“Por que eu ainda insisto nessa p... de profissão” teria dito Chico Buarque a Caetano – ele que “é lindo” ... “ou não”, além de ser o rei do falsete – depois de ter desafinado um agudo num dueto. Pelo menos assim me havia contato um amigo querido quer também fora meu professor de Geografia...
Em dias como os de hoje é impossível não lembrar essa história e somar à outra de uma antiga ficante da faculdade que dizia que queria ser a Sheila do Caverna do Dragão e, por vezes, sumir com a providencial ajuda de uma capa – incrível como aprendemos e lembramos de mulheres enquanto somos importunados e elas põem à prova nossa sanidade.
Seja como for, eu devo ser daqueles tipinhos barrocos mesmo. Como alguém tão tímido e que quase sempre adoraria ser “uma mosquinha” ou também, como “as Sheilas”, ficar invisível busca tanto ser notado? Falar em público. Tocar para ser ouvido ... “onde fui amarrar minha égua?": pensamento preponderante de dias como os de hoje!
Fazer o que? Torcer para que dias felizes comecem com boas notícias. A de hoje foi linda. Cor-de-rosa! Dobrar a aposta (...”onde fui amarrar minha égua?” ... de novo!) e assumir minhas palavras e meus acordes.
Então, que eu tenha – e todos vocês também – dias felizes!
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
ÍNDICES DE DESCULPAS
Naquele
momento não pensei em mais nada, e assim inicia-se esta história, pelo
motivo incentivador de uma reflexão sobre o que me espera. As palavras
já estavam ditas e nada poderia revertê-las. Nessa estrada não havia
retorno. Quando elas estão guardadas são nossas escravas e podemos fazer
delas
o que quisermos, mas, quando são lançadas ao ar, nós somos rebaixados à
escravidão e elas podem ser senhoras muito cruéis quando, ao serem
elaboradas, burlam a etapa na qual o cérebro trabalha.
Os sentimentos se embaralhavam e o meu peito diminuiu dois terços de seu tamanho, pois senti meu coração apertado, sufocado. Não porque estava com remorso, mas porque eu soube, naquele instante, que uma ferida havia sido aberta por mim, devido à minha irredutibilidade, à minha dificuldade em ouvir, à minha dificuldade em aceitar, à minha dificuldade em entender e à minha mania de achar que tudo pode se resolver em berros, que dessa forma serei ouvido. Aquilo que havia me transtornado já nem importava mais, pois a necessidade de estar certo levou-me a desvirtuar o assunto e a atribuir culpa a gestos completamente irrelevantes. Por isso comecei a falar, e falei até não dizer mais nada. Mesmo assim continuei falando. Mas já estava dito e eu era completamente incapaz de voltar atrás, de dizer que o que saiu da minha boca estava errado. Ou simplesmente não dizer mais nada e apenas desculpar-me. Não fui capaz.
Os sentimentos se embaralhavam e o meu peito diminuiu dois terços de seu tamanho, pois senti meu coração apertado, sufocado. Não porque estava com remorso, mas porque eu soube, naquele instante, que uma ferida havia sido aberta por mim, devido à minha irredutibilidade, à minha dificuldade em ouvir, à minha dificuldade em aceitar, à minha dificuldade em entender e à minha mania de achar que tudo pode se resolver em berros, que dessa forma serei ouvido. Aquilo que havia me transtornado já nem importava mais, pois a necessidade de estar certo levou-me a desvirtuar o assunto e a atribuir culpa a gestos completamente irrelevantes. Por isso comecei a falar, e falei até não dizer mais nada. Mesmo assim continuei falando. Mas já estava dito e eu era completamente incapaz de voltar atrás, de dizer que o que saiu da minha boca estava errado. Ou simplesmente não dizer mais nada e apenas desculpar-me. Não fui capaz.
Nada
mais me deteria. Mesmo com aquela vontade louca de, simplesmente,
abraçá-la fortemente, como se nada ao redor existisse e ela pudesse
sentir que nos meus braços ela estaria segura, dizê-la o quanto eu a amo
e beijá-la intensamente para mostrar o que realmente estava dentro de
mim, nada foi feito. Eu me virei, simplesmente me virei e caminhei.
Minutos se tornaram horas até o meu destino, pois eu sabia que, quando
eu ouvisse sua voz novamente, algo estaria diferente, fora de seu eixo
natural, como a Terra depois de um terremoto de escala máxima, provocado
por palavras. A partir de então, um sentimento começou a ganhar a briga
dentro de mim: a tristeza. Cruel tristeza! Lembrei-me de seu olhar.
Aquele olhar desesperador. Por aquela janela pude ver que a alma dela
estava despedaçada, e a rara falta de brilho neles trazia à superfície o
estado em que eu a havia deixado. Lembrança aterrorizante.
Assinar:
Postagens (Atom)