Tenho refletido sobre a questão da fidelidade e quanto eu mais eu penso a respeito, menos eu a compreendo. Não consigo entender por que as pessoas insistem tanto nesse ponto. A maioria acha que fidelidade é prova de amor, mas para mim amar é querer que o outro seja feliz e pleno. E como alguém pode ser feliz se tiver que se anular e reprimir sua natureza? Claro que não podemos dar vazão a todos os nossos instintos, caso contrário, viveríamos no caos, nos mataríamos uns aos outros, o estupro correria solto, entre tantas outras abominações. Verdade que estamos a caminho, mas ainda não nos tornamos piores do que Sodoma e Gomorra. Ainda assim fico pensando qual o propósito da fidelidade?
Já viram como os homens têm uma outra visão da fidelidade? Como eles sabem separar sexo de amor? Para eles, sair com uma outra mulher que não a sua companheira, não significa que eles não a amem mais ou que não sintam mais desejo por sua namorada ou esposa, significa tão somente que eles se sentiram atraídos por uma outra fêmea e seguiram seus instintos. No entanto, as mulheres fazem um “cavalo de batalha” porque acham que estão sendo traídas. Se agarram à fidelidade como se esta fosse o único meio para manter uma relação, como se fosse uma corrente de ferro, que uma vez fundido o último elo, torna-se indestrutível. O que ocorre é que quase todas as mulheres são reprimidas sexualmente, não têm coragem para romper os grilhões sociais e usam a fidelidade para castigar os homens por sua liberdade sexual, como uma espécie de vingança. Só que no final das contas são elas que ficam com o sofrimento e o gosto amargo na boca, pois são raros os espécimes masculinos que se submetem a tal condição. Elas não percebem que quanto mais tolhem o parceiro, mais eles buscam a liberdade em outros braços. Eles não querem uma carcereira, querem uma parceira, uma cúmplice e uma companheira. Homens não são cavalos de charrete para andarem com anteolhos e tampouco as mulheres deveriam ser!
O problema é que ainda temos uma visão romântica do relacionamento entre um homem e uma mulher. A Igreja, por um lado, com os seus “O que Deus uniu, o homem não separe jamais” e “Até que a morte os separe”; a literatura, por outro lado, com o “E foram felizes para sempre”, contribuem, e muito, para a cristalização dos valores. Nada contra a instituição CASAMENTO, o elemento complicador, ao meu ver, é a base sobre a qual ele é fundado. Explico melhor. As partes, quando se casam, exigem unicamente uma coisa: fidelidade. Só que esquecemos que esta “qualidade” não é natural do ser humano, é algo adquirido. Vejamos, o homem (raça), tal como os demais animais, obedece a um instinto primitivo de procriação; o homem (gênero) deve transmitir seus genes ao maior número possível de mulheres para garantir a multiplicidade e a sobrevivência da espécie. Cabe à mulher selecionar aquele que julgar mais forte e saudável para fecundar o seu óvulo, uma vez que seu processo de gestação é lento e doloroso, daí a necessidade de eleger um parceiro por vez. Porém, isso não quer dizer que este deva ser o único! Se fosse desta maneira, poderíamos ficar como na Arca de Noé e pronto: um par de cada espécie para todo o sempre. Amém!
Algumas leitoras argumentarão que, muitas vezes, os homens são os que mais exigem a fidelidade. Concordo. No entanto, o motivo que os leva a tal exigência é bem diferente do das mulheres. Nós (e me incluo apenas como gênero) depositamos a nossa felicidade no outro e com isso criamos uma dependência emocional, portanto se o nosso amado vai atrás de um outro “rabo-de-saia”, nos sentimos frustradas e fracassadas. Os homens, por sua vez, depositam na fidelidade a sua virilidade, ou seja, se suas mulheres vão para a cama com um outro, para eles é como se não fossem capaz de satisfazê-las, como se fossem meio impotentes e menos machos. A questão então é simples: nós queremos a fidelidade para nos sentirmos únicas, especiais e felizes; eles também querem a fidelidade para se sentirem potentes e viris. Pura insegurança de ambas as partes, porque todos somos especiais, únicos, sexualmente potentes e podemos ser felizes por nossos próprios méritos. Claro que com o outro é muito melhor, mas não precisamos jogar mais este peso nos ombros alheios.
O que quero demonstrar é que exigimos algo que é antinatural e, se é assim, por que impomos uma escolha única e perpétua? Será que não estamos elegendo a opção errada? Será que não seria melhor “exigirmos” do parceiro (a) lealdade em lugar de fidelidade? Não é mais desejável que a pessoa que está ao nosso lado sinta-se confortável para falar abertamente dos seus sentimentos e sensações do que forçá-la a reprimir seus instintos para satisfazer a uma vaidade? Vaidade sim, pois os fiéis são altamente narcisistas e egoístas; obrigam o parceiro a ser um reflexo de si próprios, uma vez que se acham perfeitos e não se importam se o outro está feliz com essa “opção”. Pensam que se eles podem refrear seus desejos, por que o outro não pode? “Se eu sou fiel, você também tem que ser!”. Os fiéis creem que possuem todas as qualidades do mundo e são capazes de satisfazer plenamente o parceiro e por isso acham um total desrespeito quando o companheiro olha para uma outra pessoa.
Atenção! NINGUÉM é perfeito. Ao longo da vida você pode se encantar por um sem fim de pessoas. Você pode, em uma determinada fase da sua existência, se apaixonar por alguém lindíssimo, carinhoso e generoso, mas as coisas mudam e, de repente, você dobra a esquina e conhece uma outra pessoa com características distintas que te completam melhor neste outro momento da sua vida. E agora? Você continua com o seu parceiro, mesmo sentindo-se infeliz, só porque jurou fidelidade? Ou você preferiria poder sentar com seu companheiro e dizer a ele que está se sentindo fortemente atraído por outra pessoa e tentar encontrar uma solução juntos? Logo, penso que deveríamos modificar o juramento que fazemos diante do sacerdote ou Juiz-de-Paz. Em lugar do: “Juro ser fiel, amar-te e respeitar-te na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza...”, deveríamos dizer: “Juro ser leal e verdadeiro, respeitar-te e amar-te. Ser teu(tua) companheiro(a) em todos os momentos de nossa vida, sejam eles bons ou maus até que a vida nos separe”. E de quebra ainda podíamos mudar os contos-de-fada e finalizá-los parafraseando os mais perfeitos versos do poeta Vinícius de Moraes: “E foram felizes enquanto ardeu a chama do seu amor”.
Antes que os fidelíssimos me crucifiquem, vou logo dizendo que não sou nenhuma especialista em relacionamentos, na verdade meus fracassos são mais numerosos que os meus sucessos (pois só agora estou revendo meus conceitos e soltando as amarras), mas eu aproveito o tempo em que estou sozinha para tentar compreender o mecanismo das relações. E cada erro que cometo é uma nova reflexão. Por isso, aviso que não estou me metendo a dar conselhos a quem quer que seja, estou apenas expondo minha opinião, tentando demonstrar uma nova perspectiva, um novo olhar sobre um velho tema. Quem quiser me seguir, que o faça; quem for fiel convicto, encontrou a sua metade da laranja e ambos são felizes assim, parabéns! Só peço a estes últimos que, por favor, ao iniciarem um relacionamento, perguntem ao ser amado onde ele se enquadra, pois a fidelidade pode ser um jugo pesado demais. Vou continuar preferindo a lealdade à fidelidade, não quero que a pessoa que esteja comigo seja obrigada a mentir para mim porque não consegue subjugar sua natureza. O bom da vida é ser feliz.
Já viram como os homens têm uma outra visão da fidelidade? Como eles sabem separar sexo de amor? Para eles, sair com uma outra mulher que não a sua companheira, não significa que eles não a amem mais ou que não sintam mais desejo por sua namorada ou esposa, significa tão somente que eles se sentiram atraídos por uma outra fêmea e seguiram seus instintos. No entanto, as mulheres fazem um “cavalo de batalha” porque acham que estão sendo traídas. Se agarram à fidelidade como se esta fosse o único meio para manter uma relação, como se fosse uma corrente de ferro, que uma vez fundido o último elo, torna-se indestrutível. O que ocorre é que quase todas as mulheres são reprimidas sexualmente, não têm coragem para romper os grilhões sociais e usam a fidelidade para castigar os homens por sua liberdade sexual, como uma espécie de vingança. Só que no final das contas são elas que ficam com o sofrimento e o gosto amargo na boca, pois são raros os espécimes masculinos que se submetem a tal condição. Elas não percebem que quanto mais tolhem o parceiro, mais eles buscam a liberdade em outros braços. Eles não querem uma carcereira, querem uma parceira, uma cúmplice e uma companheira. Homens não são cavalos de charrete para andarem com anteolhos e tampouco as mulheres deveriam ser!
O problema é que ainda temos uma visão romântica do relacionamento entre um homem e uma mulher. A Igreja, por um lado, com os seus “O que Deus uniu, o homem não separe jamais” e “Até que a morte os separe”; a literatura, por outro lado, com o “E foram felizes para sempre”, contribuem, e muito, para a cristalização dos valores. Nada contra a instituição CASAMENTO, o elemento complicador, ao meu ver, é a base sobre a qual ele é fundado. Explico melhor. As partes, quando se casam, exigem unicamente uma coisa: fidelidade. Só que esquecemos que esta “qualidade” não é natural do ser humano, é algo adquirido. Vejamos, o homem (raça), tal como os demais animais, obedece a um instinto primitivo de procriação; o homem (gênero) deve transmitir seus genes ao maior número possível de mulheres para garantir a multiplicidade e a sobrevivência da espécie. Cabe à mulher selecionar aquele que julgar mais forte e saudável para fecundar o seu óvulo, uma vez que seu processo de gestação é lento e doloroso, daí a necessidade de eleger um parceiro por vez. Porém, isso não quer dizer que este deva ser o único! Se fosse desta maneira, poderíamos ficar como na Arca de Noé e pronto: um par de cada espécie para todo o sempre. Amém!
Algumas leitoras argumentarão que, muitas vezes, os homens são os que mais exigem a fidelidade. Concordo. No entanto, o motivo que os leva a tal exigência é bem diferente do das mulheres. Nós (e me incluo apenas como gênero) depositamos a nossa felicidade no outro e com isso criamos uma dependência emocional, portanto se o nosso amado vai atrás de um outro “rabo-de-saia”, nos sentimos frustradas e fracassadas. Os homens, por sua vez, depositam na fidelidade a sua virilidade, ou seja, se suas mulheres vão para a cama com um outro, para eles é como se não fossem capaz de satisfazê-las, como se fossem meio impotentes e menos machos. A questão então é simples: nós queremos a fidelidade para nos sentirmos únicas, especiais e felizes; eles também querem a fidelidade para se sentirem potentes e viris. Pura insegurança de ambas as partes, porque todos somos especiais, únicos, sexualmente potentes e podemos ser felizes por nossos próprios méritos. Claro que com o outro é muito melhor, mas não precisamos jogar mais este peso nos ombros alheios.
O que quero demonstrar é que exigimos algo que é antinatural e, se é assim, por que impomos uma escolha única e perpétua? Será que não estamos elegendo a opção errada? Será que não seria melhor “exigirmos” do parceiro (a) lealdade em lugar de fidelidade? Não é mais desejável que a pessoa que está ao nosso lado sinta-se confortável para falar abertamente dos seus sentimentos e sensações do que forçá-la a reprimir seus instintos para satisfazer a uma vaidade? Vaidade sim, pois os fiéis são altamente narcisistas e egoístas; obrigam o parceiro a ser um reflexo de si próprios, uma vez que se acham perfeitos e não se importam se o outro está feliz com essa “opção”. Pensam que se eles podem refrear seus desejos, por que o outro não pode? “Se eu sou fiel, você também tem que ser!”. Os fiéis creem que possuem todas as qualidades do mundo e são capazes de satisfazer plenamente o parceiro e por isso acham um total desrespeito quando o companheiro olha para uma outra pessoa.
Atenção! NINGUÉM é perfeito. Ao longo da vida você pode se encantar por um sem fim de pessoas. Você pode, em uma determinada fase da sua existência, se apaixonar por alguém lindíssimo, carinhoso e generoso, mas as coisas mudam e, de repente, você dobra a esquina e conhece uma outra pessoa com características distintas que te completam melhor neste outro momento da sua vida. E agora? Você continua com o seu parceiro, mesmo sentindo-se infeliz, só porque jurou fidelidade? Ou você preferiria poder sentar com seu companheiro e dizer a ele que está se sentindo fortemente atraído por outra pessoa e tentar encontrar uma solução juntos? Logo, penso que deveríamos modificar o juramento que fazemos diante do sacerdote ou Juiz-de-Paz. Em lugar do: “Juro ser fiel, amar-te e respeitar-te na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza...”, deveríamos dizer: “Juro ser leal e verdadeiro, respeitar-te e amar-te. Ser teu(tua) companheiro(a) em todos os momentos de nossa vida, sejam eles bons ou maus até que a vida nos separe”. E de quebra ainda podíamos mudar os contos-de-fada e finalizá-los parafraseando os mais perfeitos versos do poeta Vinícius de Moraes: “E foram felizes enquanto ardeu a chama do seu amor”.
Antes que os fidelíssimos me crucifiquem, vou logo dizendo que não sou nenhuma especialista em relacionamentos, na verdade meus fracassos são mais numerosos que os meus sucessos (pois só agora estou revendo meus conceitos e soltando as amarras), mas eu aproveito o tempo em que estou sozinha para tentar compreender o mecanismo das relações. E cada erro que cometo é uma nova reflexão. Por isso, aviso que não estou me metendo a dar conselhos a quem quer que seja, estou apenas expondo minha opinião, tentando demonstrar uma nova perspectiva, um novo olhar sobre um velho tema. Quem quiser me seguir, que o faça; quem for fiel convicto, encontrou a sua metade da laranja e ambos são felizes assim, parabéns! Só peço a estes últimos que, por favor, ao iniciarem um relacionamento, perguntem ao ser amado onde ele se enquadra, pois a fidelidade pode ser um jugo pesado demais. Vou continuar preferindo a lealdade à fidelidade, não quero que a pessoa que esteja comigo seja obrigada a mentir para mim porque não consegue subjugar sua natureza. O bom da vida é ser feliz.