terça-feira, 20 de novembro de 2012
domingo, 9 de setembro de 2012
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Crônica para daqui a dez anos.
“É
uma pena ver o declínio das vendas dos livros físicos em detrimento da migração
dos leitores para as novas tecnologias. É uma pena mesmo. Uma vez mais a
máquina substituindo o sensorial, o prazer, e trocando-o pela frieza que brilha
e encanta os olhos, mas não mais o resto. Uma obra nesses aparelhinhos é um
livro sem gosto, sem sabor, sem a luta pela manutenção do livro aberto. Não ter
o prazer do volume em suas mãos, lutando com todas aquelas páginas que te
encaram, que te exigem destreza, parece o fim. Nunca que um livro físico vai
ser superado por essas maquininhas. Os livros que uma vez pertenceram ao meu
avô, que hoje compõem a biblioteca usufruída por minha filha, continuam os
mesmos, apenas protegidos das traças e do envelhecimento cadente do papel. Não
precisaram passar por atualização de software, antivírus, migração para nova
tecnologia ou qualquer coisa que alguém julgue ser melhor do que o papel em
essência”.
“Mas
não serei leviano, sei que mais cedo ou mais tarde o livro físico seria vencido
de vez. E desabafo aqui, pois fui criado num ambiente cheio de volumes e mais
volumes. E ver as livrarias minguantes de estantes, lotadas de telas sensíveis
ao homem, mas insensíveis ao prazer da descoberta pelo toque, faz-me crer que
não precisaremos mais do tato ou do olfato em um breve período de tempo. E ler –
isso ainda não nos tiraram – que as gráficas hoje se reduziram drasticamente,
imprimindo por demanda, que cada vez mais minguados também estão os pedidos, o
livro – essencial, não a obra – volta a ser um artigo de luxo como o era na
Idade Média ou até meados do século XIX, antes da invasão da revolução
industrial no meio artístico. Logo as bibliotecas terão que mudar de nome, não
mais acervo de livros da genialidade humana, mas Museu de um passado de
publicações, Sala da Obra Impressa, O resquício da papel, ou o que mais puder
traduzir sua decadência. Virão os ecologistas afirmarem a importância do
paradigma vencido, historiadores que remeterão à Biblioteca de Alenxadria – se assim
fosse no passado, a tecnologia teria preservado aquele conteúdo dito fantástico.
Aí escrevo, o quanto de luz está sendo gasta só para manterem esses servidores
abarrotados, tudo bem, fonte renovável, mas prazer que é prazer não se renova,
cria lembrança. E quanto à biblioteca de Alexandria não nego, não tenho muito a
dizer, também gostaria de ler o que lá publicaram. O papel, porém, precisou uma
única vez de energia para ser produzido e a facilidade de seu retorno à
natureza quando de sua degradação não tem precedentes. O que fizeram com os
servidores antigos quando criaram os novos? Ao mesmo tempo, será que eu teria
tempo de ler todo aquele universo de texto que havia na biblioteca de
Alexandria? Se não o tenho hoje, vírgula, prefiro parar por aqui o raciocínio”
“O
que me incomoda mesmo é o individualismo em sua máxima plenitude. Depois de as
redes sociais terem obtido o êxito de extinguir o particular, tanto da conversa
ao vivo, tête-à-tête, quanto da privacidade, do barzinho, agora também o conseguem
evitando que uma quantidade de leitores consiga usufruir de um mesmo livro. Se
compro a obra para o aparelho X, não posso enviá-la para o aparelho Y, pois é
bloqueado, não permitido pelo detentor dos direitos autorais e os escambau.
Caramba, se eu comprei o livro, eu não quero reescrevê-lo, mas quero discuti-lo
com a minha esposa por exemplo. Só que não posso emprestar o meu tablet pra
ela, pois com ele trabalho. O livro, que ela poderia dispor sem precisar
carregá-lo na tomada – só na bolsa – está restrito ao meu aparelho, não mais do
que nele. Não posso enviá-la por qualquer recurso de troca, também. Ao mesmo
tempo, uma mesma obra tem diferentes formas para diferentes plataformas. O que
é essa nova publicação de Harry Potter, que possui diferentes grafismos para
Ipad 12 e 13, mas não é visto da mesma maneira para o Android New Maker 7.0?
Uma mesma obra pode ter várias edições, revisões feitas pelo autor, mas
diferentes tratamentos? Isso é preconceito. Isso é marginalização. E só um tipo
de consumidor é que pode ter acesso a um novo modelo de obra? Na minha época
havia as edições de luxo, mas não significava que era outra obra, ela era a
mesma, só que com outra preocupação”.
“Cataclísmico
que possa parecer – para mim o é – lembro-me das páginas da Revista Galileu que
saiu em Agosto de 2012, falando sobre estantes mutantes, livros com outras
formas além da tradicional – livros de papel com led, que isso?! – e mais
outras formas diversas que transformaram o tradicional em algo adaptado. O
novo, às vezes, quando vem, só faz é trazer dor de cabeça. Tanto por causa de
inovações bobas, quanto por excesso de luzes onde se faz melhor o lusco-fusco
de sempre”.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
Questionável
Hoje
a coisa tá estranha
muito
segui-me ao teclado
e ele, louco
me pediu
deixa comigo
E eu deixei
Em uma hora
assentaram-se sessenta ideias
Dessas sessenta ideias
algumas brotaram
germinaram
Aí estou
Idealizando poemas
Como reduto reduzido de grandices
Mas o que faço
nesse pois então de ideias
se não deixá-las parir sozinhas
inerentes a mim
mas e nem aí para mim
Sou um escravo
a procura de trabalho não remunerado
deixando a discrição
por descrição
nesse ato falho de escrever
o pouco que valho.
terça-feira, 15 de maio de 2012
Por uma nova coleção
Em minha mente, cheguei ao fim
de Colecionador de Lágrimas, meu primeiro romance. Debutando com esse novo
amor, tal qual um óbvio adolescente em totais descobertas, posso dizer que
estou ao passo da realização. Mas por que ela não me é completa? Talvez por ser
o primeiro.
Como um produto de dois anos de
trabalho eu estou muito realizado. Feliz mesmo. Não me lembro bem quando se deu
a derradeira escolha por palavras. Abdicar do desenho, deixar que o tracejado
fugisse de meus dedos e passar somente a desenhar palavras – no fundo, a
desenhar com palavras – não posso precisar quando me houve. Só posso dizer que
três fatores preponderantes: Ana Maria Machado, Chico Torres e Iron Maiden.
Se há uma obra relevante na
minha vida é Raul da Ferrugem Azul. Primeiro pelo aspecto imagético, um garoto
estar tomado e ter uma ferrugem que só é vista por ele e esta rima. A rima, o
som, a imagem, tudo era desenhar com palavras. Mas não saí substituindo o
desenho. Até os meus dezoito anos eu desenhada todo santo dia. Nada belo, serei
sincero, mas desenhava. Perfis humanos, o contorno das mãos, punhos fechados,
olhos a desenhar personalidade. Com o tempo foi a poesia, mas muito pouco,
diga-se de passagem, mas a houve. No Ensino Médio o gosto pela música e aí que
houve o pulo do gato. Passava o dia inteiro escutando música, estudando e
desenhando. Do universo Rock veio a primeira namorada; casava bem com o ritmo,
personificava o metal. Pelo meu gosto à Língua Inglesa, coisa dos meus sete
anos, isso lembro bem, passei a estudar letras. Mas o que eram aquelas capas do
Iron, o que eram? Aquele universo sombrio, questionador de letras pulsantes,
temáticas, exatas e enxutas? Foi demais para mim. Paixão eterna. Este, sim, o
primeiro amor.
Aí bati de frente com o talento
vivo, enorme. No Ensino Médio mesmo conheci esse cara: Chico Torres.
Introspectivo, mas com dedos soltos. Uma figura sombria, escondido atrás dos
cabelos. Mesmo gosto por Rock foi a aproximação. Um dia em sua casa ele fala, Escuta essa, era ele e uma guitarra. Aí
entendi o porquê de sua mão ser tão volumosa em um corpo tão magro. A sua forma
de tocar guitarra, a sua simbiose era perfeita.
Eram perfeitos. Não tive como não admirá-lo. Como o faço até hoje, mesmo
em nossa distância.
Neste momento em que me surge um
contraste. Tanto Ana Maria Machado, quanto Iron Maiden eram talentos distantes.
Na minha família os talentosos eram os que tinham um dom e por isso
inalcançáveis. Eu tinha apenas uma capacidade, uma bem leve. A amizade com
Chico foi fundamental para sacramentar uma convicção, que a perseverança é a
síntese de alguém que consegue. Além disso, montamos uma banda juntos, eu e
ele. O nome: Death Style. Era boa, por causa dele, deixe-se isso bem claro.
Porém, ali compúnhamos. Letras em inglês, uma ou outra em Português, e
escrevíamos o dia inteiro. Ele me mostrou outras dele, de uma banda antes.
Ótimas, “ Down in the dephts / of my angry soul / I can hear the Bells of
destruction”, digo, canto-as até hoje. Quase todas. Ali descobri palavras.
Dois outros fatores: conhecer
Wagner Martins e Rômulo. O primeiro pelo seu sarcasmo, uma acidez irremediável
e de uma inteligência fora de série. Nós todos estudávamos, Wagner produzia
raciocínio. Ele era muito para nós, a inteligência em forma física. Conhecê-lo foi um duplo agrado, primeiro por
me colocar no lugar. Era o cara que me zoava. Na época eu não entendia, hoje
sim. Também por me dizer um dia, Calixto,
você é um talento sem criatividade. Não entendo isso, um cara com talento, mas
sem criatividade. Nunca soube como agradecê-lo. Rômulo, pois me chamou para
Ace Comics. Eu desenhava, Chico e eu escrevíamos. Quem me conhece sabe da
importância e desimportância de Sarcantus.
Agora, o Colecionador de
Lágrimas.
Tê-lo prontinho, apenas
necessitando de digitação final é algo reconfortante. Já fiz aquela leitura de
corte, a de adaptação, a de enxerto, de novo corte. Falta digitar. Os papéis
estão amontoados. Preciso organizá-los, mas vê-lo, o livro, é tão bom. Não sei
qual vai ser a receptividade. Não sei. Se será boa, se serei execrado, tudo são
possibilidades. Não nego que estou em uma fase de agradar gregos e troianos.
Estarei mentindo se dissesse o contrário. Gostaria sim de que todos que o
lessem me dissessem gostar muito. De que cada um me viesse apontar um detalhe
de belo da obra. Sabe aquela história de escrever um texto que mudasse as
pessoas... pois bem, sei que não a consegui. Só modifiquei a mim mesmo. Tenho
um romance escrito. Não mais do que.
Junto-me ao Hall dos meus amigos
talentosos. Não posso, porém, exigir uma cadeira nesse panteão, nem sentar ao
lado deles. Posso estar na mesma sala, ver um Ulisses Mattos, um Wagner
Martins, um Chico Torres, vê-los em suas excelências, em seus esplendores. O
que falta mesmo, nesse momento, é coisa bem simples: continuar a coleção.
Escrever. Sinto-me completo assim. E ao mesmo tempo agradecido.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Carnaval
Vi-me
surpreendido pela pergunta de Fernanda Lima em seu programa Amor & Sexo
sobre o carnaval, ou os carnavais, que mais trouxe lembranças. A pergunta, em
sua imposição, era direta em retratar lembranças picantes, paixões de carnaval,
aquelas coisas que só pensamos em fazer nele, por ser inerente à época. Mas aí,
uma das entrevistadas foi direto em suas lembranças de criança, quando o
carnaval era só fantasia e mais nada.
Ao
pensar nesses carnavais, direcionadamente me lembrei dos de dezenove anos até
os meus vinte e um anos. Carnavais sem freio, sem medida, alguns excessos
declarados, bons carnavais. Surpreso com a resposta, revi minha filha nas
lembranças, e principalmente, ela fantasiada de abelhinha. Era um carnaval
simples, ela com um aninho de idade, bem rechonchudinha, fomos ao Norte
Shopping, nossa família, a de meu afilhado, todos lindos. O carnaval ali era
das crianças. Os pais estavam fantasiados de pais, eles serviam de cabide para
tantas bolsas infantis, elas segurando as mãozinhas daquelas crianças todas,
dançando, andando na velocidade de todos os nenéns. Uma coisa muito gostosa de
se ver.
Eu
que fui criado para ser machista, eu que fui treinado para ver mulheres como
apetrecho ao prazer, senti um gosto especial por aquele tipo de carnaval. E
entender que este não é para ficar tocando o limite do próprio corpo, bebendo
em excesso, evitando dormir, beijar até não mais poder e fazer sexo com o
máximo de pessoas que puder. Entendo que isso seja inerente ao carnaval, que a
padronização das festas que vemos hoje vai perpetuar essa visão também para o
universo feminino, com a coisificação do sexo, com transformação do homem em
objeto, mas apenas enxergar a festa como festa, rir pelo ato de dançar, pular
com a minha filha no colo, com o meu sobrinho, com um número ainda maior de
crianças, foi mais gostoso do que pude imaginar.
E
aí vem o detalhe que acho maravilhoso. Poder redescobrir coisas e ver que elas
podem ser muito mais do que foi padronizado, ah, isso sempre para mim será a
glória. Sair do estipulado e ver o íntimo das coisas, para mim é a própria
vida. E agora, Carnaval para mim é isso, fantasia nas crianças, pular na
felicidade delas e vê-las rindo. O carnaval é divino.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Momento "jabá"
Caros amigos, leitores, colaboradores, simpatizantes e afins...
Uso nosso querido blog para divulgar um curso que eu e um amigo da Fiocruz estamos organizando no Instituto Pretos Novos (Gamboa, Centro do Rio). Nosso público alvo são professores de História e demais "humanidades"; jornalistas e qualquer outro interessado em saber mais acerca de nosso passado escravista.
Conto com o interesse de vocês e ">principalmente com a ajuda para divulgar (Facebook, outros blogs associados a História e/ou educação...)
Desde já agradeço. Com um abraço, Dé.
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