era o revigorar da lembrança, que a cada momento se fazia vivo quando se revive alguma dor.
Passou os últimos anos vivendo no mundo próprio. Voltava sempre no meio do campo, bem lá onde não havia flores, pois encaixava o nascimento dos seus pés. Foi a primeira flor viva naquele mundo que guarda cada palavra sacrílega. E todas não tinham o pingo do brilho carinhoso. Eram sempre duras, ferinas e precisas. Com o tempo, passou a não mais se chatear com tanta falta de carinho, mas passou a ver que os campos estavam se fazendo morros, os morros, planaltos, os planaltos, montanhas. O sol ali nunca brilhou, mas ele sabia como iluminar seu próprio canto.
Com o tempo, viu que passaram a aparecer algumas cavernas e lá suas flores não entravam. Sentia o medo vindo daquele escuro; isto se explicava como motivo delas estarem recuadas, deitando-se ao vento que saia de lá. Tremia-se frio forte, braço que fraqueja fraco ataque. Tentou chegar perto daqueles túneis de dor, mas via se murchando, como que sugado. Tomou coragem e para dentro de um foi. Arrependimento. Viu flores decaindo lá de dentro. Luar onde brilho não brilha. Lugar onde corda de pescoço tem vida. Lembrou-se daquela corda de pescoço. Às vezes, sentia severa saudade.
E lá dentro o vento piava a voz de mundo. No brilho gigante daqueles óculos nervosos, escuta o grito agudo da desorientação. O vento feria gritando “anormal”, “deformado”, “estranho”, palavras-adubo de outras flores, as que esburacaram o seu mundo. Conseguiu sair correndo, vencendo a supremacia da tentação daquela corda, de raiz didática a todos os outros. Sabia ainda que não estava apto a ensinar. Só ainda lhe faltava a coragem para ensinar.
Do chão que subia perto daquela caverna, viu vários outros gritando a feiúra do mundo sobrenatural. Num deles viu seu pai chorando uma culpa não-existente, pedindo para todos serem o que não eram. Havia uma placa na caverna, declarando-o volátil. Saiu de cima das breves colinas e correu para seu campanado. Sabia que era dia de chuva, e lágrima de céu não-vivo limpa a terra temporariamente. Era um bom alívio.
João abriu os olhos e se vê preso no próprio quarto. Deitava-se no chão, para não desarrumar a cama. Tudo estava em seu lugar, como fora feito por ela. A milimetria do mundo clarificava aquela essência de grito, que se exclamava pela casa toda, ordenhando a vida de todos. O mundo era de sombras onde o brilho se fiava sem vida. Era um campo tão imundo de pureza, era aquele João Silva Campos apenas respirando, como fora feito para ser.
Flâmula flagelada de instinto, via-se o rapaz infinito limitado de gosto. Parecia vivo apenas pela mera capacidade de respirar. E por mais que em seu íntimo buscasse criar o mais belo sentido de vida, sabia que estava vivo apenas para obedecer. O senso básico do seu sonho está em enraizar esperança onde se dói mais a pele. Nele havia um jardim infinito de flores coloridas de azul, branco e vermelho. Todas guardadas apenas para ele.
A cada dia, ele escutava a voz de sua mãe. Uma distinta senhora psicóloga, controladora de mundos. A cada vez em que ouvia aquela voz, seu doce campo aumentava hectare por hectare. Adora entrar lá no fundo, na berlinda da criação, vendo como chão surgia a sua frente, inundando-se de flores coloridas. Mas em nenhum momento se esquecia de cada grão de voz que fez cada grama de chão nascer. Olhava para trás e via algumas flores reluzindo no brilho da memória. Não ficava triste ao ver alguma flor morta; sabia bem que um dia iriam voltar à vida. Era o revigorar da lembrança, que a cada momento se fazia vivo quando se revive alguma dor.
Passou os últimos anos vivendo no mundo próprio. Voltava sempre no meio do campo, bem lá onde não havia flores, pois encaixava o nascimento dos seus pés. Foi a primeira flor viva naquele mundo que guarda cada palavra sacrílega. E todas não tinham o pingo do brilho carinhoso. Eram sempre duras, ferinas e precisas. Com o tempo, passou a não mais se chatear com tanta falta de carinho, mas passou a ver que os campos estavam se fazendo morros, os morros, planaltos, os planaltos, montanhas. O sol ali nunca brilhou, mas ele sabia como iluminar seu próprio canto.
Com o tempo, viu que passaram a aparecer algumas cavernas e lá suas flores não entravam. Sentia o medo vindo daquele escuro; isto se explicava como motivo delas estarem recuadas, deitando-se ao vento que saia de lá. Tremia-se frio forte, braço que fraqueja fraco ataque. Tentou chegar perto daqueles túneis de dor, mas via se murchando, como que sugado. Tomou coragem e para dentro de um foi. Arrependimento. Viu flores decaindo lá de dentro. Luar onde brilho não brilha. Lugar onde corda de pescoço tem vida. Lembrou-se daquela corda de pescoço. Às vezes, sentia severa saudade.
E lá dentro o vento piava a voz de mundo. No brilho gigante daqueles óculos nervosos, escuta o grito agudo da desorientação. O vento feria gritando “anormal”, “deformado”, “estranho”, palavras-adubo de outras flores, as que esburacaram o seu mundo. Conseguiu sair correndo, vencendo a supremacia da tentação daquela corda, de raiz didática a todos os outros. Sabia ainda que não estava apto a ensinar. Só ainda lhe faltava a coragem para ensinar.
Do chão que subia perto daquela caverna, viu vários outros gritando a feiúra do mundo sobrenatural. Num deles viu seu pai chorando uma culpa não-existente, pedindo para todos serem o que não eram. Havia uma placa na caverna, declarando-o volátil. Saiu de cima das breves colinas e correu para seu campanado. Sabia que era dia de chuva, e lágrima de céu não-vivo limpa a terra temporariamente. Era um bom alívio.
João abriu os olhos e se vê preso no próprio quarto. Deitava-se no chão, para não desarrumar a cama. Tudo estava em seu lugar, como fora feito por ela. A milimetria do mundo clarificava aquela essência de grito, que se exclamava pela casa toda, ordenhando a vida de todos. O mundo era de sombras onde o brilho se fiava sem vida. Era um campo tão imundo de pureza, era aquele João Silva Campos apenas respirando, como fora feito para ser.
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