terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Segundas de Literatura VIII
Esse não tem como negar que é fera. A sua literatura é densa, de frases longas e precisas. É caudalosa, como Rio Amazonense.
Milton Hatoum.
Ele é desses escritores que quando surgem, criam um divisor de águas de tão forte é sua literatura. Está no mesmo patamar de Guimarães Rosa, Clarice, Carlos Drummond e vários outros.
Trouxe uma entrevista sobre seu livro mais forte.
Aproveitem o quanto puderem!
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Natal
Juro que tenho pouco a escrever sobre essa data. Há muito que não sinto mais aquela emoção em especial sobre esse período. Ano passado mesmo eu coloquei apenas uma imagem que traduzia minha total descrença sobre o período. Que ele é mais do que a religião imprime isso nós já sabemos. Só que aos poucos aprendemos que viver como pai é aprender a se despoluir. Minha filha anda vidrada com o danado do Bom Velhinho.
Primeiro, foi difícil convencê-la a tirar a famosa foto. Ela ficou com medo, fez descaso, muito chorou, correu o descorreu o shopping da maneira que quisesse. Andamos com ela, veio ao meu colo, pediu para que eu a protegesse e fui aos poucos conversando para que ela tirasse a bendita da foto. Ano passado, quando ela tinha apenas um ano, a foto foi simples. Esse ano, consciente de muito sobre o mundo, ela evitou ir vê-lo, chamou-o de feio. Minha esposa, como uma mãe zelosa que é, insistiu para que nossa filha fosse ao cara. Depois de não mais do que uma hora é que conseguimos a tal – mesmo assim, com ela ao lado, e não no colo. Mas um fato foi importante, ela foi pela insistência da mãe, eu estava mais preocupado em sair daquele shopping para lá de entupigaitado (me perdoe Drummond, mas não havia outro).
Quando depois, comigo, minha filha perguntou se eu a tinha visto com o Papai Noel, tirando foto com ele. Óbvio que disse que sim, mas aí é que o mundo se faz de epifania, ela me perguntou se estava bonita, pois queria ficar bonita só para o papai e a mamãe. Não sei se foi apenas fruto de sua inteligência ou se ela viu que eu estava aporrinhado por estar lá, mas ela captou tanto o que eu e a mãe queríamos, que tirou a foto, só por nós dois. Havia em nós, num primeiro momento, a certeza de que ela tinha se identificado com ele, viu nele uma boa pessoa, podia confiar. Porém, aquela pergunta traduzia - talvez – o que minha feição transparecia e, como pai, eu não posso mostrar essas minhas perturbações às crianças. Ali eu estava destruindo a inocência.
Depois de uma angústia e um bom aperto naquele corpinho que também me abraçava, entendi que a graça de ser pai é poder retornar, ser bobo mais uma vez, deixar que os riscos de um julgamento externo aconteçam sem que incomodem. Eu não podia mais ser apenas homem grande de poluição pseudoevolutiva e deveria ser aquele amigo de barba e bigode, que também se chama de pai, mas que deve estar no mundo para se divertir em excesso.
Já pintamos as unhas juntos, penteei as Barbies, deixo-a pentear os meus cabelos, escolher se devo ficar de barba ou não. Ela é quem me veste, diz se a blusa está legal, se posso sair com aquela calça. Numa formatura, entramos dançando, e como ela pulava. Estava linda. Foi o centro das atenções. Discutimos Peixonauta, Willa e os animais e Cocoricó. Temos até um cedê no carro para que possamos todos cantar.
Hoje, tudo que tem Noel ela grita e eu olho com o máximo de satisfação. Saio com ela atrás do cara como se buscasse doce em festa de Cosme e Damião. Um amigo lá em casa ligou para o Noel – ligou mesmo, era a esposa na verdade, mas funcionou – eu fiz cara de feliz e assustado, passei a revê-lo com bons olhos. Não podia deixar que o mundinho dela, que por pouco tempo será belo – eu aos oito descobri Noel – se desfaça só por causa da minha descrença. Agora mesmo ela está aqui ao meu lado, pedindo para eu pinte umas gravuras do seu livro com ela. Fui categórico, Você me ensina?, ela foi lá pegar uma caneta para mim, pois só havia uma. Tenho que ir, pois preciso aprender a pintar gravuras. Espero que uma dia todos vocês tenham essa chance. Feliz Natal.
Primeiro, foi difícil convencê-la a tirar a famosa foto. Ela ficou com medo, fez descaso, muito chorou, correu o descorreu o shopping da maneira que quisesse. Andamos com ela, veio ao meu colo, pediu para que eu a protegesse e fui aos poucos conversando para que ela tirasse a bendita da foto. Ano passado, quando ela tinha apenas um ano, a foto foi simples. Esse ano, consciente de muito sobre o mundo, ela evitou ir vê-lo, chamou-o de feio. Minha esposa, como uma mãe zelosa que é, insistiu para que nossa filha fosse ao cara. Depois de não mais do que uma hora é que conseguimos a tal – mesmo assim, com ela ao lado, e não no colo. Mas um fato foi importante, ela foi pela insistência da mãe, eu estava mais preocupado em sair daquele shopping para lá de entupigaitado (me perdoe Drummond, mas não havia outro).
Quando depois, comigo, minha filha perguntou se eu a tinha visto com o Papai Noel, tirando foto com ele. Óbvio que disse que sim, mas aí é que o mundo se faz de epifania, ela me perguntou se estava bonita, pois queria ficar bonita só para o papai e a mamãe. Não sei se foi apenas fruto de sua inteligência ou se ela viu que eu estava aporrinhado por estar lá, mas ela captou tanto o que eu e a mãe queríamos, que tirou a foto, só por nós dois. Havia em nós, num primeiro momento, a certeza de que ela tinha se identificado com ele, viu nele uma boa pessoa, podia confiar. Porém, aquela pergunta traduzia - talvez – o que minha feição transparecia e, como pai, eu não posso mostrar essas minhas perturbações às crianças. Ali eu estava destruindo a inocência.
Depois de uma angústia e um bom aperto naquele corpinho que também me abraçava, entendi que a graça de ser pai é poder retornar, ser bobo mais uma vez, deixar que os riscos de um julgamento externo aconteçam sem que incomodem. Eu não podia mais ser apenas homem grande de poluição pseudoevolutiva e deveria ser aquele amigo de barba e bigode, que também se chama de pai, mas que deve estar no mundo para se divertir em excesso.
Já pintamos as unhas juntos, penteei as Barbies, deixo-a pentear os meus cabelos, escolher se devo ficar de barba ou não. Ela é quem me veste, diz se a blusa está legal, se posso sair com aquela calça. Numa formatura, entramos dançando, e como ela pulava. Estava linda. Foi o centro das atenções. Discutimos Peixonauta, Willa e os animais e Cocoricó. Temos até um cedê no carro para que possamos todos cantar.
Hoje, tudo que tem Noel ela grita e eu olho com o máximo de satisfação. Saio com ela atrás do cara como se buscasse doce em festa de Cosme e Damião. Um amigo lá em casa ligou para o Noel – ligou mesmo, era a esposa na verdade, mas funcionou – eu fiz cara de feliz e assustado, passei a revê-lo com bons olhos. Não podia deixar que o mundinho dela, que por pouco tempo será belo – eu aos oito descobri Noel – se desfaça só por causa da minha descrença. Agora mesmo ela está aqui ao meu lado, pedindo para eu pinte umas gravuras do seu livro com ela. Fui categórico, Você me ensina?, ela foi lá pegar uma caneta para mim, pois só havia uma. Tenho que ir, pois preciso aprender a pintar gravuras. Espero que uma dia todos vocês tenham essa chance. Feliz Natal.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
O material de uma crônica
Lembro-me de várias crônicas, daquelas típicas de jornal, que sempre retrataram o problema que todo cronista tem em encontrar o tema para escrever. A crônica tem por si só o respeito ao cronológico, ao momento, ao agora. Mas sempre pensei na crônica como aquilo que se faz do crônico, do extremo, daquilo que mais incomoda ao cronista e o faz produzir o texto. A crônica é resultado de quem muito vive.
E hoje, tentar encontrar o crônico não é tão difícil. O mundo, por se dotar de extremos que nos incomodam muito, fornece um material para lá de simples e fácil de ser trabalhado. Mas aí se chega a um outro problema, só escrever sobre isso passa a deixar o texto poluído, chato, pedante. O crônico social é um material para lá de rico, mas só mostrar nossas mazelas deixa a vida ruim, é muita verdade para ser digerida. É aí que entra o outro lado do cronista, mostrar as belezas mais sutis do mundo, o delicado, o límpido, o puro, em algo que se denota de lirismo e força. Tudo bem, isso pode ser visto como escapismo, indiferença ou alienação, mas cada um precisa sempre de uma dose de verdade e uma dose de alívio. O cronista é um escrivinhador de panaceias, de barbitúricos que fornecem algum alívio para suportar o dia. O cronista se coloca como um agente do bem-estar coletivo. O cronista é uma garrafa de uísque.
Ele – ou ela - também serve para dar opinião, para dar conselho, para mostrar o nada, para ser um representante do caos, ou qualquer outro papel que se defina como um agente catalisador do mundo. O cronista, não só como pessoa é visto primeiro como exemplo, depois como copo, e, por conseguinte, como a melhor das doses. O cronista serve o sabor. A crônica é o gole.
Por isso, não sei se o problema dos cronistas mesmo é encontrar todo o material que deve ser trabalhado em um texto. O que vale mesmo é escrever o texto por ele próprio, sem aquela preocupação com o agente motivador da crônica. Uma vez escrevi sobre minha filha, outra vez, escrevi sobre o casamento, em outras escrevi sobre o próprio ato de escrever, como nesse texto aqui. A crônica é a linha que cada um deve ter na mão como resultado de ter segurado uma caneta, sabe aquela manchinha azul nos dedos? Isso já é crônica. Por sorte, algumas se perdem do aspecto cronológico e se tornam atemporais. Essa é a melhor coroação que se dá a uma crônica. Que o digam as de Drummond, do Scliar, do João Ubaldo Ribeiro e de alguns outros, que ecoam no imaginário humano e nos fazem congruir felicidade até hoje. Todo cronista hoje é cronista por causa desses caros. Caros mesmo.
E hoje, tentar encontrar o crônico não é tão difícil. O mundo, por se dotar de extremos que nos incomodam muito, fornece um material para lá de simples e fácil de ser trabalhado. Mas aí se chega a um outro problema, só escrever sobre isso passa a deixar o texto poluído, chato, pedante. O crônico social é um material para lá de rico, mas só mostrar nossas mazelas deixa a vida ruim, é muita verdade para ser digerida. É aí que entra o outro lado do cronista, mostrar as belezas mais sutis do mundo, o delicado, o límpido, o puro, em algo que se denota de lirismo e força. Tudo bem, isso pode ser visto como escapismo, indiferença ou alienação, mas cada um precisa sempre de uma dose de verdade e uma dose de alívio. O cronista é um escrivinhador de panaceias, de barbitúricos que fornecem algum alívio para suportar o dia. O cronista se coloca como um agente do bem-estar coletivo. O cronista é uma garrafa de uísque.
Ele – ou ela - também serve para dar opinião, para dar conselho, para mostrar o nada, para ser um representante do caos, ou qualquer outro papel que se defina como um agente catalisador do mundo. O cronista, não só como pessoa é visto primeiro como exemplo, depois como copo, e, por conseguinte, como a melhor das doses. O cronista serve o sabor. A crônica é o gole.
Por isso, não sei se o problema dos cronistas mesmo é encontrar todo o material que deve ser trabalhado em um texto. O que vale mesmo é escrever o texto por ele próprio, sem aquela preocupação com o agente motivador da crônica. Uma vez escrevi sobre minha filha, outra vez, escrevi sobre o casamento, em outras escrevi sobre o próprio ato de escrever, como nesse texto aqui. A crônica é a linha que cada um deve ter na mão como resultado de ter segurado uma caneta, sabe aquela manchinha azul nos dedos? Isso já é crônica. Por sorte, algumas se perdem do aspecto cronológico e se tornam atemporais. Essa é a melhor coroação que se dá a uma crônica. Que o digam as de Drummond, do Scliar, do João Ubaldo Ribeiro e de alguns outros, que ecoam no imaginário humano e nos fazem congruir felicidade até hoje. Todo cronista hoje é cronista por causa desses caros. Caros mesmo.
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Sexta às nove (29)
Sua dose semanal de remédio musical.
[vídeo]
Um dia um amigo meu me indicou uma banda chamada Validuaté. E como se já não estivesse bastante exótico, acrescentou ser uma canção intitulada Super bonder a sua preferida.
Como nos manda a sã consciência: ignorei!
A tolice é mesmo parte de nós.
Começando com uma proclamação confusa, extenuante, lógica, conclusiva, engraçada e com uma pitada de Mamonas Assassinas e Chico Science:
"Tudo que era sólido desmanchou-se no ar, Marx ninguém poderia antever o antídoto para a pós-modernidade"
A banda vai cantarolando sua literal e infantil sugestão para acabar de vez com a desunião mundial, afetiva e ideológica, característica pungente da nossa pós-modernidade: super bonder!
é, super bonder.
Passar super bonder em tudo e em todos.
Mas minha parte favorita é a junção de palavras desconhecidas e foneticamente engraçadas do coro:
"Fractal metamórfico, barbitúrico colossal. Pórtico, liso, erudito, transformusculacional."
Aproveite.
[vídeo]
Um dia um amigo meu me indicou uma banda chamada Validuaté. E como se já não estivesse bastante exótico, acrescentou ser uma canção intitulada Super bonder a sua preferida.
Como nos manda a sã consciência: ignorei!
A tolice é mesmo parte de nós.
Começando com uma proclamação confusa, extenuante, lógica, conclusiva, engraçada e com uma pitada de Mamonas Assassinas e Chico Science:
"Tudo que era sólido desmanchou-se no ar, Marx ninguém poderia antever o antídoto para a pós-modernidade"
A banda vai cantarolando sua literal e infantil sugestão para acabar de vez com a desunião mundial, afetiva e ideológica, característica pungente da nossa pós-modernidade: super bonder!
é, super bonder.
Passar super bonder em tudo e em todos.
Mas minha parte favorita é a junção de palavras desconhecidas e foneticamente engraçadas do coro:
"Fractal metamórfico, barbitúrico colossal. Pórtico, liso, erudito, transformusculacional."
Aproveite.
Segundas de Literatura VII
Esse eu descobri fazendo pesquisa para cá.
A entrevista é para lá de gostosa e o histórico do autor inspira confiança. Ele é um dos casos raros em que um autor de quadrinhos consegue um campo na literatura.
Lourenço Mutarelli
O Wikipedia explica direitinho.
Gostei muito do que encontrei. Muito mesmo. E num vídeo raro, de apenas 15 exibições.
Vale a pena conferir.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Novos Integrantes.
A vantagem de um título direto é a sinceridade que ele transparece. Há um certo tempo eu convidei duas novas integrantes para compor o crew dos Pictorescos. A escolha foi até bem simples: qualidade. Não fiz seleção, nem teste, nem nada disso que pudesse qualificar essas duas novas integrantes ao grupo. Mas uma coisa eu tinha em mente, precisava chamar meninas para o grupo, ultimamente nossas considerações aqui estavam muito masculinas.
Também não fui seletivo quanto ao tipo de pessoa que para aqui viria. Desde o início, o grupo sempre foi aberto a receber qualquer colaborador que venha a somar perspectiva, ideia, análise e principalmente tivesse perspicácia para poder somar. Essas duas novas autoras eram até fãs do grupo, mas declaradamente, abertamente, eu era apaixonado por elas, como pessoas, como escritoras. Chamei duas alunas: as irmãs Zdanowsky, Paula e Bárbara.
Primeiro: eu precisava melhorar – e muito – a beleza física desse grupo. Danilo – um dos colunistas que nunca escreveu – é feio de dar dó. Cerestino, também aluno meu, coitado, percebeu desde cedo que para conseguir um amor precisaria da lábia da poesia. Ainda bem que escreve bem. Eu, por sua vez, sempre fui um Godzilla com cavanhaque, os irmãos André e Marcus Vinícius também são exóticos. O grupo, antes, é fisicamente feio. Agora, a coisa toma outro rumo. E além de serem lindas, são fantásticas, inteligentíssimas, e escrevem bisonhamente lindo. Cada texto se mostra ímpar, tanto quanto aqueles que corrigi como professor, quanto aqueles outros que li de produção própria. São de chorar multidão, de uma sutileza e catarse para lá de assombrosos. Algo que até os nossos escritores aqui têm, mas que possui aquela visão masculina, densa, pugilística. Elas são flores em ventania forte.
Bárbara é a observadora, eloquente e firme. Precisa. Paulinha é a vivente, catalisadora. Também precisa. Nasceram com a mão afiada e com o lápis pronto. E o pior, as duas têm um sorriso para lá de contagiante, de dentes muito brancos, bem contrário a esses amarelos meninos de sorriso de Coca-cola. Elas são caviar de qualidade em festa de rico. Nós somos pastinha de soja em festa de emergente. Antes de mais nada, eu não estou desmerecendo os autores que temos, eles são fina flor, mas elas são a flor fina num jardim só verde.
Bem vindas, Paula e Bárbara, ou como ficarão conhecidas, as Irmãs Zdanowsky! E coloquem todos aquelas prosas e poesias que já me fizeram chorar sozinho no banheiro do Pré-universitário de Araruama. Nunca tinha confessado isso, pois às vezes eu preciso manter a máscara de rude, mas é só máscara mesmo.
(N.A.: Tenho que confessar algo, eu nunca consegui conversar plenamente com elas. Eu travo. Com as duas. Eu as acho divinamente fenomenal, e minha timidez acaba falando muito mais alto. Um dia talvez todos me entendam.)
Também não fui seletivo quanto ao tipo de pessoa que para aqui viria. Desde o início, o grupo sempre foi aberto a receber qualquer colaborador que venha a somar perspectiva, ideia, análise e principalmente tivesse perspicácia para poder somar. Essas duas novas autoras eram até fãs do grupo, mas declaradamente, abertamente, eu era apaixonado por elas, como pessoas, como escritoras. Chamei duas alunas: as irmãs Zdanowsky, Paula e Bárbara.
Primeiro: eu precisava melhorar – e muito – a beleza física desse grupo. Danilo – um dos colunistas que nunca escreveu – é feio de dar dó. Cerestino, também aluno meu, coitado, percebeu desde cedo que para conseguir um amor precisaria da lábia da poesia. Ainda bem que escreve bem. Eu, por sua vez, sempre fui um Godzilla com cavanhaque, os irmãos André e Marcus Vinícius também são exóticos. O grupo, antes, é fisicamente feio. Agora, a coisa toma outro rumo. E além de serem lindas, são fantásticas, inteligentíssimas, e escrevem bisonhamente lindo. Cada texto se mostra ímpar, tanto quanto aqueles que corrigi como professor, quanto aqueles outros que li de produção própria. São de chorar multidão, de uma sutileza e catarse para lá de assombrosos. Algo que até os nossos escritores aqui têm, mas que possui aquela visão masculina, densa, pugilística. Elas são flores em ventania forte.
Bárbara é a observadora, eloquente e firme. Precisa. Paulinha é a vivente, catalisadora. Também precisa. Nasceram com a mão afiada e com o lápis pronto. E o pior, as duas têm um sorriso para lá de contagiante, de dentes muito brancos, bem contrário a esses amarelos meninos de sorriso de Coca-cola. Elas são caviar de qualidade em festa de rico. Nós somos pastinha de soja em festa de emergente. Antes de mais nada, eu não estou desmerecendo os autores que temos, eles são fina flor, mas elas são a flor fina num jardim só verde.
Bem vindas, Paula e Bárbara, ou como ficarão conhecidas, as Irmãs Zdanowsky! E coloquem todos aquelas prosas e poesias que já me fizeram chorar sozinho no banheiro do Pré-universitário de Araruama. Nunca tinha confessado isso, pois às vezes eu preciso manter a máscara de rude, mas é só máscara mesmo.
(N.A.: Tenho que confessar algo, eu nunca consegui conversar plenamente com elas. Eu travo. Com as duas. Eu as acho divinamente fenomenal, e minha timidez acaba falando muito mais alto. Um dia talvez todos me entendam.)
sábado, 19 de dezembro de 2009
Aconchego e Mar
Sinto
Você por perto
De peito aberto
Me aconchegar
Prevejo
O teu desejo
De ter meu beijo
Com cheiro e cor de mar
E quero
De um modo certo
Te ser eterno
Enquanto eu durar
Mesmo
Assim singelo
Que o nosso elo
Possa concretizar
O mais
Sincero e puro azul
De um vento forte e sul
Que chega a divagar
Disfarçando essa minha solidão
Me dando aconchego e mar...
Soprando aconchego e mar...
Nos teus seios... aconchego e mar...
Você por perto
De peito aberto
Me aconchegar
Prevejo
O teu desejo
De ter meu beijo
Com cheiro e cor de mar
E quero
De um modo certo
Te ser eterno
Enquanto eu durar
Mesmo
Assim singelo
Que o nosso elo
Possa concretizar
O mais
Sincero e puro azul
De um vento forte e sul
Que chega a divagar
Disfarçando essa minha solidão
Me dando aconchego e mar...
Soprando aconchego e mar...
Nos teus seios... aconchego e mar...
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Sexta às nove (28)
Sua dose semanal de remédio musical.
Realmente. Por isso deixo-vos com a música "Do the evolution"
Confesso, vergonhosamente, que não conheço muito do Pearl Jam, mas essa música deles me chamou atenção para algo que venho tido contato aqui na faculdade, nas aulas de filosofia e em algumas leituras a parte: a grande decepção do homem com o homem.
Resumindo: até o século XIX o homem moderno acreditava piamente, e isso pode ser constatado explicitamente na filosofia positivista, que o progresso e o desenvolvimento máximo do homem resultaria no progresso e no desenvolvimento máximo da humanidade, do mundo. A razão pura, o pleno conhecimento, o desenvolvimento intelectual e em todos os outros sentidos faria do mundo um lugar melhor.
Duas Guerras Mundiais e a Guerra Fria provaram violentamente o oposto.
E do the evolution, para minha surpresa, satiriza um pouco a evolução* em que tanto cremos.
Repetidas vezes Eddie Vedder grita feroz e metalicamente: it's evolution baby!
E a ironia se faz pelo que ele atribui a evolução, em trechos como:
"eu sou o primeiro mamífero a usar calças
eu estou em paz com a minha luxúria
eu posso matar pois em Deus eu confio"
Uma das poucas vezes em que o clip caiu tão bem pra uma música.
Aproveite.
*Sim, pois se algo evoluiu, se presupõe que esse algo melhorou. Particularmente creio que nós passamos por uma "involução". Creio mesmo que estamos perdendo a capacidade lógica e que estamos cada vez piores, lutando para manter a sanidade. Em matéria de inteligência, me assombra muito mais erger uma pirâmide no meio de um deserto sem dispor de computadores, guindastes e tratores do que inventar mais um chip com um tanto a mais de memória e que vai fazer a internet um tanto mais rápida.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Segundas de Literatura VI
Lucidez é uma coisa para poucos.
E esse é um dos poucos que possuem uma clareza límpida e tranquila. Tal qual sua voz traduz.
"Literatura é isso. Literatura é sua expressão verbal tornada em utilidade pública"
Affonso Romano de Sant'anna
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Sexta às nove (27)
Sua dose semanal de remédio musical.
Estou cometendo um crime.
Estou postando a mesma música que postei a 3 semanas atrás. E propositadamente. Sou indesculpável.
Mas me entendam.
Sivuca é conhecido por sempre se esforçar em colocar o acordeon entre os instrumentos sinfonicos.
Quando, num passado distante, foram escolhidos os instrumentos que fariam parte de uma orquestra, os instrumentos foram selecionados de acordo com o seguinte critério: altura. Os instrumentos com maior potência sonora entraríam, os de menos, estariam fora. Por isso entre os instrumentos de cordas dedilhadas (violão, alaude, etc) e os de cordas arqueadas (violino, violoncelo e companhia) ficaram os segundos mesmo o violão tendo participações. Entre a flauta doce e a transversa, ficou a transversa. A sanfona deveria ter entrado!
E pra corrigir esse erro, nasceu Sivuca.
O título do DVD do qual esse vídeo foi retirado fala por mim: Sivuca - O Poeta do Som.
Aproveite.
Estou cometendo um crime.
Estou postando a mesma música que postei a 3 semanas atrás. E propositadamente. Sou indesculpável.
Mas me entendam.
Sivuca é conhecido por sempre se esforçar em colocar o acordeon entre os instrumentos sinfonicos.
Quando, num passado distante, foram escolhidos os instrumentos que fariam parte de uma orquestra, os instrumentos foram selecionados de acordo com o seguinte critério: altura. Os instrumentos com maior potência sonora entraríam, os de menos, estariam fora. Por isso entre os instrumentos de cordas dedilhadas (violão, alaude, etc) e os de cordas arqueadas (violino, violoncelo e companhia) ficaram os segundos mesmo o violão tendo participações. Entre a flauta doce e a transversa, ficou a transversa. A sanfona deveria ter entrado!
E pra corrigir esse erro, nasceu Sivuca.
O título do DVD do qual esse vídeo foi retirado fala por mim: Sivuca - O Poeta do Som.
Aproveite.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Segundas de Literatura V
Cristóvão Tezza,
Neste leve trabalho de pesquisa que faço, burilando imagens videográficas, eis que me encontro com esse vídeo. Ele é mais um laureado com o Prêmio São Paulo de Literatura. E essa entrevista para lá de espirituosa dá uma boa apresentação dinâmica do que ele coloca em papel.
Este é mais um que merece ser lido em sua plenitude.
Ainda não o li, vou confessar, mas encontrei boníssimas críticas ao Filho Eterno, esse que o trouxe para frente das câmeras. Merecidamente.
Aproveitem
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Sexta às nove (26)
Sua dose semanal de remédio musical.
Luís Gonzaga. O rei do Baião.
Uma vez li que Luís Gonzaga disse que gostaria de ser lembrado como o sanfoneiro que cantou para o povo. Os causos do povão.
Esse vídeo, já vou avisando, só tem musica nos últimos minutos. Se você quizer só ouvir a música, pode adiantar, mas ouça meu breve apelo.
Desaprendemos a ouvir histórias. E como perdemos juntamente com esse costume. Nossas histórias hoje são fragmentadas, ágeis e cedem tempo para comerciais da polishop! Seguem o modelo televisivo. Informações rápidas, passadas fragmentadamente e superficialmente. Daí o estranhamento, a leve inclinação que sentimos de não ler certo livro por ser tão grande. Damos tanta importância e relevância aos "avanços" tecnológicos, erroneamente associamos isso a um avanço do homem.
Contar histórias é comunicar.
E como uma música fica mais gostosa depois de saber que causo a causou!
Aproveite.
Luís Gonzaga. O rei do Baião.
Uma vez li que Luís Gonzaga disse que gostaria de ser lembrado como o sanfoneiro que cantou para o povo. Os causos do povão.
Esse vídeo, já vou avisando, só tem musica nos últimos minutos. Se você quizer só ouvir a música, pode adiantar, mas ouça meu breve apelo.
Desaprendemos a ouvir histórias. E como perdemos juntamente com esse costume. Nossas histórias hoje são fragmentadas, ágeis e cedem tempo para comerciais da polishop! Seguem o modelo televisivo. Informações rápidas, passadas fragmentadamente e superficialmente. Daí o estranhamento, a leve inclinação que sentimos de não ler certo livro por ser tão grande. Damos tanta importância e relevância aos "avanços" tecnológicos, erroneamente associamos isso a um avanço do homem.
Contar histórias é comunicar.
E como uma música fica mais gostosa depois de saber que causo a causou!
Aproveite.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Segundas de Literatura IV
Bem,
desta vez não é bem uma entrevista não, mas um vídeo de uma escritora de mão cheia.
Colunista do Trema Literatura, ela mostra ter uma disposição para pensar arte como nenhuma outra. É um daqueles fenômenos que conhecemos ao longo da vida, como Tati Carlotti, Eloise Porto, Amanda K.
Só vendo para conferir. É uma loucura só.
Só um outro escritor me deixou tão perplexo assim: Paulo Castro. Pugilistas literários.
Aproveitem,
Beatriz Bajo.
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