Naquele
momento não pensei em mais nada, e assim inicia-se esta história, pelo
motivo incentivador de uma reflexão sobre o que me espera. As palavras
já estavam ditas e nada poderia revertê-las. Nessa estrada não havia
retorno. Quando elas estão guardadas são nossas escravas e podemos fazer
delas
o que quisermos, mas, quando são lançadas ao ar, nós somos rebaixados à
escravidão e elas podem ser senhoras muito cruéis quando, ao serem
elaboradas, burlam a etapa na qual o cérebro trabalha.
Os sentimentos se embaralhavam e o meu peito diminuiu dois terços de seu tamanho, pois senti meu coração apertado, sufocado. Não porque estava com remorso, mas porque eu soube, naquele instante, que uma ferida havia sido aberta por mim, devido à minha irredutibilidade, à minha dificuldade em ouvir, à minha dificuldade em aceitar, à minha dificuldade em entender e à minha mania de achar que tudo pode se resolver em berros, que dessa forma serei ouvido. Aquilo que havia me transtornado já nem importava mais, pois a necessidade de estar certo levou-me a desvirtuar o assunto e a atribuir culpa a gestos completamente irrelevantes. Por isso comecei a falar, e falei até não dizer mais nada. Mesmo assim continuei falando. Mas já estava dito e eu era completamente incapaz de voltar atrás, de dizer que o que saiu da minha boca estava errado. Ou simplesmente não dizer mais nada e apenas desculpar-me. Não fui capaz.
Os sentimentos se embaralhavam e o meu peito diminuiu dois terços de seu tamanho, pois senti meu coração apertado, sufocado. Não porque estava com remorso, mas porque eu soube, naquele instante, que uma ferida havia sido aberta por mim, devido à minha irredutibilidade, à minha dificuldade em ouvir, à minha dificuldade em aceitar, à minha dificuldade em entender e à minha mania de achar que tudo pode se resolver em berros, que dessa forma serei ouvido. Aquilo que havia me transtornado já nem importava mais, pois a necessidade de estar certo levou-me a desvirtuar o assunto e a atribuir culpa a gestos completamente irrelevantes. Por isso comecei a falar, e falei até não dizer mais nada. Mesmo assim continuei falando. Mas já estava dito e eu era completamente incapaz de voltar atrás, de dizer que o que saiu da minha boca estava errado. Ou simplesmente não dizer mais nada e apenas desculpar-me. Não fui capaz.
Nada
mais me deteria. Mesmo com aquela vontade louca de, simplesmente,
abraçá-la fortemente, como se nada ao redor existisse e ela pudesse
sentir que nos meus braços ela estaria segura, dizê-la o quanto eu a amo
e beijá-la intensamente para mostrar o que realmente estava dentro de
mim, nada foi feito. Eu me virei, simplesmente me virei e caminhei.
Minutos se tornaram horas até o meu destino, pois eu sabia que, quando
eu ouvisse sua voz novamente, algo estaria diferente, fora de seu eixo
natural, como a Terra depois de um terremoto de escala máxima, provocado
por palavras. A partir de então, um sentimento começou a ganhar a briga
dentro de mim: a tristeza. Cruel tristeza! Lembrei-me de seu olhar.
Aquele olhar desesperador. Por aquela janela pude ver que a alma dela
estava despedaçada, e a rara falta de brilho neles trazia à superfície o
estado em que eu a havia deixado. Lembrança aterrorizante.
Um comentário:
Esse seu texto não nega ser Índice, e gostei muito do que li, ótimo exercício, de muito bom gosto. Continue!!!
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